A construção de Greta Thunberg: O New Deal Verde é o Cavalo de Troia para a financeirização da natureza [Ato V]

Por Cory Morningstar

Parte I

10 de março de 2014:

“… a campanha de desinvestimento resultará (com êxito) em uma injeção colossal de dinheiro transferida para as próprias carteiras fortemente investidas, portanto dependentes da intensa mercantilização e privatização das últimas florestas remanescentes da Terra (via REDD, “mercados” ambientais e coisas do tipo). Esse tour de force será executado com precisão astuta sob o disfarce de administração ambiental e “internalização de externalidades negativas por meio de preços apropriados”. Assim, ironicamente (apenas nas aparências), o maior aumento na captura corporativa dos últimos recursos remanescentes da Terra está sendo liderado e será realizado pelos próprios ambientalistas e grupos ambientais que afirmam se opor a essa dominação e captura corporativa.” – Tour de desinvestimento de McKibben – Trazido a você por Wall Street [Parte II de um relatório investigativo, Os Oportunistas da “Riqueza Climática”]

Um New Deal Verde – pela Mobilização

[Imagem, 12 de novembro de 2018, Uma Nova Arquitetura Global: Borge Brende [primeiro à esquerda], presidente, membro do conselho gerencial do Fórum Econômico Mundial. Sessão “Moldando uma Nova Arquitetura Global” no Fórum Econômico Mundial, Reunião Anual dos Conselhos Globais Futuros de 2018]

O “New Deal” da década de 1930 sempre foi motivo de orgulho para a psique americana desde sua implementação por Franklin Delano Roosevelt durante seus quatro mandatos após a Grande Depressão. Desde então, várias pessoas e programas tentaram se apropriar desse termo para promover diversas plataformas como um meio de retratar o conceito como benéfico para a população. Nesse sentido, uma frase bastante recente que foi emprestada dessa terminologia é o “New Deal Verde”. Esse termo surgiu pela primeira vez em 2007 pelo colunista do NY Times Thomas L. Friedman e foi usado pelo contador de Londres Richard Murphy para descrever uma mudança em escala total em nossa economia para um sistema capitalista ambientalmente saudável. Como o termo nunca foi totalmente adotado pelo establishment, ele ainda residia logo abaixo da superfície do discurso econômico dominante entre muitas pessoas, na medida em que serve como uma potencial melhoria no atual sistema econômico. Somente recentemente, em 2019, o “New Deal Verde” alcançou proporções apopléticas quanto ao seu uso e alcançou um tom febril por aqueles que estão divulgando sua capacidade de mudar o paradigma de combustíveis fósseis para uma panaceia de “tecnologias verdes” no futuro próximo.

Antes de 2018, o termo havia se tornado mais reconhecido e associado ao Partido Verde como parte integrante de sua plataforma. Em junho de 2018, no entanto, vestígios de como isso logo serviria para ser o veículo que lançaria Alexandria Ocasio-Cortez na estratosfera do superestrelato começaram a aparecer.

Em 27 de junho de 2018, o Democracy Now, um porta-voz popular para os salões de poder nos movimentos domésticos da pseudoesquerda relatou o seguinte:

“Em uma virada impressionante e a maior surpresa da temporada das primárias deste ano, a socialista democrática Alexandria Ocasio-Cortez, de 28 anos, venceu o representante de 10 mandatos Joe Crowley em Nova York nas primárias democratas de terça-feira. Crowley é o democrata de quarta posição na Câmara e sobrearrecadou Ocasio-Cortez por uma margem de 10 para 1. Crowley era amplamente visto como um possível futuro orador da Câmara. No entanto, Ocasio-Cortez derrotou Crowley depois de realizar uma campanha popular progressista que defendia o ‘Medicare for All’ e a abolição da ICE, a agência de imigração e fiscalização aduaneira.”

Após sua vitória em 26 de junho de 2018, Cortez reconheceria que a única razão pela qual ela concorreu à vaga foi a pedido dos Democratas pela Justiça e do Novo Congresso que se aproximaram de Cortez um ano e meio antes, em 2016. [Entrevista em vídeo, 27 de junho de 2018, 9m: 42s em]:

Os Jovens Turcos: “Por último, duas coisas bem rápidas. Você está entre os primeiros candidatos dos Democratas Justos da história. Umm, o quanto essa organização te ajudou?

Alexandria Ocasio-Cortez: Ela foi extremamente importante. Eu não estaria concorrendo se não fosse pelo apoio dos Democratas pela Justiça e do Novo Congresso. Umm, na verdade, foram essas organizações, foi a DJ e também o Novo Congresso, que ambos me pediram para concorrer em primeiro lugar. Eles foram os que me ligaram um ano e meio atrás, depois que eu deixei o Standing Rock e disseram: ‘ei, você estaria disposta a concorrer ao Congresso?’ Então, eu não estaria aqui, hum, e não teria concorrido se não fosse [por eles].”

26 de outubro de 2018, Novo Congresso, New  Deal Verde

A maioria das pessoas envolvidas na fundação dos Democratas pela Justiça (lançado em janeiro de 2017) e do Novo Congresso (fundado em 2016) veio da campanha Bernie 2016. Como exemplo, Saikat Chakrabarti o cofundador e ex-diretor executivo do Democratas pela Justiça, bem como cofundador do Novo Congresso, atuou como presidente da campanha durante a campanha de Alexandria Ocasio-Cortez em 2018. Hoje, Chakrabarti atua como chefe de gabinete de Ocasio-Cortez. Antes de cofundar o Democratas pela Justiça e o Novo Congresso, Chakrabarti era o diretor de organização de tecnologia da Campanha Bernie 2016.

Our Revolution, uma organização política lançada por Bernie Sanders em 2016, [abordada no ATO III desta série] também endossou a Ocasio-Cortez. Em 23 de janeiro de 2017, foi relatado que os Democratas pela Justiça formariam uma parceria com o Novo Congresso.

Um nome que desperta curiosidade é Zack Exley. Além de servir como atual conselheiro da congressista americana Alexandria Ocasio-Cortez, Exley é cofundador do Democratas pela Justiça e do Novo Congresso. Anteriormente, ele atuou como consultor sênior da campanha Bernie 2016 e como diretor-organizador da MoveOn. Exley, membro da Open Society, é cofundador da empresa de relações públicas e comunicações New Consensus e o “braço teórico dos Democratas pela Justiça”. [Fonte] New Consensus, coautor do documento “The Green New Deal” com o Sunrise Movement e o Democratas pela Justiça, é identificado pelo Think Progress como “o músculo que apoia os esforços do New Deal Verde”.

