Keith Preston – As Profecias Nietzscheanas: 200 Anos de Niilismo

Entre os muitos grandes e extremamente influentes pensadores do século XIX, é Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) facilmente o mais distinto em termos de possuir tanto as críticas mais profundas e penetrantes da civilização ocidental como ela era em seu tempo, e os insights e previsões mais prescientes quanto a o que o curso futuro da evolução do Ocidente envolveria. Em nossos próprios dias, Nietzsche tem sido um tópico popular do discurso acadêmico por algum tempo, e a leitura de suas obras há muito tem sido um passatempo popular entre estudantes modistas. Porém, na época de Nietzsche, ele permaneceu obscuro e suas obras não foram amplamente lidas ou aceitas até após sua morte. Mesmo com a abundância de estudos de Nietzsche que foram produzidos no mais de um século desde seu falecimento, suas idéias centrais permanecem amplamente incompreendidas ou mal interpretadas. De fato, Nietzsche ten sido majoritariamente apropriado pela Esquerda acadêmica – uma grande ironia considerando seu próprio desprezo considerável pela política da Esquerda – e a filosofia acadêmica dominante do pós-modernismo inclui a filosofia de Nietzsche como uma ancestral direta em sua linha genealógica.

Nenhum pensador é mais importante ou relevante para as idéias da Revolução Conservadora do que Nietzsche. Enquanto Marx continua a reter seu status como o mais influente pensador radical do século XIX, foi Nietzsche que foi o mais revolucionário dos dois nas implicações efetivas de seu pensamento. Nietzsche também permanece como um oposto polar dos contrarrevolucionários conservadores que surgiram em oposição à difusão da influência do Iluminismo. Nietzsche não é mero tradicionalista ao estilo de Edmund Burke, Joseph De Maistre, ou Louis De Bonald. Sua perspectiva envolve um afastamento dramático não apenas do pensamento tradicional ocidental como ele se desenvolveu desde o tempo dos socráticos, mas também da cultura intelectual de mesmo os mais avançados ou revolucionários pensadores de seu tempo.

O Contexto Histórico do Pensamento de Nietzsche

Uma compreensão adequada de Nietzsche é impossível sem reconhecimento do contexto histórico no qual ele escreveu. As obras centrais de Nietzsche foram produzidas entre 1872 e 1888. Por aquela época, a revolução intelectual do Iluminismo estava bem estabelecida entre elites intelectuais ocidentais e entre as classes médias letradas ascendentes. A revolução intelectual iluminista e seus derivados foram existenciais em natureza. O aspecto mais importante do impacto da revolução foi o que Nietzsche caracterizou como a “morte de Deus”. Avanços no conhecimento humano em uma grande variedade de áreas tiveram o efeito de minar a credibilidade das perspectivas teológicas tradicionais sobre cosmologia, filosofia moral, o sentido da existência humana, e daí em diante.

A derrubada da visão-de-mundo cristão que havia dominado a civilização ocidental por 1500 anos deixou pensadores subsequentes com um grande números de questões profundas. Se o propósito da vida de um indivíduo não é alcançar a salvação em um pós-vida, enquanto qual é o propósito da vida? Se o rei ou autoridades políticas estabelecidas não governam por direito divino, então qual é a base da legitimidade política? Como a sociedade deve ser organizada? Se a moralidade não é entendida segundo os ensinamentos da Igreja, da Bíblia, ou da autoridade religiosa tradicional, então qual é a base da justiça, da moralidade, da verdade, ou do “certo e errado”? Esses conceitos possuem qualquer sentido intrínseco ou objetivo? Se o universo observável não foi o produto de criação especial por um poder divino, e se a humanidade não foi “criada à imagem de Deus”, então qual é o sentido da existência? Teria ela sentido para além de si própria? Se a história não é guiada pela providência divina, então como deve o processo de devir histórico ser entendido? Essas são as questões com as quais os pensadores ocidentais tem lutado desde que a velha visão teológica do universo e da existência foram demolidas pelas inovações intelectuais do Iluminismo.

