Tabu é a proibição de uma ação com base no costume social. Todas as sociedades possuem tabus, mas o que é e o que não é tabu varia de acordo com a sociedade. Há tabus em todas elas e a maioria destes tabus possuem séculos ou milênios de estabelecimento. O fundamento do tabu é o conjunto de princípios e valores, geralmente religiosos, de uma sociedade.
Sociedades se erguem, como estruturas complexas e refinadas de duração multissecular, ao redor de tais valores e tabus. Os tabus, em geral, funcionam como represas que isolam ou limitam os instintos caóticos e destrutivos do homem, de maneira prática, direta e óbvia, ou de forma simbólica.
Quando o progressista liberal idiota afirma que “X é construção social”, se referindo a costumes com milênios de prática ou à valores com milênios de vigência, ele age com a leviandade de uma criança mal criada. Sim, muita coisa é construção social. Mas ser construção social não é atestado de legitimidade ou ilegitimidade, nem tem qualquer implicação deontológica. Ao contrário, as sociedades e civilizações, todas elas, se erguem sobre incontáveis construções sociais e inúmeros tabus, sem os quais nenhuma delas existiria.
A essência do tabu está no “limite”. E o conceito de “limite” permeia toda a existência em sociedade. Ele é fundamental. Dos limites entre propriedades às normais jurídicas, passando pelos ritos religiosos, a existência humana se constroí a partir dos limites.
E é por isso que o liberalismo, em si mesmo, em todas as suas vertentes, é essencialmente anti-humanas e anti-civilizatórias. No apelo à falsa liberdade baseada na destruição dos limites, encontra-se um projeto de desintegração social inevitável.
Intelectuais progressistas vindos do meio liberal de esquerda olham para a condição pós-moderna com assombro, falando sobre “relações líquidas” e outros sintomas trágicos de nossa era, mas eles não conseguem visualizar as origens filosóficas fundamentalmente liberais e iluministas que tornaram possível semelhante condição. E não conseguem porque eles dão aval e elogiam o liberalismo em sua origem.
O liberalismo desemboca inevitavelmente no discurso de mídias como a “Quebrando o Tabu”. São todos “quebradores de tabu”, cada um “quebrando tabus” de eras diferentes, mas como parte de um mesmo processo de desintegração civilizatória.
Em oposição a isso, precisamos fortalecer o tabu. Precisamos impor limites. Precisamos erguer barreiras e muros. Precisamos fortalecer costumes e restaurar ritos. Naturalmente, aproveitando as circunstâncias para nos livrarmos de pesos desnecessários e incompatíveis com os desafios de nossa era.
O “artista” nu, de mãos dadas com um punhado de crianças, é só um sintoma de um problema profundo de nossa civilização decadente.