Exley, coautor de “Regras para revolucionários: como organizar grande pode mudar tudo”, também foi cofundador do New Organizing Institute (lançado em 2005) que recrutou, treinou e apoiou candidatos políticos dos EUA. O New Organizing Institute, financiado pela Open Society Foundations e pela Ford Foundation, entre outros, fez parceria com a MoveOn.org (cofundadora da Avaaz e do New Organizing Institute) e várias outras ONGs em 2011, antes da dissolução do instituto em 2015.

Vale a pena notar que a Avaaz consultou seus membros sobre o New Deal Verde pela primeira vez em 2009.

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Um dia depois que Ocasio-Cortez ganhou a nomeação democrata para seu distrito no congresso em 27 de junho de 2018, um New Deal Verde liderado por Ocasio-Cortez foi destacado por Grist, onde eles referenciaram uma entrevista por e-mail entre o HuffPost e Ocasio-Cortez na semana anterior:

“O que diferencia a proposta de Ocasio-Cortez é seu plano de atingir a meta, implementando o que ela chamou de ‘New Deal Verde’, um plano federal para estimular ‘o investimento de trilhões de dólares e a criação de milhões de empregos de altos salários’.

Embora o slogan se refira ao programa New Deal do presidente Franklin D. Roosevelt de 1930 de gastos em infraestrutura e reformas trabalhistas, ela comparou o programa que ela imagina às dezenas de bilhões de dólares gastos na fabricação de armamentos e na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

‘O New Deal Verde que estamos propondo será semelhante em escala aos esforços de mobilização vistos na Segunda Guerra Mundial ou no Plano Marshall’, disse ela ao HuffPost por e-mail na semana passada. ‘Devemos investir novamente no desenvolvimento, fabricação, implantação e distribuição de energia, mas desta vez energia verde’.”

Em 30 de junho de 2018, Grist faria referência ao New Deal Verde, conforme proposto por Ocasio-Cortez novamente:

‘O New Deal Verde que estamos propondo será semelhante em escala aos esforços de mobilização vistos na Segunda Guerra Mundial ou no Plano Marshall’, disse ela por email. ‘Isso exigirá o investimento de trilhões de dólares e a criação de milhões de empregos com altos salários. Precisamos novamente investir no desenvolvimento, fabricação, implantação e distribuição de energia, mas desta vez energia verde’.”

Aqui devemos fazer uma pausa por um momento para desconstruir o que foi dito acima. Primeiro, o plano e a linguagem acima refletem os do documento de estratégia “Guiando o público ao Modo de Emergência: Uma Nova Estratégia para o Movimento Climático” [apresentado no ATO IV desta série], sendo liderado por organizações cujas afiliações com os democratas, as campanhas Sanders e Ocasio-Cortez estão divulgadas publicamente. Segundo, devemos reconhecer que, por trás de grandes instituições e meios de comunicação como Grist, designados como de “esquerda” e “progressistas”, existem estruturas de poder subservientes ao capital. O CEO da Grist é Brady Walkinshaw. Antes de assumir o cargo de CEO em 2017, Walkinshaw, ex-deputado dos EUA, trabalhou como oficial programático na Fundação Bill & Melinda Gates. Antes de seu mandato na Fundação Gates, Walkinshaw, um estudioso da Fulbright do Departamento de Estado dos EUA, trabalhou como assistente especial do Banco Mundial. Dentro do conselho de administração da Grist está o fundador da 350.org, Bill McKibben – soldado de infantaria de Bernie Sanders e dos democratas em geral.

Climate Nexus: Um New Deal Verde está chegando

7 de novembro de 2018: Climate Nexus (projeto financiado pela Rockefeller Philantropy Advisors) New Deal Verde

Em 7 de fevereiro de 2019, a Climate Nexus (um projeto patrocinado pela Rockefeller Philanthropy Advisors) [2] anunciou através de suas “TOP STORIES” que um “New Deal Verde está chegando”:

“Vem aí: A deputada Alexandria Ocasio-Cortez (D-NY) e o senador Ed Markey (D-MA) apresentarão uma resolução histórica pedindo uma transição para a energia renovável e a criação de milhares de novos empregos hoje em Washington, DC. A tão esperada legislação do New Deal Verde segue-se a meses de protestos e apela a uma transição agressiva e justa dos combustíveis fósseis por jovens ativistas em grupos como o Movimento Sunrise”.

De 2013 a 2016, a Fundação MacArthur concedeu à Rockefeller Philanthropy Advisors dez milhões de dólares para o Climate Nexus.

A Força-Tarefa Financeira Mista [ver ATO IV desta série] compreende cinquenta ícones das finanças, incluindo a Fundações MacArthur e Rockefeller.

Conforme mencionado no ato IV desta série, a Marcha Climática popular, que ocorreu em 21 de setembro de 2014, foi liderada e financiada pela Fundação Rockefeller, pelo Climate Nexus, pelo 350.org, pela Avaaz/Purpose, pelo Greenpeace, pela Rede de Ação Climática Americana (USCAN) e pela GCCA/TckTckTckTck (fundada por vinte ONGs com o 350.org, o Greenpeace, a Avaaz e a Oxfam ao leme). Em relação ao atual conjunto de circunstâncias, o 350.org (incubado pela Fundação Rockefeller) serviria novamente como um veículo instrumental para impulsionar o New Deal Verde como catalisador para desbloquear os 100 trilhões de dólares necessários para desencadear a “quarta revolução industrial”. Esse projeto, de magnitude inigualável, é o veículo para salvar o frágil sistema econômico capitalista global e trazer a financeirização da natureza.

New Deal Verde – Data for Progress

“Um New Deal Verde é popular entre os eleitores americanos e pode mobilizá-los em 2018.” – Relatório New Deal Verde pela Data for Progress, setembro de 2018


site da Data for Progress

“Descoberta fundamental 7: As crianças estão bem – Embora algumas das propostas que examinamos sejam atualmente impopulares nacionalmente, isso pode mudar no futuro. Achamos que quatro das propostas mais radicais que analisamos são muito mais populares entre os eleitores mais jovens do que entre o público em geral. – Data for Progress, Pesquisando a Agenda da Esquerda”

Em julho de 2018, uma pesquisa conduzida pela Data for Progress, parceira no New Deal Verde com o Sunrise Movement e o 350.org, mostrou que 41% das pessoas com menos de trinta anos de idade apoiariam um candidato que fizesse campanha pela garantia de empregos e energia limpa. O apoio exibido por essa faixa etária constituiu aproximadamente o dobro do grupo formado por pessoas com idade igual ou superior a 45 anos. “48% por cento dos adultos com direito a voto disseram que seriam mais propensos a apoiar um candidato que estivesse concorrendo a favor de 100% de energia renovável até 2030. Notavelmente, isso é significativamente mais rápido do que até mesmo a legislação mais progressista atualmente no Congresso”]. Ao visar os jovens, além do público com 30-45 anos, a promessa de empregos verdes e energia limpa foram os vencedores claros.