A Nova Religião da Razão e do Progresso

A civilização ocidental existiu por milênios antes da ascensão da Cristandade Romana, então não é de surpreender que intelectuais iluministas anti-cristãos encontrassem inspiração nas obras clássicas da Antiguidade. Os pensadores iluministas desenvolveram uma visão-de-mundo e perspectiva filosófica relativamente similar àquela que prevaleceu entre os grandes pensadores da cultura intelectual greco-romana. A ênfase cristã tradicional em fé, revelação, mistério, e autoridade divina foi rejeitada em favor de uma nova ênfase na eficácia da razão humana e na habilidade de engajar em criticismo racional.

A visão iluminista do universo espelhava a perspectiva antropocêntrica dos gregos, com as idéias dos philosophes refletindo o adágio grego de que “o homem é a medida de todas as coisas” a um grau muito mais alto do que o pensamento cristão jamais fez. Foi a visão dos philosophes de que apenas a razão humana e o pensamento racional possuíam a capacidade para o discernimento das operações do universo através do uso da ciência. Essa confiança havia sido gerada pela revolução científica do século XVII. A razão humana era similarmente capaz de discernir as operações da sociedade e de descobrir modos pelos quais a sociedade e a humanidade poderiam ser melhoradas.

A partir dessa convicção emergiu um otimismo intelectual que expressou grande confiança na possibilidade e inevitabilidade do progresso. Essa moldura intelectual que foi transmitida às gerações subsequentes de europeus pelos grandes pensadores do Iluminismo formaram a fundação para a maior parte do pensamento moderno.

O conceito de progresso foi uma característica dominante de cada aspecto do pensamento no século XIX, seja nas áreas da filosofia, política, ou ciência. Pensadores da escola Idealista alemã, como Immanuel Kant e G.W.F. Hegel, tentaram reter a noção de justiça, moralidade, e virtude como conceitos possuindo características transcendentes em uma maneira similar àquela encontrada nas abordagens prévias cristãs à filosofia moral. Hegel desenvolveu uma doutrina filosófica conhecida como “historicismo” que caracterizava o processo do desenvolvimento humano histórico como um pelo qual a razão desdobra-se em direção a um estado superior de unidade racional que contem dentro de si a coleção das expressões prévias, e contradições resolvidas dentro, do pensamento humano.

Hegel deu um brilho metafísico e quase-teológico a seu sistema filosófico de um modo que ainda é debatido e sujeito a interpretações variáveis. Porém, essa visão linear, progressiva da história postulada por Hegel estabeleceu o molde para a interpretação história que dominaria o pensamento ocidental pelo próximo século.

Karl Marx e Friedrich Engels desenvolveram uma concepção materialista da interpretação hegeliana da história como um processo dialético. O componente nuclear da interpretação marxista da história é um tipo de determinismo econômico. Segundo o marxismo, a história é a manifestação da luta entre classes sócio-econômicas em competição. Outros aspectos da vida humana tais como política, religião, cultura, família, e filosofia são meramente expressões ou consequências das fundações materiais de uma dada sociedade. O marxismo considera a história como um processo evolutivo no qual o conflito de classe serve como o processo dialético cujo impacto é o progresso da humanidade na direção de um estágio superior do desenvolvimento social.

A ideia oitocentista de progresso foi ainda mais fortalecida pelas inovações científicas do tempo. O pensamento evolucionário tornou-se odminante nas ciências naturais conforme as visões religiosas mais antigas sobre as origens da humanidade e do universo caíram na ignomínia intelectual. O modelo dominante da teoria evolucionária da era foi o modelo “desenvolvimentista”. Esse modelo sugeria que o processo evolucionário era uma manifestação de um impulso linear em direção a um fim particular. A analogia normalmente usada era a do crescimento de um indivíduo. A visão convencional era que a evolução transpira de um modo que demonstra direção e propósito. Essa representação particular da evolução, mais famosamente expressa por Jean Baptiste Lamarck, foi destruída por Charles Darwin. Darwin afirmou que a evolução ocorre através de um processo de adaptação por meio da seleção natural.

