No mês em que os portugueses celebram o Dia da Raça e em que as ruas do Brasil, por ocasião dos festejos juninos e do Solstício de Inverno, recordam que um dia foram campo, Ariano Suassuna completaria 90 anos.
Do ponto de vista ideológico, Ariano se definia como socialista, mas antipatizava com o marxismo, que ele reputava uma perversão do socialismo. O modelo de socialismo mais próximo do que ele professava seria o prefigurado na comunidade orgânica conduzida por Antônio Conselheiro, que tentou instaurar um tipo de socialismo partindo de baixo para cima, não impingido de cima para baixo. Ele era infalivelmente um comunitarista.
Identitários e tradicionalistas também têm motivos para admirá-lo. Desempenhando o papel de “antena da raça” de que falava Ezra Pound, o vate paraibano alumiou o caráter arcaico das tradições do seu povo, sua herança luso-galaica, inconscientemente castreja e celta, que medrou a quimera sebastianista (síntese entre o mito arturiano e o joaquinismo) por entre as planícies e montes desolados do Sertão.
Há um ano, ele repousa no Reino-sagrado entre seus pares reis, poetas, guerreiros e santos, como Viriato, D. Dinis (o Rei Trovador e Rei Lavrador), D. Sebastião, Nun’Álvares Pereira, Antônio Vieira e Antônio Conselheiro.
Celebremos, pois, sua gloriosa memória e mantenhamos aceso o archote alumiador do seu pensamento!