“Neste caso, pelo menos, o tempo poderia ser uma arma para o Movimento Sunrise. No início deste ano, o Centro de Pesquisas Pew projetou que a geração ‘millennial’ estava pronta para ultrapassar os ‘boomers’ como a maior geração adulta dos EUA, bem como seu maior bloco de votação elegível”. [Fonte: https://www.eenews.net/stories/1060108439]

“Em que ano você nasceu? (O Sunrise está construindo um movimento liderado por jovens; perguntamos o ano em que você nasceu para que possamos ajudá-lo a encontrar as melhores oportunidades para se engajar. Você pode responder “prefere não dizer” também, mas saber disso realmente nos ajuda!)” – Website do Movimento Sunrise

“Toda a eletricidade consumida na América deve ser gerada por fontes renováveis, incluindo energia solar, eólica, hidráulica, geotérmica, biomassa sustentável e gás natural renovável, bem como por fontes limpas como a nuclear e os combustíveis fósseis remanescentes com captura de carbono. – Green New Deal Policy Report by Data for Progress, setembro de 2018

[p. 5]

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Para a incursão do New Deal Verde na consciência americana, seria necessário um novo movimento. Este seria o Movimento Sunrise. Um movimento jovem criado sob a direção do Sierra Club, do qual recebeu uma doação de $50.000. Como é típico com “ativismo jovem de base” o Sunrise já tem um orçamento pesado e uma equipe de funcionários em tempo integral: “Em relação a outros grupos ambientalistas, o Movimento Sunrise é relativamente pequeno. Seus líderes disseram que têm cerca de 16 funcionários em tempo integral e que angariaram cerca de US$ 1 milhão desde sua fundação”. [3 de dezembro de 2018]

O Movimento Sunrise é o rebatizado Plano Climático Americano (agora extinto), fundado por Evan Weber e Matt Lichtash.

Lichtash é um especialista estratégico e executivo da New York Power Authority. Ele é o fundador da Carbon Capital.


Wesleyan nº2, 2017

Em 2017, Weber foi nomeado pela Grist como um dos “50 líderes verdes emergentes a serem observados”, citando seu trabalho com o Plano Climático Americano, a organização fundada por ele e Lichtash em 2013 sob a direção de Michael Dorsey.

Dyanna Jaye seria identificada como uma das cofundadoras do Movimento Sunrise após o rebranding de abril de 2017, assim como Varshini Prakash e Sara Blazevic da Fossil Fuel Divestment Student Network.

“Sunrise é um movimento liderado por jovens e os jovens serão priorizados para habitação, apoio a viagens e outras necessidades, como pessoas tipicamente deixadas de fora do processo político por nossas instituições. Dito isto, acolhemos pessoas de todas as idades para participar das ações do Sunrise de diferentes maneiras”. – Site do Sunrise

O presidente e diretor executivo do Movimento Sunrise é Michael Dorsey. Tendo servido onze anos no conselho nacional do Sierra Club, Dorsey é cofundador e diretor da Around the Corner Capital – uma plataforma de consultoria de energia e financiamento de impacto. Ele atua como consultor da ImpactPPA, parceiro de capital na empresa de energia solar Univergy-CCC, cofundador e diretor da divisão Índia da Univergy-CCC (Univergy/ThinkGreen), e membro pleno do Clube de Roma. Sua experiência política é extensa, tendo servido sob as administrações norte-americanas de George H. W. Bush e Bill Clinton. Ele também serviu na equipe de campanha presidencial de energia e meio ambiente do senador Barack Obama. [3]

“Temos de acabar com todas as emissões de combustíveis fósseis. Toda a economia dos EUA pode e deve funcionar com uma mistura de energia que seja de emissão zero ou 100% de captura de carbono até meados do século* [*citação]. – Green New Deal Policy Report da Data for Progress, setembro de 2018 [p. 5].

Sunrise recebeu um subsídio colaborativo da USCAN com a Power Shift Network, SustainUs e o Deep South Center for Environmental Justice. Outro financiador primário do Sunrise até agora é a Fundação para Mercados Sustentáveis. O discurso do Sunrise é compartilhado com a US Climate Action Network e o Sierra Club (50 F St NW, Washington, DC 20016), onde os treinamentos do Sunrise foram ministrados por membros do conselho da USCAN.

“Um fator a seu favor foi que o grupo não começou do zero. Alguns dos arquitetos do Movimento Sunrise incluíam ativistas de organizações como a 350.org – que também forneceram algum apoio financeiro inicial”. – Dentro do Movimento Sunrise (não aconteceu por acaso), 3 de dezembro de 2018

Antes do Movimento Sunrise, o quadro de uma mobilização de liderança juvenil a serviço da expansão do capital já havia sido identificado por aqueles ao leme. Nesse papel, pessoas como Jamie Margolin, jovem fundadora do Zero Hour, foram desenvolvidas pelo estabelecimento. Ao ser treinada por pessoas como Al Gore (fundador da Generation Investment com David Blood da Goldman Sachs), Margolin foi impulsionada para o status de celebridade em poucos meses, por revistas que alimentam o insaciável apetite americano pelo fetiche de celebridade (Vogue, People, Rolling Stone). Esta exposição, juntamente com o reconhecimento da mídia social por “ecocelebridades” (indivíduos com estilos de vida grotescamente indulgentes, mas propagados como protetores ambientais devido aos seus esforços filantrópicos comparativamente medíocres, como Leonardo DiCaprio) é um método comprovado e verdadeiro de celebridade fabricada.


6 de novembro de 2018: Vanity Fair, Alexandria Ocasio-Cortez

Do outro lado do Oceano Atlântico, mais celebridades e grupos que levariam “o público ao modo de emergência” logo se seguiriam.

Em junho de 2018, uma conta no Twitter e uma conta no Instagram foram criadas com o nome de Greta Thunberg.

Em julho de 2018, uma conta no Twitter foi criada sob o nome de Extinction Rebellion.