A teoria de Darwin indicava que o processo de evolução biológica natural exibe um grande grau de aleatoriedade, e desenvolve-se de modo caótico sem qualquer resultado específico sendo inevitável em relação aos fins do processo evolutivo. As implicações atuais da teoria evolucionária darwiniana autêntica depreciam enormemente o modelo “desenvolvimentista” estabelecido de não apenas evolução biológica mas também evolução social humana. Porém, a publicação da obra de Darwin teve o efeito de popularizar o pensamento evolucionário, mesmo se suas idéias fossem mal compreendidas e mal interpretadas.Pensadores subsequentes tentariam encontrar justificativa para suas opiniões sociais ou políticas favoritas na biologia evolucionária darwiniana. Marx considerava que Darwin havia encontrado uma justificativa científica para suas próprias opiniões sobre evolução sócio-econômica, e Darwin também foi apropriado por racistas e defensores do nacionalismo chauvinista.

De fato, esforços para interpretar a evolução social humana dentro do contexto de um molde biológico pseudo-darwiniano tornaram-se bastante abertas em natureza. Defensores do reformismo social, humanitários, advogados do capitalismo predatório, utópicos, teóricos da supremacia racial, e defensores da luta de classes todos apelavam a Darwin como justificativa para suas crenças, todas as quais estavam enraizadas em uma incompreensão fundamental das idéias de Darwin.

Foi a filosofia de Nietzsche que deu o molde interpretativo da história humana que era mais compatível com as implicações do darwinismo genuíno.

A Revolta Contra a Razão e o Progresso: A Filosofia de Nietzsche

Se a biologia evolutiva darwiniana explodiu a ideia oitocentista de progresso no reino das ciências naturais, foi o pensamento de Nietzsche que representou o mais profundo ataque às pré-concepções da época no mundo da filosofia. Nietzsche é talvez mais conhecido por suas afirmações relativas à “morte de Deus”, mas o significado da “morte de Deus” na filosofia nietzscheana envolve muito mais do que mero ateísmo convencional. Outros intelectuais ateístas proeminentes haviam vindo antes de Nietzsche, como Diderot, d’Holbach e (por implicação) Hume, e ele de modo algum foi o inventor do ateísmo moderno. Apesar de Nietzsche ter sido certamente um pensador “anti-teológico” no sentido de rejeitar uma visão-de-mundo teísta em um sentido religioso convencional, sua noção de “morte de Deus” também foi pretendida como uma crítica dos preconceitos intelectuais de sua própria era, incluindo aqueles das elites intelectuais que haviam rejeitado a fé religiosa convencional. Enquanto Nietzsche era ateísta, materialista, e racionalista de um tipo comparável aos pensadores mais radicais do Iluminismo, sua perspectiva diverge radicalmente da tradição iluminista em relação ao papel da razão na vida e no pensamento humanos.

Nietzsche considerava que a ênfase iluminista na razão tinha o efeito de negar o papel das paixões na formação do caráter humano, da ação humana e das sociedades humanas. Ele contrastava a orientação iluminista na direção da razão com as manifestações e ênfase anteriores nas paixões que ele consideravam terem se tornado manifestas pela Renascença. Ele comparou essas duas eras dentro do molde de sua famosa dicotomia apolíneo/dionisíaco. O aspecto apolíneo da essência humana é o racional, lógico, prudente, e contido. O dionisíaco é o instintivo, impulsivo, e emotivo. Nietzsche não era um cético das paixões como Hobbes ou Burke, que consideravam as paixões e sentimentos humanos como tendentes a excessos perigosos e necessitando de contenção. Ao invés, ele aconselhou os seres humanos a viverem perigosamente. Nietzsche considerava o apaixonado e irracional (ou pré-racional) como a fundação de todas as culturas superiores, que ele por sua vez considerou como sendo o ápice da existência humana. Os gregos haviam enfatizado e explorado as paixões, ao invés de temê-las ou evitá-las, e por essa razão os gregos haviam produzido a mais elevadas das civilizações humanas existentes até então. Nietzsche veementemente se opôs aos sentimentos e tendências igualitárias crescentes em direção a uma sociedade de massa e democracia de massa de sua era. Apenas uma elite motivada pelas paixões pode produzir uma cultura superior. Uma sociedade igualitária seria uma sociedade de mediocridades fracas e temerosas preocupadas apenas com conforto e segurança.

