Os centros de poder político dos EUA estão fragmentados e em conflito uns com os outros. Foi o que aconteceu após a chegada de Trump ao poder, e assim continuará por um tempo razoável. Agências do governo sabotando umas as outras, agências de inteligência espionando e tentando derrubar altos funcionários do próprio governo e por aí vai. Mas os poderes reais que tem instrumentalizado a política americana permanecem intocados, incólumes, entronados em seus centros.
Hollywood é o coração da indústria cultural que encanta, fascina e enfeitiça corações e mentes em prol do atlantismo, do globalismo e do imperialismo. Enquanto as redes de notícias (que são, no mundo todo, apenas um pequeno punhado de corporações) constituem o aparato de propaganda direta, Hollywood é a máquina de manipulação das consciências coletivas, com um teor mais sutil, mas que não perde seu caráter de propaganda ideológica.
Sua finalidade não é artística. Hollywood não pode ser, nem mesmo, associada com algo específico do caráter americano, como algum tipo de aparato essencialmente “americanista”. Criada e alimentada desde suas origens por intelectuais e artistas desenraizados ligados ao sionismo, apesar de Hollywood ter, por décadas, servido como principal meio de propagação do suposto “sonho americano” e do “american way of life”, Hollywood hoje se jacta de ser defensora de uma visão unimundialista, “progressista”, politicamente correta, não se privando nem mesmo de criticar o “provincialismo atrasado” de certos setores da América profunda.
Nesse sentido, Hollywood está perfeitamente alinhada à filosofia por trás do neoconservadorismo americano, mesmo que a indústria cultural americana tenda a ser “de esquerda”. É o mesmo ânimo por um único mundo sem fronteiras, sem barreiras para a expansão do mercado, sem impedimentos para a circulação de pessoas, governado com base em uma ideologia supostamente humanista e progressista, com os EUA mantenedor da ordem, como polícia do mundo.
Trata-se, enfim, do típico liberalismo cultural, às vezes pendendo à esquerda, às vezes pendendo à direita, mas nunca, jamais, saindo desse eixo central globalista e pseudo-progressista. Todas essas pautas, por exemplo, da esquerda pós-moderna e da direita ultraliberal que são defendidas como algo “contracultural”, como se fosse algum tipo de “rebelião contra o sistema” tem seu centro de propagação em Hollywood. Hollywood é quem gasta bilhões anualmente para convencer bilhões de pessoas ao redor do mundo de que tudo que seus avós acreditavam estava errado e que todos os seus costumes e opiniões eram preconceituosos e deveriam ser extirpados.
A cerimônia do Oscar, então, é a coroação das pautas de propaganda de Hollywood. Filmes, atores e trabalhadores não são premiados com base na qualidade de suas obras e participações, mas segundo pautas ideológicas previamente acordadas. As premiações servem, sempre, para mandar algum tipo de “mensagem” para o mundo, para “desafiar” algum tipo de inimigo simbólico (o da vez é o Trump) ou qualquer superficialidade do tipo. Na prática, o Oscar é a versão da indústria do cinema para o Nobel da Paz, outra premiação fundamentalmente política, com finalidades propagandísticas pré-determinadas.
Washington e o complexo militar-industrial podem ser a mão pesada do imperialismo. Mas Hollywood é a sua consciência. É o que nos convence nos anos 80 de que o Taliban e a Al-Qaeda eram galantes combatentes da liberdade e no início do novo milênio de que eles não passam de assassinos selvagens, para, aí então, quando o inimigo muda, dar um Oscar em 2017 para a organização Al-Qaeda, através de seu braço médico, os afamados “Capacetes Brancos”.
Hollywood mente, engana, manipula e inventa. E bilhões de espectadores acreditam. É a natureza da sociedade do espetáculo que seja assim. Mas enquanto não se puder travar combate direto contra esses inimigos, é necessário insistir na denúncia, no boicote e na conscientização das massas, travando, nós também, um trabalho cultural.
Morte a Hollywood!