[Leia mais: A Moda Crescente do Discurso Climático Pró-Capitalista]

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O New Deal Verde está na Moda

Marketing para uma “femografia” fundamental – o New Deal Verde está na moda

Vogue, 2 de novembro de 2018: “Bria Vinaite explica o New Deal Verde: ‘Deixe a Vinaite informá-lo sobre o resto dos detalhes – e certifique-se de que os seus candidatos apoiam um New Deal Verde quando for às urnas. Se não o fizerem, talvez você possa perguntar o porquê”. [“A base da liderança e autoridade da Vogue é o papel único da marca como barômetro cultural para uma audiência global”]

Como essa série demonstrará, mulheres jovens são a #femografia chave da campanha #AOC.

Comercial do New Deal Verde: Bria Vinaite explica o New Deal Verde [02m:19s]

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É aqui que as maquinações para o New Deal Verde – o veículo para desbloquear 100 triliões de dólares e a tão esperada financeirização da natureza – começam a se desdobrar.

Dando “like” no tweet de Vinaite estava Greg Carlock, arquiteto do New Deal Verde, diretor de pesquisa do New Deal Verde e consultor sênior do Data for Progress [4] e Gerente de ação e dados climáticos para o World Resources Institute (WRI), onde lidera o desenvolvimento da plataforma emblemática do Programa Climático do WRI – Climate Watch. Antes de ingressar no WRI, Carlock trabalhou na USAID em contabilidade e dados de gases de efeito estufa.

Também elaborando o Green New Deal está Emily Mangan, assessora de políticas de Data for Progress e analista de pesquisa do World Resources Institute. Mangan fornece suporte de pesquisa e análise para o Green New Deal. Antes de se juntar ao WRI, Mangan trabalhou no Council on Foreign Relations. [Fonte: https://www.linkedin.com/in/emily-mangan-1610aa94/]

Aqui deve ficar claro que o frenesi em cima da Ocasio-Cortez e do New Deal Verde, é parte integrante da estratégia de “levar o público ao modo de emergência” lançado em 2018. Na realidade, o New Deal Verde é maquiagem para o que está por trás. Todas as decisões relativas a todos os “novos negócios” não serão tomadas pela Ocasio-Cortez, pelos Democratas ou por qualquer outro partido. Pelo contrário, elas serão tomadas (e já foram tomadas) por aqueles que compõem a classe dominante absoluta.


11 de dezembro de 2009: World Resources Institute
7 de abril de 2011: World Resources Institute

12 de setembro de 2014: World Resources Institute

O World Resources Institute (WRI) é uma organização global de pesquisa sem fins lucrativos fundada em 1982 por James Speth [5] com um subsídio de quinze milhões de dólares da Fundação MacArthur. É uma potência internacional “que trabalha em mais de 50 países, com escritórios no Brasil, China, Europa, Índia, Indonésia, México e Estados Unidos. Os mais de 500 especialistas do WRI trabalham com líderes para enfrentar seis desafios globais urgentes na intersecção do desenvolvimento econômico com o meio ambiente: alimentos, florestas, água, clima, energia e cidades”.

O conselho consultivo do WRI representa os altos escalões absolutos de poder dentro da matriz do diretorado sem fins lucrativos – com uma quantidade impressionante de sobreposição com a potência hegemônica, o Conselho de Relações Exteriores.

Com 98.5 milhões de dólares em financiamento em 2017, a lista exaustiva de doadores para a WRI [6] representa muitas das entidades mais poderosas e influentes na Terra, inclusive a Fundação Alcoa, a Filantropia Bloomberg, a Cargill, a Fundação Caterpillar, a Fundação Citi, a Fundação ClimateWorks, a Fundação Bill & Melinda Gates, a Fundação William & Flora Hewlett, a Fundação John D. & Catherine T. MacArthur, Fundação Gordon & Betty Moore, a Fundação Oak, o Fundo Irmãos Rockefeller, a Fundação Rockefeller, a Fundação Shell, a USAID e o Banco Mundial. [Relatório Anual da WRI – 2017]

O Conselho Diretor da WRI [7] inclui:

  • David Blood: Cofundador e parceiro sênior da Generation Investment;
  • Felipe Calderón: Ex-presidente do México, presidente da Comissão Global que supervisiona a New Climate Economy, presidente honorário da Green Growth Action Alliance;
  • Christiana Figueres: Secretária Executiva da UNFCCC, líder do B Team, vicepresidente da Global Convenant of Mayors for Climate and Energy, membro do conselho da ClimateWorks, líder climático do Banco Mundial, participante da Mission2020, membro do Conselho Econômico sobre Saúde Planetária da Fundação Rockefeller, creditado com entregar o Acordo de Paris
  • Jennifer Scully-Lerner: Vicepresidente, gerente da Goldman Sachs;
  • James Gustave Speth, Fundador da WRI, ex-administrador do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, diretor honorário do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e da WRI, serve no conselho do Climate Reality Project, membro do conselho consultivo da 350.org, membro do Conselho de Relações Exteriores;
  • Andrew Steer: Presidente e CEO da WRI. Anteriormente com o Banco Mundial, trabalha com grupos de aconselhamento sustentável da IKEA e do Bank of America, trabalha na Iniciativa Energia Sustentável para Todos do Conselho Executivo da Secretaria Geral da ONU;
  • Kathleen McLaughlin: Vicepresidente sênio e chefe de sustentabilidade da Walmart Inc., presidente da Fundação Walmart;
  • Nader Mousavizadeh: Cofundador e parceiro da Macro Advisory Partner, ex-chefe executivo da Oxford Analytica, empresa líder em análise global, ex-banqueiro na Goldman Sachs, membro do Conselho Europeu do Conselho de Relações Exteriores, membro do Conselho Global Futuro de Geopolítica do Fórum Econômico Mundial, líder global da WEF;
  • James Harmon: Presidente e CEO da Caravel Management, membro do Conselho de Relações Exteriores;
  • Afsaneh M. Beschloss: Fundador e CEO da RockCreek. Ex-diretor gerencial e parceiro do Grupo Carlyle e presidente da Carlyle Asset Management, tesoureiro e CIO no Banco Mundial, anteriormente com a Shell International e a J.P. Morgan, membro do Governadores-Investidores do Fórum Econômico Mundial, membro do Conselho de Relações Exteriores, reconhecido como uma das mulheres banqueiras mais poderosas;
  • Joke Brandt: Secretário-Geral do Ministério de Relações Exteriores da Holanda;
  • Jamshyd N. Godrej: Presidente do Instituto Aspen-India. Vicepresidente da WWF-Internacional e ex-presidente da WWF-Índia de 2000 a 2007;
  • Caio Koch-Weser: Presidente do Conselho da Fundação Europeia Climática. Ex-vicepresidente do Deutsche Bank, posições elevadas no Banco Mundial, membro da Comissão Global sobre Economia e Clima e membro do Conselho do Centro para Reforma Europeia em Londres.