A “morte de Deus” foi formulada como um ataque ao idealismo filosófico do tipo mantido por Kant e Hegel tanto quanto um ataque à fé cristã. A filosofia de Nietzsche insistia que não há fundação transcendente ou metafísica para a ética, moralidade ou justiça. Valores desse tipo eram meras construções humanas. Eles não possuem sentido fora do que os seres humanos, individualmente ou coletivamente, atribuem a eles. Nietzsche similarmente rejeitou a visão da história representada pelo historicismo de Hegel. Uma das primeiras obras de Nietzsche, Dos Usos e Abusos da História, é um ataque contra Hegel. A visão linear da história contida no sistema filosófico de Hegel teve muitos precedentes no pensamento ocidental, com raízes alcançando tão longe quanto Aristóteles.

Segundo Nietzsche, a história não tem propósito. É uma mera série de eventos que não possuem sentido próprio, além dos significados subjetivos adotados por indivíduos e grupos humanos relativos a seu próprio tempo, lugar, e experiências. A filosofia de Nietzsche era um ataque a virtualmente todo o legado da metafísica ocidental desde o tempo de Platão.

Nietzsche considerava a idéia oitocentista de progresso, e a miríade de ideologias, movimentos, e causas do tempo que eram uma manifestação dessa idéia como superstições na mesma medida das superstições teológicas que dominavam a era cristão. Sua parábola do louco encontrada em A Gaia Ciência deve ser interpretada desse jeito. Nietzsche está ridicularizando os intelectuais de seu tempo que acreditavam ter alcançado um estado superior de iluminação, e que se consideravam como os progenitores de uma civilização superior. Ele ao invés está defendendo que os pensadores de seu tempo ainda não reconheceram completamente as consequências da “morte de Deus” para a civilização ocidental.

Ao invés, eles estão simplesmente tentando encontrar substitutos trocando velhos dogmas e piedades por novos. Entre esses novos deuses estão o socialismo, o liberalismo, o utopianismo, o humanismo, o nacionalismo, a democracia, o racismo pseudo-científico do tipo representado por pensadores como H.S. Chamberlain e o antissemitismo de seu ex-amigo Richard Wagner. Tais esforços são descartados por Nietzsche como métodos de evitar ou adiar a crise existencial que a civilização ocidental eventualmente teria que encarar. Nietzsche atacou até mesmo os conservadores de sua era por fazerem concessões demais aos movimentos igualitários ascendentes como a democracia e o socialismo, e por manterem sua lealdade à carcaça do Cristianismo. Ele descartava as aristocracias europeias tradicionais como fracas e decadentes, e ele também se opunha aos movimentos nacionalistas de seu tempo como sintomáticos das sociedades igualitárias de massa compostas por indivíduos medíocres que ele via no horizonte. Nietzsche profeticamente sugeriu que o século XX seria um tempo de grandes guerras entre movimentos ideológicos de massa de seu tempo, e que somente no século XXI a crise existencial da civilização seria completamente reconhecida.

A profecia de Nietzsche de que o século XX seria um tempo de guerra em uma escala sem precedentes entre forças ideológicas polarizadas encontrou sua realização na Grande Guerra e então na Segunda guerra Mundial, e a destrutividade dessa última ultrapassou até mesmo a brutalidade chocante da primeira. O sofrimento e morte geradas pelas duas guerras mundiais, e a invenção de tecnologia de armas com a capacidade de destruir toda a humanidde demoliu a fé oitocentista no progresso e empurrou os intelectuais do pós-guerra em direção a um confronto com as implicações niilistas da ciência e filosofia modernas do tipo sobre o qual Nietzsche escreveu. O existencialismo, com suas raízes implícita ou explícitamente nietzscheanas, tornou-se a perspectiva filosófica dominante para intelectuais em meados do século XX. O existencialismo representa um esforço para confrontar a crise do niilismo sugerida por Nietzsche e o problema sério que essa crise representa para a ética humana e a questão do sentido. Se a existência não tem sentido, então qual é a base do comportamento humano adequado? Se Deus está morto, tudo é permitido, como Dostoevsky sugeriu? As lutas dos pensadores existencialistas com essas questões são famosamente ilustradas, por exemplo, pelos esforços da existencialista-feminista Simone De Beauvoir para estabelecer um modelo de ética em face da insignificância da existência apontando para a comunalidade da experiência humana, e a possibilidade de criar virtudes compartilhadas e valores que avancem os interesses humanos no reino da experiência vivida, mesmo que esses valores no fim das constas não possuam fundação ou sentido objetivo ou cósmico. Seu companheiro Jean Paul Sartre afirmava que poder-se-ia criar o seu próprio sentido participando nas atividades sociais ou políticas do próprio tempo ou mesmo abraçando o irracional, por exemplo, tornando-se cristão devoto ou comunista militante. O próprio Sartre escolheu a segunda opção.

