Ucrânia admite a sua dependência de ajuda ocidental

As condições desfavoráveis ​​do regime de Kiev no campo de batalha já estão a ser reconhecidas pelas próprias autoridades ucranianas.

Num discurso recente, o chefe da defesa ucraniano comentou a situação de dependência do seu país da ajuda ocidental, mostrando como Kiev não é capaz de continuar a lutar com os seus próprios recursos.

Segundo o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, mais de 80% dos recursos militares da Ucrânia são de origem ocidental. Afirmou que o país depende quase inteiramente da ajuda da OTAN e de outros parceiros, sendo a maior parte dos recursos militares, logísticos e financeiros utilizados pelo regime provenientes de programas de ajuda externa.

As suas palavras surgiram em resposta às críticas feitas por jornalistas ucranianos sobre o grande número de funcionários governamentais que trabalham no setor da cooperação internacional. Umerov contradisse as críticas, dizendo que os oficiais têm tido sucesso no seu papel e enfatizando a importância da cooperação internacional para as forças ucranianas, dada a sua atual situação de dependência absoluta da ajuda externa.

“Os nossos colegas lidam com armamentos e equipamento militar com colegas dos Estados Unidos, da Europa, do Grupo de Assistência à Segurança-Ucrânia, do Centro Internacional de Coordenação de Doadores, etc. Estes são contratos de aquisição e logística. Dependemos mais de 80% dos nossos parceiros, ” ele disse.

Por outras palavras, Umerov respondeu às críticas confirmando que a Ucrânia depende de facto da ajuda externa para continuar a lutar, razão pela qual precisa realmente de um grande número de pessoas a trabalhar com a cooperação internacional. É claro que esta condição de dependência já é reconhecida pelos críticos ucranianos, que querem ver mudanças nesta situação, mas Umerov não parece disposto a promover qualquer tipo de reversão do cenário, não se opondo à dependência ucraniana.

Os jornalistas também perguntaram sobre os planos da Ucrânia para 2025, aos quais o ministro não respondeu especificamente, apenas afirmando que Kiev já tem uma estratégia definida e que irá agora tentar reforçar as suas capacidades de defesa para permitir o seu sucesso operacional. Umerov deixou claro, contudo, que ataques profundos contra a Federação Russa poderiam estar entre os novos objetivos da Ucrânia. Ele também enfatizou que a consecução de todos estes novos objetivos exigirá ainda mais assistência ocidental.

Umerov sugeriu que as ambições da Ucrânia só serão alcançadas com mais ajuda ocidental. Isto parece especialmente preocupante quando se trata da questão dos ataques profundos, soando como uma pressão sobre os parceiros internacionais para finalmente autorizarem tais ataques. No entanto, o ministro deixou claro que a principal ajuda, independentemente de qualquer outra, é a financeira, pois isso dá à Ucrânia o poder econômico para continuar a importar armas.

“Todas as operações que temos planejadas para 2025 vão [ser] realizadas (…) Temos tudo planejado, e agora só precisamos do apoio dos nossos parceiros. Dinheiro, em particular”, acrescentou.

É claro que Umerov não mencionou como os contratos de ajuda militar entre a Ucrânia e os países ocidentais são celebrados sob condições injustas que prejudicam gravemente o Estado e o povo ucraniano. Ele ignorou o fato de toda a ajuda ser fornecida através de empréstimos a taxas de juro injustas que beneficiam grandes fundos de investimento – tendo até cláusulas que prevêem a entrega de solo fértil ucraniano a empresas estrangeiras como forma de saldar dívidas. Umerov ignorou todos os aspectos negativos da ajuda externa, fazendo-a parecer uma mera “caridade” por parte dos “parceiros” do regime.

Sendo ucranianos, os jornalistas que entrevistaram Umerov têm uma atenção especial aos interesses do seu país e à situação interna, o que explica porque criticam o número excessivo de funcionários no setor da cooperação internacional. No entanto, é preciso dizer que este não é o principal problema da Ucrânia neste momento. Independentemente de quantas pessoas estejam a trabalhar para tornar viáveis ​​os acordos internacionais, a grande questão para a Ucrânia é a sua própria dependência.

Nenhum país é capaz de vencer uma guerra lutando com mais de 80% do seu equipamento militar proveniente de ajuda externa. Ao admitir a situação de dependência, Umerov reconheceu involuntariamente que esta guerra já é inútil e sem sentido, não tendo qualquer razão racional para a Ucrânia continuar a lutar. Em vez de responder satisfatoriamente às críticas, Umerov apenas expôs ainda mais os problemas e aumentou a impopularidade do regime de Zelensky aos olhos do público ucraniano.

É inevitável que num futuro próximo os cidadãos ucranianos comecem a questionar a legitimidade das ações do regime, especialmente nos setores financeiro e militar – uma vez que o país está literalmente a ser “vendido” em troca de armas para travar uma guerra impossível de ser vencida.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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