[WRI Conselho de Liderança Global] [Conselho Diretor da WRI]

Os doadores da WRI incluem o Ministério Federal para Meio Ambiente, Conservação Natural e Segurança Nuclear da Alemanha, a Fundação William & Flora Hewlett, a Fundação IKEA – em parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento, a Fundação Grantham para Proteção do Meio Ambiente e BlackRock – que liderava a Parceria Financeira Climática (anunciada em 26 de setembro de 2018 na Cúpula One Planet em Nova Iorque pelo presidente francês Emmanuel Macron e Larry Fink da BlackRock). A Força-Tarefa Financeira Mista, uma incorporação das instituições financeiras mais poderosas do mundo, está bem representada na WRI.


27 de abril de 2017: World Resources Institute

A Força-Tarefa Financeira Mista foi lançada pela Comissão de Negócios e Desenvolvimento Sustentável de Paul Polman em 2017. A Comissão, criada para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 (“Objetivos Globais”), foi financiada por instituições, fundações e corporações que incluem a ONU, o Banco Mundial, a Fundação Bill & Melinda Gates e a Unilever. [Fonte: https://www.theguardian.com/environment/2018/jan/23/blended-finance-is-key-to-achieving-global-sustainability-goals-says-report]

Os esforços empreendidos pela Comissão de Negócios e Desenvolvimento Sustentável levaram à Força-Tarefa Financeira Mista, pavimentando o caminho para a Parceria Financeira Climática anunciada em 26 de setembro de 2018.

Polman é o CEO da Unilever, e presidente da Câmara Internacional de Comércio e do B Team (cofundador da We Mean Business). Polman também tem estado envolvido com a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. [8] A Força-Tarefa Financeira Mista foi estabelecida para identificar barreiras para o uso efetivo de finanças mistas. Ela está agora implementando um ambicioso plano de ação para aumentar o investimento privado para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. [Lista completa de Comissários de Negócios e Desenvolvimento Sustentável incluindo o cofundador da Avaaz Ricken Patel: http://businesscommission.org/commissioners]

A Unilever é membro do Grupo de Consultoria Corporativa WRI. Companhias filiadas à WRI incluem: Laboratórios Abbott, Bank of America, Corporação Cargill, Caterpillar, CitiGroup, Colgate-Palmolive, DuPont, General Motors, Grupo Goldman Sachs, Google, Kimberly-Clark, PepsiCo, Pfizer, Shell, Walmart, Walt Disney Company e Weyerhaeuser. [Lista completa: https://www.wri.org/business/join-corporate-consultative-group-ccg] [Conselho Consultivo da WRI]

Em 15 de novembro de 2018, a Associação de Mercados e Investimentos Climáticos informou que as partes que compõem a Parceria Financeira Climática “trabalhariam juntas para finalizar o desenho e a estrutura do que prevemos que será um veículo de investimento de capital misto até o final do primeiro trimestre de 2019”. Todas as perguntas da mídia sobre este anúncio deveriam ser dirigidas ao Climate Nexus (Marcha Climática do Povo) ou à Fundação Climática Europeia. A tarefa da Força-Tarefa Financeira Mistra é desbloquear 100 trilhões de dólares para resgatar o atual sistema econômico que agora entrou na fase final da “queda livre”. [Divulgado no ATO IV desta série]. A necessária maximização e mobilização de fundos públicos para os lucros privados, para salvar a economia capitalista e continuar a privatização, será alcançada através da estratégia de emergência climática que foi posta em prática.

Aqui é fundamental reconhecer que a Nova Economia Climática é um projeto do WRI.

A Nova Economia Climática


20 de janeiro de 2015: World Resources Institute, Equipe da Nova Economia Climática

6 de outubro de 2016: Nova Economia Climática, World Resources Institute

O projeto Nova Economia Climática é liderado por Helen Mountford, diretora programática do projeto Nova Economia Climática e diretora de economia do WRI. Outros membros da equipe do WRI incluem Milan Brahmbhatt, membro sênior do WRI, e Molly McGregor, coordenadora de pesquisa no escritório do presidente do WRI. [Equipe do Projeto Global Nova Economia Climática]

O projeto Nova Economia Climática está sendo “conduzido por uma equipe de economistas e analistas de políticas e negócios, selecionados e apoiados por uma parceria de nove das principais instituições econômicas e políticas mundiais” sob a direção do WRI.

Os parceiros de pesquisa para a iniciativa são os seguintes: Climate Policy Initiative, Ethiopian Development Research Institute, Global Green Growth Institute, Indian Council for Research on International Economic Relations, London School of Economics and Political Science, Overseas Development Institute, Stockholm Environment Institute, e Tsinghua University.

A iniciativa Nova Economia Climática trabalha com instituições globais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, a Agência Internacional de Energia, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e as agências da ONU. Ela é supervisionada por uma comissão global composta por antigos chefes de governo, ministros das finanças, uma pletora do crème de la crème da economia, negócios e finanças. [Painel Consultivo Econômico] [Comissários Eméritos]

Os membros da Comissão Global da Nova Economia Climática incluem Felipe Calderón (presidente honorário), Paul Polman (copresidente), Angel Gurría, Nicholas Stern (copresidente), Sharan Burrow e muitos outros membros que se sobrepõem com o WRI, a Parceria Financeira Climática, a Força-Tarefa Financeira Mista, etc. Uma cabala tão enraizada no poder corporativo que pode facilmente fazer com que as cabeças não só girem, mas explodam. [9] A demanda por grupos de cidadãos é irônica, já que a financeirização da natureza está acontecendo a portas fechadas – com uma nota promissória de silêncio do complexo industrial sem fins lucrativos.

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O New Deal Verde está ligado ao WRI. O WRI é a Nova Economia Climática. A última e mais importante peça do quebra-cabeças é a Coalizão do Capital Natural.

Aqui é imperativo notar que a Coalizão do Capital Natural é composta por aqueles que estão à frente da Nova Economia Climática e do WRI.

