Recordar é Viver: Em 2016, a Estônia, membro da OTAN, baniu os negros das suas tropas

Se por um lado os EUA e todo o imperialismo ocidental gostam de falar de racismo alheio, seu histórico com racistas em suas fileiras dá um péssimo exemplo.

Durante uma marcha para celebrar a sua independência em 24 de Fevereiro de 2016, os racistas estonianos acabaram por gritar insultos aos negros que se encontravam no local, e foram mesmo proibidos de integrar as tropas da OTAN na Estônia quando o país pediu mais soldados.

Alguns casos de racismo foram relatados por Mikhail Klikushin no The Observer (referência final), que se seguem:

– Desde que a OTAN estacionou as suas tropas no Báltico, tem havido uma espécie de dificuldade nas relações inter-étnicas das tropas com a população majoritariamente branca do país. E isto foi noticiado algumas vezes nos meios locais de comunicação social do país.

– Dois soldados belgas foram atacados por um grupo de jovens na cidade estoniana de Siauliai, em frente ao hotel onde as tropas estavam alojadas. Os homens eram técnicos de aviação militar e operavam alguns jatos F-16 para proteger o espaço aéreo lituano. Os dois foram levados para o hospital e tratados mais tarde.

– Em 2005, em Vilnius, capital da Lituânia, dois soldados negros americanos da OTAN foram atacados em frente a um cassino e acabaram por ficar com grandes hematomas na cara. Mais tarde, a diplomacia americana tentaria forçar a barra ao dizer que não se tratou de um “ataque racista” (muito provavelmente porque os Bálticos são pró-Washington, pelo que é natural encobrir o erro dos amigos).

– Na cidade letã de Ventspils, onde a OTAN estava a realizar um exercício militar no ano de 2014, um soldado holandês de 21 anos foi brutalmente espancado, com edema cerebral e traumatismo craniano.

O artigo de referência cita mesmo um caso curioso em que soldados da OTAN, durante um evento de 2009 no Jardim de Vermanes, o mais antigo de Riga, acabaram por ser espezinhados e destruídos, com soldados a deixar pilhas de lixo no local e muito mais.

O presidente da câmara da cidade de Ventspils falou do comportamento dos soldados da OTAN, dizendo que ignoraram as leis letãs e urinaram em locais públicos depois de beberem. E muitas outras coisas más.

Obviamente, o citado argumento de mau comportamento dos soldados não justifica os ataques racistas contra ninguém, porque afinal de contas: lembre-se, foi durante a era Obama, um homem negro, que os bálticos ganharam o maior número de tropas da OTAN no seu território.

Obama disse uma vez: “Com a OTAN, nunca mais perderá a sua independência” durante uma reunião com o presidente da Estônia, em 2014.

Embora tenhamos relatado aqui alguns casos possivelmente isolados de ataques racistas contra soldados da OTAN, é interessante notar como o oposto ocorre na Rússia, com os chechenos, por exemplo, que fazem parte de uma separação étnica da Rússia, tendo mesmo tentado separar-se da Federação no final dos anos 90, sendo amplamente reconhecidos e adorados pelos russos que vivem no Donbass.

Há vários vídeos de mulheres e crianças idosas a celebrar a chegada das tropas de Kadyrov, aliado direco de Putin no campo de batalha.

Fica ainda mais interessante quando notamos que o Império do Norte, ao afirmar ser totalmente inclusivo e progressista, passa por cima do Batalhão Azov, por exemplo, que é literalmente um destacamento militar ucraniano nazi que foi incorporado oficialmente no Exército do país após o Maidan.

Podemos notar um dualismo do Império do Norte para tentar enganar a sua população com proselitismo político vendendo suas narrativas carentes de razão.

Devemos obviamente combater o racismo e nenhum caso contra qualquer soldado da OTAN deve ser tolerado como os casos na Estônia, mas também devemos estar atentos quando o Império usa a dialética para, por um lado, se colocar como vítima de um ataque de preconceito, mas ainda assim apoiar algo como o Batalhão Azov ou os vários outros grupos políticos e militares nazis dentro da Ucrânia.

Esta é também uma guerra de propaganda e os analistas geopolíticos independentes representam a spetsnaz informativa. Urra!

Referência

https://observer.com/2016/02/estonia-wants-more-nato-troops-but-only-if-they-arent-black/amp/

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Guilherme Wilbert

Bacharel em Direito, interessado em geopolítica e direito internacional.

Artigos: 596

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