A Nova Resistência participou da comemoração do, 1º de Maio, Dia do Trabalhador, na República Popular de Lugansk, representando o Brasil, ao lado de representantes de outros países, em uma delegação internacional de solidariedade ao povo de Lugansk.
Lugansk, assim como Donetsk, fica na região de Donbass, entre a Ucrânia e a Rússia. O povo de Lugansk (assim como o de Donetsk) vive sob cerco e sanções. Trata-se da guerra na Europa da qual ninguém fala: a Guerra do Donbass. Assim como os palestinos sob cerco israelense, o povo falante de língua russa de Lugansk vive sob cerco ucraniano. Na fronteira, com frequência, ouvem-se disparos ucranianos para que ninguém se esqueça de que, embora os especialistas afirmem estar o conflito “congelado”, a guerra continua.
Atualmente, houve uma diminuição na intensidade do conflito, mas ao longos dos últimos anos, desde 2014, o exército ucraniano tem bombardeado igrejas, hospitais e escolas em Donbass. Há problemas com o abastecimento de água. E embora não reconheça a independência de Lugansk, a Ucrânia não parece querer reconhecer a cidadania dessa população tampouco: o governo ucraniano, por exemplo, se recusa a renovar os passaportes dos moradores da região e o passaporte emitido pelas autoridades da República de Lugansk só é reconhecido pela Ossétia do Sul – de modo que a população fica ilhada.
Da mesma forma, o governo ucraniano também parou de enviar o pagamento de pensões e aposentadorias.
Assim, o povo de Lugansk teve, com ajuda humanitária da Rússia e de outros atores, de se reorganizar. E, aos poucos, a economia começa a crescer novamente. Hoje, eles vivem sem sistema bancário internacional e sem Embaixada Americana, como nos relatou sorrindo um morador. Em virtude da guerra, a República estabelece um toque de recolher para fins de segurança. No entanto, algumas coisas chamam nossa atenção: a maior parte da população é formada por trabalhadores, mineiros, soldados e, mesmo em situação de guerra, as escolas públicas e bibliotecas continuam funcionando, com salas em boas condições. As ruas são limpas demais, a ponto de chamar atenção – um dos moradores nos relata que, antes da guerra começar, em 2014, não era assim. Com toda a desgraça e sofrimento que a situação de guerra traz, o lado positivo, por assim dizer, é que a população desenvolve um senso comunitário mais forte, um espírito de mutirão e cooperação. Na capital, não se vêem moradores de rua, sendo que há muitos em Rostov (região russa), que fica ao lado e está em situação de paz. Em um dia de feriado cívico, com desfile nas ruas e grande aglomeração de populares, é possível a estrangeiros circularem desacompanhados com smartphones e câmeras fotográficas, sem precisarem se preocupar com furtos.
As dificuldades persistem: todos os dias uma fila quilométrica de carros, ônibus e pedestres cruza a fronteira com a Rússia. Devido à guerra, o controle é rigoroso e espera-se horas para poder passar. Parte da população enfrenta isso com frequência ou todo dia, seja para comprar bens que só podem acessar do outro lado da fronteira, seja porque trabalham lá. Embora a Ucrânia não reconheça a independência da República, não reconhece os moradores dela como cidadãos ucranianos tampouco, visto que eles não podem circular para fora da região de Donbass e a direção para a qual podem se mover é no sentido russo.
Essa é uma guerra que foi promovida pelos piores setores nacionalistas chauvinistas ucranianos, com apoio dos EUA e Europa, que inclusive financiam o Batalhão Azov, uma milícia anti-russa da linha banderista nazistoide (são admiradores de Stepan Bandera) que foi incorporada à Guarda Nacional. A Ucrânia de hoje é um regime neoliberal e satélite americano, governada por uma Junta de oligarcas ucranianos e judeus: o que é irônico, visto o apelo que a “Revolução Ucraniana” do Maidan exerce para vários grupos neonazistas degenerados da região. Trata-se de uma Junta de oligarcas americanófila e sionista que se utiliza de batalhões degenerados de extrema-direita para reprimir uma minoria falante de língua russa (em Donbass), visando, no longo prazo, uma política de “faxina étnica” e ucranização total. Tudo isso para, supostamente, integrar a Ucrânia numa “União Européia” centrado no Ocidente e virar as costas aos vizinhos. Na prática, o que a Junta que hoje governa a Ucrânia fez foi colocar o país de joelhos diante dos EUA e da OTAN e promover um banho de sangue fratricida na região de Donbass.
A Nova Resistência apoia vigorosamente as repúblicas de Lugansk e Donetsk e reconhece que a situação ideal na região seria de paz (e é esse o objetivo do povo de Donbass), tendo em vista inclusive os laços históricos de amizade e afinidade cultural entre os chamados povos eslavos orientais (russos, ucranianos e bielorrusos). Contudo, a Nova Resistência também reconhece que a luta em Donbass, assim como a luta na Síria, é hoje um dos grandes focos da guerra mundial que vivemos na contemporaneidade. A luta do povo de Donbass é uma luta contra o globalismo, o imperialismo americano e o sionismo. E nós já sabemos de que lado estamos.
Nos próximos dias, publicaremos mais fotografias e textos sobre a visita de nossa representação à república de Lugansk.