Acerca do caráter salvífico da Violência Proletária

“A violência proletária, exercida como pura e simples manifestação da luta de classes, deste modo, aparece revestida de um caráter belo e heroico. Está a serviço dos interesses primordiais da civilização e (…) pode salvar o mundo da barbárie” (Georges Sorel).

No espírito dissidente-revolucionário das assertivas de Georges Sorel, contidas em sua monumental obra Reflexões Sobre a Violência, começaremos este artigo com a seguinte proposição: é através do princípio da luta de classes e, sobretudo, por meio da violência operária e camponesa, que as identidades orgânicas (étnicas e raciais), principais fatores de resistência ao status quo na contemporaneidade política, poderão se salvaguardar da extinção e do declínio: no Brasil, na América Latina, na Europa e em todos os lugares do mundo em que predomine a lógica do Capital.

O que isto significa?

Primeiro, que é inútil combater o sistema burguês apenas pela via normativa, sem destruir as bases materiais em que este mesmo sistema repousa, a saber: o modo de produção capitalista, pautado na exploração do Homem pelo Homem, na expansão dos monopólios e na economia de guerra, cujos principais resultados são o desmonte das identidades regionais e a completa sujeição de seus modos de vida à exploração capitalista do tipo ocidental, causando a exasperação da miséria e da pobreza.

Segundo, que o antagonismo de classes é um elemento objetivo da realidade material. Os interesses da grande burguesia e dos grandes oligarcas são insofismavelmente antagônicos aos interesses do produtor de base, do Trabalhador. O Trabalhador visa sempre e necessariamente a sociedade, a subsistência do eixo societário coletivamente, ao passo que o burguês visa sempre o lucro, a extração dos juros e da mais-valia.

O antagonismo de classes, nestes termos, é completamente irredutível a qualquer premissa de fundo ideológico. A bem da verdade, vários teóricos de inspiração conservadora (como Proudhon e Weitling) já esboçavam considerações sobre a luta de classes antes de Marx e do marxismo. Além de que, como bem salienta o professor Dugin, continuamos vivendo sob o capitalismo e, assim, a luta de classes permanece na agenda, ainda que sob novas formas.

Terceiro, que as comunidades étnico-orgânicas possuem um pertencimento de classe bem demarcado na topografia social: o caboclo e o caipira do Sertão são camponeses, pequenos produtores, inseridos na cadeia produtiva do país e, neste sentido, sujeitos às flutuações macro-econômicas provenientes da acumulação capitalista. O mesmo pode ser dito das redes de economia familiar gaúchas e das comunidades quilombolas/indígenas. Todas estas comunidades étnico-orgânicas fazem parte da classe explorada que compõe o exército de reserva das grandes metrópoles.

Deste modo, intensificar a luta de classes, ampliar a consciência do Trabalhador acerca do seu pertencimento de classe, exasperar e aperfeiçoar a consciência de classe, são fatores salutares que devem estar na agenda de qualquer organização revolucionária e dissidente.

Devemos superar o sindicalismo burocrático e a mentalidade liberal-burguesa da classe operária. Devemos lutar pelo (re)enraizamento dos camponeses migrantes que deixarem saus terras para ir às metrópoles atrás de melhores condições, mas que só encontraram miséria, sub-emprego, exploração e adoecimento.

Um reavivamento da luta de classes se faz necessário, sobretudo no momento atual, em que o desemprego abunda e pautas como a terceirização passam a ser prioridade da casta parasítica dominante empresarial e parlamentar.

A Nova Resistência é uma organização que presa pelo enraizamento dos povos e por suas identidades e que é composta por trabalhadores(as) e proletários(as). Nossa posição de classe é bem definida.

Por uma sociedade de Produtores Livres!

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