Liberalismo sob o olhar do Apocalipse: Marden Samuel traça paralelos entre a ideologia liberal e o Anti-Cristo. Nesta análise, Marden Samuel discute como o liberalismo ecoa as advertências bíblicas sobre o Anti-Cristo, destacando conexões com a ganância capitalista, o declínio da influência religiosa, e a promoção da decadência moral.
Possivelmente uma das relações mais explícitas com o Anti-Cristo vem do Liberalismo, mas poucos conservadores percebem isso. Vamos analisar os principais pontos bíblicos que provam essa relação.
O Anti-Cristo e a ganância
Sabemos que a ideologia econômica do Liberalismo é o sistema que acabou por receber o nome de capitalismo. O capitalismo é baseado principalmente no lucro, na acumulação de capital, no luxo, tudo isso para uma elite minoritária, os reis desse mundo. Vejamos qual a descrição da política econômica do Anti-Cristo:
2. Então, ele bradou com poderosa voz: “Caiu! Caiu a grande Babilônia, e tornou-se habitação de demônios e antro de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de toda ave impura e detestável,
3. porquanto, todas as nações beberam do vinho da cólera da sua prostituição. Os monarcas da terra se prostituíram com ela e os negociadores da terra se enriqueceram à custa do seu luxo extravagante!”
(Apocalipse, 18)
Repare que o Anti-Cristo é relacionado a ganância, ou seja, ao capitalismo. Nesse texto de Apocalipse 18 se fala de dois elementos essenciais do capitalismo. Primeiro se fala dos “monarcas da Terra”, basicamente a elite governamental que está na mão das grandes empresas e bilionários, o Estado sendo usado para os interesses do Grande Capital; o segundo ponto é sobre os “negociadores da Terra”, que são a própria burguesia, a elite financeira que se enriquece mediante o sistema capitalista ou “à custa do seu luxo extravagante”, como diz o texto.
O Anti-Cristo e o anticlericalismo
Outro traço do Liberalismo é a perseguição às religiões tradicionais e à ideia de moralidade. A ideia liberal de secularismo prevê o sufocamento e quebra da influência religiosa em escala social, transformando a Igreja em mera instituição privada, uma mera crença, mito, folclore, que não influencia em nada seus adeptos. O Secularismo liberal prevê o laicismo não como uma forma de proteger a Igreja da interferência do Estado, mas de impedir a Igreja de interferir de qualquer forma no Estado, a encarando como inimiga. O Liberalismo blasfema da religião, a considerando superstição, ao mesmo tempo que faz de si próprio a Religião do Estado, fazendo do iluminismo a Doutrina inquestionável de sua religião.
Tal coisa é literalmente a visão do Anti-Cristo:
17. Então, irou-se tremendamente o Dragão contra a mulher e partiu para atacar o restante da sua descendência, os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus.
(Apocalipse, 12)
5. À Besta foi concedida uma boca para pronunciar palavras arrogantes e blasfemas, e lhe foi transmitida autoridade para realizar suas obras por quarenta e dois meses.
6. Então, abriu a boca em blasfêmias contra Deus e para amaldiçoar o seu Nome, seu Tabernáculo e os que habitam nos céus.
7. Foi-lhe concedido também poder para guerrear contra os santos e vencê-los. E recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação.
8. Todos os habitantes da terra adorarão a Besta, ou seja, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro, que foi imolado desde a criação do Universo.
(Apocalipse, 13)
O Anti-Cristo cria a religião dos Titãs, da matéria, do ego. Pois, assim como Lúcifer se tornou Satanás ao perder sua Transcendência ao cair na matéria, a religião que ele cria representa essa mesma lógica. É a inversão da Divindade Transcendental, transformando Deus no ídolo do materialismo, arrancando-O dos Céus e jogando-O na Terra. É a lógica da Torre de Babel: não é mais Deus que vem dos Céus trazer a salvação à matéria, mas sim a matéria que sobe aos céus para prostrar Deus a terra e tomar Seu lugar. É a criatura imperfeita querendo subjugar e dominar o Criador perfeito.
O Anti-Cristo e a cultura do cancelamento
Assim como o Liberalismo transforma todos aqueles que não se curvam perante seus dogmas e ídolos em criminosos, bloqueia contas bancárias e perfis, prende e destrói carreiras inteiras; O Anti-Cristo faz a mesma coisa: ele impede que todos aqueles que não possuem sua marca nas mãos e na testa de comprarem e vender, basicamente remove os direitos civis básicos de todos aqueles que não se curvam perante a si:
16. Ela obrigou a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos a aceitarem certa estampa de marca na mão direita ou na testa,
17. a fim de que ninguém pudesse comprar nem vender, a não ser que apresentasse a tal marca, que é o nome da Besta ou o número do seu nome.
(Apocalipse, 13)
A marca da Besta não é algo literal, é ume metáfora. Uma marca na mão e na testa significa uma pessoa cujas ações (mãos) e pensamentos (testa) estão todos alinhados com o sistema do Anti-Cristo. É isso o que a Bíblia chama de marca da Besta, a escravidão ao Liberalismo.
O Anti-Cristo e o progressismo
O Liberalismo está associado diretamente com o progressismo, que defende que o indivíduo é livre para fazer o que quiser da sua vida. Desobedecer normas religiosas e sociais é visto como símbolo de empoderamento, a decadência é exaltada como liberdade. A busca irrestrita pelo prazer se torna a regra, mesmo que isso contrarie a lógica, a natureza, a razão humana e a Transcendência. Fetiches abomináveis são exaltados como o “novo normal”, como ir contra a “moral da burguesia”, mesmo que esta seja sempre a vanguarda da degeneração social e moral. O progressismo é a própria decadência, a mesma coisa que o Anti-Cristo defende e promove.
4. A mulher estava vestida de azul e vermelho, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas. Segurava um cálice de ouro, transbordante de abominações e de tudo quanto é próprio do engano e da sua prostituição.
5. E, em sua fronte, ostentava a seguinte inscrição enigmática: “A Grande Babilônia, mãe das prostitutas e de todas as práticas repugnantes sobre a terra”.
(Apocalipse, 17)
O progressismo não é uma ideologia recente. Ele está presente desde o início do mundo, sendo o próprio Satanás, que busca desde o princípio exterminar Deus do mundo. A luta com o progressismo está acontecendo desde sempre, é uma luta e um dever sagrado de todos os religiosos e tradicionalistas, uma luta contra a decadência, contra a repugnância, contra a degeneração, contra a destruição do Sagrado.
Sendo assim, é impossível – sem quebrar princípios, cair em duplipensar ou em dissonância cognitiva – conciliar Cristianismo e Liberalismo, pois o Liberalismo não é só completamente alheio ao Cristianismo, é seu completo oposto.