“New Deal para a Natureza” – Dando Valor Monetário à toda a Natureza


26 de janeiro de 2019, “New Deal for Nature”, WWF

Em conjunto com a orquestração de um frenesi sobre um New Deal Verde através do complexo industrial sem fins lucrativos e dos mecanismos de mídia, a WWF et al estavam silenciosamente promovendo um “New Deal for Nature”. O New Deal Verde evoca imagens de turbinas eólicas e painéis solares que são miraculosamente percebidas como naturais e holísticos. O fato de um painel solar e uma turbina eólica terem se tornado mais fortemente associados à natureza e ao meio ambiente do que uma árvore real, um inseto ou um animal, é em si mesmo, bastante aterrador e um forte indicador do poder da engenharia social conduzida na cidadania nas últimas duas décadas. Esse feito, alcançado por meio de uma poderosa associação de marcas e ONGs, serve como a máscara verde brilhante para o negócio ainda mais sinistro – a financeirização da Natureza -, rebatizado como o “New Deal for Nature”.

No entanto, isso não é novidade, já que o Projeto Capital Natural (NatCap) foi lançado em 2006 e sua afiliada, a Coalizão do Capital Natural, que antes era a TEEB for Business Coalition (antes de 2014). A NatCap e as suas duas ONG parceiras – WWF e The Nature Conservancy – estiveram envolvidas na Coalizão do Capital Natural desde o início. [Fonte: https://naturalcapitalproject.stanford.edu/news/natural-capital-shiny-new-thing-business]

A NatCap foi fundada pela Universidade de Stanford [Stanford Woods Institute for the Environment and the Department of Biology], The Nature Conservancy, World Wildlife Fund e o Instituto Ambiental da Universidade de Minnesota. O escopo de sua rede global inclui corporações como a Coca-Cola e a Dow Chemical, e instituições como o Departamento de Defesa dos EUA e o Banco Mundial.

O escopo da Coalizão do Capital Natural é um enorme conglomerado de poder corporativo, incluindo muitas ONGs e chamados órgãos de conservação.

Aqui podemos acrescentar que “Aproveitando a Quarta Revolução Industrial para a Terra”, publicado pela “Iniciativa Sistêmica para Moldar o Futuro do Meio Ambiente e a Segurança dos Recursos Naturais” do Fórum Econômico Mundial é uma parceria com a PricewaterhouseCoopers e o Instituto Stanford Woods para o Meio Ambiente. Fonte: PricewaterhouseCoopers

“No seu conjunto, o valor dos serviços ecossistêmicos globais totais foi estimado em 125 biliões de dólares americanos por ano, o que representa quase o dobro do produto interno bruto mundial.” – Coalizão do Capital Natural, 12 de Julho de 2018

O desenvolvimento do Projeto do Protocolo de Capital Natural foi possível graças ao generoso financiamento da Fundação Gordon & Betty Moore, da Corporação Financeira Mundial (Banco Mundial) com o apoio da Secretaria de Estado dos Assuntos Econômicos da Suíça (SECO) e do Ministério de Relações Exteriores do Governo da Holanda, da Fundação Rockefeller, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e do Departamento do Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (DEFRA). A Coalizão é sediada pelo Instituto de Oficiais Contadores da Inglaterra e País de Gales (ICAEW). Outros financiadores incluem: World Wildlife Fund, The Nature Conservancy, a Fundação Google, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Unilever, a Fundação David & Lucile Packard, Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o Banco Mundial. [Fonte: https://naturalcapitalproject.stanford.edu/who-we-are/natural-capital-project]

O World Resources Institute forneceu os conhecimentos técnicos e a revisão para o Protocolo do Capital Natural. O protocolo foi desenvolvido pela Conservation International, pelo B Team, PricewaterhouseCoopers, Sustain Value, ACTS, Arcadis, eftec, Environmental Resources Management (ERM), Imperial College, ISS, Natural Capital Project, Synergiz, WWF, Accenture, CDSB, Deloitte, Dow, eni, GIST Advisory, Kering, LafargeHolcim, Natura, Nestlé, Roche, Shell e The Nature Conservancy. O protocolo foi liderado pelo consórcio do Conselho Empresarial Mundial para Desenvolvimento Sustentável (WBCSD). [Fonte: https://naturalcapitalcoalition.org/development/]

Hoje, a fronteira final para a captura corporativa da Terra como um todo, finalmente chegou. Outros termos lançados no ringue para aceitação pública são “New Deal for Nature and Humanity” e “New Deal for Nature and People”.

“Espera-se que o New Deal for Nature seja adotado durante a décima quinta reunião em Pequim, em 2020. – Biodiversidade Internacional, 30 de Novembro de 2018

Em 23 de janeiro de 2019, a Coalizão Capital Natural divulgou um anúncio afirmando que “Em 2020, precisamos de um New Deal para a natureza”. Este artigo fazia parte das iniciativas do sistema “Moldando o Futuro para o Meio Ambiente e para a Segurança dos Recursos Naturais” do Fórum Econômico Mundial de 2019. Os autores do artigo foram Marco Lambertini, Diretor-Geral da WWF International, Paul Polman, CEO da Unilever, e Børge Brende, ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega (2013-2017) e presidente e membro do conselho de administração do WEF. [Conselho de Administração do WEF, 2017: https://www.weforum.org/press/2017/09/norway-s-borge-brende-joins-world-economic-forum/] [Liderança e Governança do WEF: https://www.weforum.org/about/leadership-and-governance].

Fica clara a urgência em acelerar o plano de ação:

“Neste contexto, precisamos que 2019 seja o ano em que se assiste a uma mudança radical na mobilização de uma agenda mais vasta de ação público-privada em matéria de biodiversidade. Precisamos que surja um ‘New Deal for Nature’”.

Para que isso aconteça, é identificado um movimento como o veículo:

“Um movimento tem o poder e a influência combinados para ser capaz de identificar um conjunto simples de metas de ação sobre a natureza que todos podem visar – as chamadas ‘metas de base científica’ para as quais cada empresa, investidor, ONG, cidade e governo podem contribuir até 2030, de modo que o seu cumprimento irá retardar os danos que estamos causando à natureza e, em última análise, restaurá-la ao nível que a ciência diz que precisamos”.

Uma e outra vez somos inundados com o “conjunto simples de metas” que “todos podem visar”. Assim, assistimos à criação de mobilizações, globais em escala, sem nenhuma exigência racional.

A implementação do New Deal For Nature lançará as bases para os pagamentos por serviços ecossistêmicos (PSA). Isso criará a oportunidade mais espetacular de ganho monetário que o setor financeiro já testemunhou. Novos mercados oferecem especulação que promete lucros inimagináveis. A mercantilização de tudo o que é sagrado, a privatização e a objetificação de toda a biodiversidade e dos seres vivos imensuráveis, acima e além da medida monetária, serão incomparáveis, irreversíveis e inevitáveis.

