O novo marco regulatório do saneamento básico – que abre o setor de vez para o privatismo, uma vez que não permite mais que os municípios contratem serviços das estatais sem licitação, – presta-se a muita coisa.
É uma forma de satisfazer os apetites da burguesia, sem que ela tenha de arcar com os custos inevitáveis de todo e qualquer serviço público, a saber, atender os pobres.
É também um meio de Bolsonaro se segurar politicamente, fazendo um aceno para os liberais e empresários, além de voltar a pautar algum tema na mídia. Também significa o sucateamento das empresas públicas do setor, pelo menos a longo prazo, já que elas terão de continuar suprindo as áreas mais vulneráveis, que obviamente não serão contempladas pela ”iniciativa privada”.
O que o marco não resolve é o principal: a falta de saneamento básico, que vai continuar sendo o calcanhar de Aquiles de metade dos brasileiros pelo simples fato de que eles não podem pagar por ele.
Os que podem, terão mais uma continha para pagar no fim do mês.
Luta de classes é isso aí. Na crise, a burguesia tenta extorquir ainda mais.