O Futuro

Nietzsche previu que seria bem dentro no século XXI antes do pensamento ocidental confrontar completamente a crise do niilismo. Então logo pareceria que ele estava correto. O pensamento ocidental desde o Iluminismo havia tentando compensar pela perda da velha fé substituindo a visão-de-mundo cristã desacreditada com novas fés e novas piedades. Conforme essas foram se tornando cada vez mais difíceis de justificar dentro de uma moldura de racionalidade e crença em um “progresso” inevitável, os intelectuais ocidentais cada vez mais recuaram no irracional. Isso é ilustrado pelo curioso fenômeno dos presentes esforços pelas elites intelectuais ocidentais para abraçar o pós-modernismo, com seu relativismo cultural e moral acompanhando, e ao mesmo tempo abraçando o fanatismo moralista igualitário-universalista-humanista popularmente rotulado “politicamente correto” e defendendo com grande piedade cruzadas liberais como “direitos humanos”, “anti-racismo”, “liberação gay”, feminismo, ambientalismo e similares. Tal perspectiva, que combina o extremo moralismo no reino cultural e político, completo relativismo moral no reino filosófico ou metafísico, e às vezes até cai no subjetivismo no reino epistemológico, é fundamentalmente irracional, é claro. Que tal perspectiva tenha se tornado tão profundamente enraizada indica que os intelectuais ocidentais estão desesperadamente trabalhando para evitar uma confrontação total com a crise do niilismo.

Pareto afirmava que as civilizações morrem quando suas elites perdem fé em suas próprias civilizações em tal medida que a vontade de sobreviver não mais existe. As elites políticas e culturais ocidentais exibem um claro desprezo pelo legado de sua civilização, como demonstrado por sua filiação a ideologias anti-ocidentais como “multiculturalismo” e seu apoio por políticas públicas tais como permitir a imigração em massa para o Ocidente vinda do Terceiro Mundo, que ultimamente significa a conquista demográfica e morte da civilização ocidental. A presunção das elites atuais é que uma alteração demográfica dramática pode ocorrer sem consequências notáveis, ou que a destruição da própria civilização ocidental pode ser desejável. A prevalência de tais atitudes novamente indica que o niilismo cultural tornou-se profundamente entrincheirado. Porém esse niilismo até agora tem estado mascarado por platitudes liberal-humanistas de crescente burrice.

Ainda está pra ser visto o que lançará os holofotes sobre essa crise. Ameaças genuínas à própria sobrevivência da civilização ocidental podem bem forçar esse confronto. Estas podem incluir a ameaça de terrorismo nuclear, colapso econômico ou catástrofe ecológica, a escassez de recursos dos quais a civilização depende, ou o enfrentamento com um rival ideológico que representa uma ameaça existencial.  Conforme mudanças demográficas de magnitude a ameaçar a despossessão cultural tornam-se cada vez mais iminentes, e conforme as consequências tornam-se cada vez mais inegáveis, talvez um despertar e renovação culturais começarão. De outro modo, pode até ser o caso que a modernidade e pós-modernidade ocidentais eventualmente sofrerão o mesmo destino que a civilização grecorromana da antiguidade.








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Nova Resistência
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