A fim de fabricar o consentimento da população, aqueles que promovem um “New Deal para a natureza” estão utilizando o poder da linguagem holística. Eles estão explorando estrategicamente o desprezo muito real que nós, o público, temos pelas externalidades (poluição, etc.) – apenas para vender a financeirização da natureza para nós enquanto sociedade. Este é exatamente o mesmo método que testemunhamos hoje, quando as elites do poder exploram magistralmente o descontentamento dos jovens e da população em geral.

Jogo interativo “Costing the Earth”, “Jogue para descobrir o valor financeiro da Natureza”, BBC, 8 de outubro de 2015

O New Deal for Nature é a facilitação gentil da aceitabilidade mental da financeirização da natureza na psique pública, que está se tornando rapidamente um fenômeno global. Tão hediondo é o esquema de pagamentos por serviços ecossistêmicos (PSA), mascarado com a frase holística “capital natural”, que ele mal é mencionado fora das portas fechadas. Mas se olharmos de perto, podemos encontrá-lo escondido à vista de todos.

21 de maio de 2018: A ciência pode ajudar a forjar um New Deal para a natureza:

“A comunidade global tem uma janela de oportunidade única para definir o quadro global da biodiversidade pós-2020. Será necessário um empenho e determinação corajosos, abordagens inovadoras e processos de transformação para garantir a eficácia desse New Deal. Nesta conjuntura histórica, vamos alavancar a ciência para ajudar a forjar um New Deal para a Natureza”. – Christiana Pasca Palmer, Secretária Executiva do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica

22 de Novembro de 2018: Um New Deal para a Natureza e a Humanidade:

“A WWF apoia fortemente o apelo por um New Deal para a natureza e as pessoas. Até 2020, em apenas dois anos, precisamos de um roteiro acordado que reconheça a ligação intrínseca entre a saúde da natureza, o bem-estar das pessoas e o futuro do nosso planeta”.

29 de novembro de 2018: Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade concorda com um Processo Rumo a um New Deal para a Natureza e as Pessoas em 2020, mas a ambição é fraca:

“A 14ª Conferência das Partes (COP14) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) terminou hoje com um acordo sobre o processo preparatório para um quadro global pós-2020, aproximando-nos de um New Deal transformacional para a Natureza e as Pessoas em 2020 – um passo vital para aumentar os esforços globais para travar a perda de biodiversidade sem precedentes e perigosa de hoje.

A WWF insta os países membros a desenvolverem uma visão partilhada e uma ambição política muito mais elevadas se quisermos alcançar um New Deal para a Natureza e as Pessoas e criar um momento ao estilo de Paris para a biodiversidade em 2020″.

Bem-vindo ao New Deal Verde, ao New Deal For Nature, ao Next System, ao Sistema Regenerativo, à Nova Economia, à Nova Economia Climática, à Economia Biosférica, etc. Uma fusão de linguagem rapsódica e melíflua que cria uma crisálida sublime para expandir ainda mais os mercados de capitais. O segundo verso é o mesmo que o primeiro.

Uma verdadeira rebelião contra a devastação ecológica não vira, e não pode virar as costas ao capitalismo, ao imperialismo, ao militarismo, ao sexismo e ao racismo. Os principais impulsionadores de nossa acelerada crise ambiental. Marchar pelo capital sob o pretexto de marchar pela revolução é um jogo de tolos. Todos os caminhos levam à captura, roubo e pilhagem corporativos do que resta do nosso já dizimado planeta.

Terminamos este segmento com uma palestra de Clive Spash, um dos poucos economistas com a coragem moral de falar honestamente sobre “precificação do meio ambiente”. “A Economia do Gerenciamento de Biodiversidade e os Problemas dos Serviços Ecossistêmicos Atuais e das Abordagens Mercadológicas”, Viena, 6 de Dezembro de 2010].

[Leia mais: Construindo Aquiescência para a Comoditização dos Bens Comuns sob a bandeira de uma “Nova Economia”]

Esta é a quinta parte de uma série. Continue lendo aqui.

Notas:

[1] Uma Nova Arquitetura Global, 12 de novembro de 2018: Børge Brende, Presidente; Membro do Conselho de Administração, Fórum Econômico Mundial e painel, Maxim Oreshkin, Ministro do Desenvolvimento Econômico da Federação da Rússia; Jovem Líder Global, Helen E. Clark, Primeira-Ministra da Nova Zelândia (1999-2008), Nova Zelândia; Roland Paris, Universidade de Ottawa, Canadá; Jean-David Levitte, Conselheiro, França; Hilary Cottam, autora e empresária do Centro para a Quarta Revolução Social, ex-embaixadora da França na ONU e nos Estados Unidos; Jovem Líder Global durante a sessão “Moldando uma Nova Arquitetura Global” no Fórum Econômico Mundial, Reunião Anual dos Conselhos Futuros Globais 2018. Direitos autorais do Fórum Econômico Mundial/Benedikt von Loebell

[2] “Nexo Climático, um projeto patrocinado pela Rockefeller Philanthropy Advisors, ajuda a mídia local, nacional e internacional a reconhecer a ciência climática e o papel da energia limpa no combate às mudanças climáticas. Isso é conseguido através da construção de uma ampla rede de mensageiros influentes e persuasivos e da criação de uma narrativa clara e convincente sobre as mudanças climáticas e formas de lidar com seus impactos”.

[3] “Um ex-professor da Faculdade de Dartmouth, Dorsey é uma construtora de organizações em série e líder em reinos com fins lucrativos, sem fins lucrativos e governamentais. Na arena do lucro, Dorsey co-fundou e dirige a Around the Corner Capital – uma plataforma de consultoria de energia e financiamento de impacto. Através da Around the Corner, ele investe ativamente e assessora vários grupos de investidores em energia renovável e assuntos relacionados globalmente. O Dr. Dorsey é um parceiro de capital na empresa solar hispano-japonesa: Univergy-CCC; e cofundador da sua divisão na Índia: Univergy/ThinkGreen, com sede em Hyderabad.

Na arena sem fins lucrativos, o Dr. Dorsey faz parte de vários conselhos, incluindo o Food First e o Centro de Saúde Ambiental – este último cocriado em 1997. Dorsey cofundou IslandsFirst.org. Ele serviu 11 anos no conselho nacional do Sierra Club”. [Fonte: https://www.linkedin.com/in/profmkd/]

[4] “Greg é o Diretor de Pesquisa sobre o New Deal Verde da Data for Progress. Ele tem mestrado em Política Ambiental e é pesquisador em ação climática e dados climáticos em Washington D.C. Ele é especialista em contabilidade de gases de efeito estufa, política climática e energética dos EUA e desenvolvimento de plataformas de dados online. Greg usa seu cérebro para análise e deixa a ciência dos dados para os especialistas”. [Fonte: https://www.dataforprogress.org/who-we-are/]

5] “O Professor Speth atualmente atua como diretor honorário no Conselho de Defesa dos Recursos Naturais e no WRI e faz parte dos conselhos do Climate Reality Project, do Centro para um Novo Sonho Americano e da Coalizão Nova Economia. Ele é membro do conselho consultivo da United Republic, 350.org, EcoAmerica, Labor Network for Sustainability, New Economy Working Group, SC Coastal Conservation League, Environmental Law Institute, Vermont Natural Resources Council, Southern Environmental Law Center, Heinz Center, Free Speech for People, Vermont Institute for Natural Science, Northwest Earth Institute e Carbon Underground”. Speth também faz parte do conselho consultivo da Mobilização Climática[Destaque no ATO IV desta série].

[6] “Reconhecendo os nossos Doadores Extraordinários: Subsídios e doações de US$750.000 ou mais incluem receita recebida em 10/01/16 – 1/15/18 e subsídios mais antigos ainda em aberto a partir de 10/01/16” : Fundação Alcoa – Bloomberg Filantropia – C40 Cities Climate Leadership Group – Cargill, Incorporated – Fundação Caterpillar – Fundação do Fundo de Investimento Infantil Foundation – Fundação Citi– Fundação ClimateWorks – Departamento de Estratégia Empresarial, Energética e Industrial do Reino Unido – Departamento de Comércio e Relações Exteriores da Austrália – DOB Ecology – Fundação DOEN – Agência de Energia da Suécia – Fundação Climática Europeia – Comissão Europeia – Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) – Ministério Federal do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU) – Fundação FedEx Corporation Ford – Fundação Bill & Melinda Gates – Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ) – Fundação Good Energies – Google Inc. – Fundação William & Flora Hewlett – Fundação IKEA – Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – Irish Aid – Departamento de Comércio e Relações Exteriores – Johnson Controls International plc – Linden Trust for Conservation – Fundação John D. and Catherine T. MacArthur – Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França – Ministério dos Assuntos Econômicos e da Política Climática da Holanda – Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca (Danida) – Ministério das Relações Exteriores da Holanda (DGIS) – Ministério da Infraestrutura e da Gestão da Água da Holanda – Fundação Gordon & Betty Moore – Fundação Charles Stewart Mott – The Nature Conservancy – Iniciativa Climática e Florestal da Noruega (NICFI) – Agência Norueguesa para Cooperação em Desenvolvimento (Norad) – Ministério do Meio Ambiente da Noruega – Ministério de Relações Exteriores da Noruega – Fundação Oak – Fundação Open Society – Michael Polsky Family – Fundo Irmãos Rockefeller – Fundação Rockefeller – Stephen M. Ross Filantropia – Fundação Shell – Skoll Global Threats Fund – Agência Internacional de Cooperação em Desenvolvimento da Suécia (Sida) – Agência para Desenvolvimento e Cooperação da Suíça(SDC) – Ruth McCormick Tankersley Charitable Trust – Fundo Tilia – Departamento para Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) – Escritório para o Exterior e para a Commonwealth do Reino Unido (UKFCO) – Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) – Agência para Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID) – Fundação Villum – Banco Mundial – Anonymous

[7] Susan Tierney: ex-Secretária Assistente de Política do Departamento de Energia dos EUA;

Pamela P. Flaherty: Ex-presidente e CEO da Fundação Citi, ex-diretora de cidadania corporativa do Citi;

Harriet C. Babbitt: Ex-embaixadora dos EUA na Organização;

Tammie Arnold: anteriormente trabalhou na Generation Investment Management;

Frances Beinecke: Ex-Presidente do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), Estados Unidos;

Outros membros incluem Stephen Brenninkmeijer, Robin Chase, William Chen, Tiffany Clay, Dino Patti Djalalal, Alice F. Emerson, Jonathan Lash, Joaquim Levy, Kathleen McLaughlin, Nader Mousavizadeh, Michael Polsky, Bill Richardson, Stephen M. Ross, William D. Ruckelshaus e Roger W. Sant.

[8] “Desde 2009, o CEO da Unilever; levando a empresa a estabelecer uma visão ambiciosa para dissociar seu crescimento da pegada ambiental geral e aumentar seu impacto social positivo. Busca ativamente a cooperação com outras empresas para implementar estratégias de negócios sustentáveis e promover mudanças sistêmicas. Tem estado intimamente envolvido em discussões globais sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ações para combater as mudanças climáticas. Ex-membro: Painel de Alto Nível sobre a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, apresentando recomendações em nome do setor privado; Conselho Internacional, Comissão Global sobre Economia e Clima, sob a presidência de Felipe Calderon, ex-presidente do México. 2016, convidado pelo Secretário-Geral da ONU para ser membro do Grupo de Defesa dos ODS, encarregado de promover ações na Agenda 2030. Presidente do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. Membro: Conselho Empresarial Internacional, Fórum Econômico Mundial; B Team; Conselho, Pacto Global da ONU; Comissão de Negócios e Desenvolvimento Sustentável. Recebeu inúmeros prêmios, incluindo: Prêmio Visionário do Clima (2017); Ordre national de la Légion d’honneur (2016); Prêmio Campeão da Fundação das Nações Unidas para Mudanças Globais (2014); Prêmio Negócios pela Paz de Oslo (2015); Prêmio Campeão da Terra do Programa Ambiental da ONU (2015)”. [Fonte: https://www.weforum.org/agenda/authors/paul-polman/]

9] Ngozi Okonjo-Iweala, Chad O. Holliday, Suma Chakrabarti, Helen Clark, John Flint, Kristalina Georgieva, Jamshyd Godrej, Stephen Green, Sri Mulyani Indrawati, Dr. Agnes Kalibata, Naina Lal Kidwai, Caio Koch-Weser, Ricardo Lagos, Frannie Leautier, Patricia de Lille, Carlos Lopes, Takehiko Nakao, Christian Rynning-Tønnesen, Kristin Skogen Lund, Jean-Pascal Tricoire, Maria van der Hoeven e Chen Yuan.

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