Um dos maiores triunfos do liberalismo sobre a classe trabalhadora, foi o liberalismo conseguir fazer os pobres abandonarem a sua consciência de classe e o seu ódio contra os ricos e nesse artigo explicaremos o porque.
Social-democracia: um comunismo burguês
Um dos pensadores marxistas mais relevantes pro pensamento revolucionário comunista até hoje é George Sorel. Sorel acreditava no protagonismo da violência como ferramenta na luta revolucionária. Contrariando seus colegas social-democratas, acomodados ao sistema liberal, Sorel defendia que a pauta reformista liberal de seus colegas só mataria a ânsia de mudança do trabalhador e isso foi uma completa verdade.
Devido a pauta reformista da social-democracia, ela própria abandonou suas clássicas políticas de centro-esquerds para dar lugar a “terceira-via” de centro, uma tentativa de conciliar neo-liberalismo e social-democracia, cujo um dos maiores adeptos foi o presidente americano, Bill Clinton; o primeiro-ministro britânico, Tony Blair; e o presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso.
O abandono dos social-democratas da luta de classes e seu foco cada vez maior em conciliação, cooperação de classes e moderação, provocou o próprio aparelhamento dos movimentos de centro-esquerda pela burguesia. Nesse momento, o trabalhador que ainda tinha um mínimo de protagonismo nesses movimentos, se tornou secundário e até mesmo esquecido. No lugar do trabalhador, veio as minorias sociais, como movimentos de LGBT’s, feministas, movimentos raciais e etc….
Com isso a própria lógica de consciência de classe se perdeu, criando uma classe hiper-individualista que é a perversão da antiga ideia de proletariado, essa casta sem identidade cultural, religiosa e de classe, recebe o nome pelo filósofo Diego Fusaro de precariado.
A perversão da Social-democracia
A tentativa de conciliação entre neo-liberalismo e social-democracia feita pela terceira-via provocou somente um resultado: a acomodação ainda mais forte da centro-esquerda ao sistema liberal.
O próprio ato da social-democracia já nascer oposta a ideia de luta de classes e violência revolucionária, já foi um sinal de que um dia a própria distinção entre social-democracia e liberalismo deixaria de existir, como aconteceu hoje.
Fernando Henrique Cardoso e o PSDB são provas contundentes disso. O governo de Fernando Henrique e o PSDB foram um dos governos com maior número de privatizações na história do Brasil. Além disso o PSDB é até hoje um dos partidos que mais colabora com os neo-liberais, é até um dos partidos mais queridos dos liberais, como o MBL. Perceba aí a perversão da social-democracia, justamente por causa da sua pauta ter sido sempre do reformismo e não da Revolução.
Hoje no Rio Grande do Sul, o governador do PSDB, Eduardo Leite, tem usado da tragédia do Rio Grande do Sul para avançar ainda mais com sua pauta de privatizar tudo estatal. PSDB é uma abreviação de Partido da Social-democracia Brasileira, porém todo caráter mínimo de socialismo, comunismo e social-democracia já é totalmente inexistente no partido. Um partido que anteriormente se apresentava como uma versão reformista e moderada do PT, se tornou um mero partido liberal padrão (até o próprio PT hoje se tornou um típico partido neo-liberal com roupagem de esquerda).
A transformação do proletariado em precariado
A acomodação da esquerda ocidental na Social-democracia começou logo após o fim segunda guerra mundial. Com o início da guerra fria, se começou um medo generalizado de tudo que cheirasse comunismo no ocidente, por causa disso a esquerda revolucionária se viu num dilema: ou moderamos nosso discurso ou seremos perseguidos. Ora, a moderação é mera concessão aos pontos do seu inimigo, uma tentativa de conciliar água com óleo.
O resultado disso é a transformação da própria luta de classes. De pouco a pouco, a esquerda foi acomodando sua ideia de luta de classes ao individualismo liberal e isso ocasional a morte do aspecto coletivo da luta revolucionária, a emancipação das classes baixas em relação a burguesia.
O proletariado se individualizou, se fechou no seu próprio ego e mundo, o resultado disso foi sua total transformação numa nova entidade. O proletário coletivista e anti-capitalista deu origem ao precariado individualista e liberal.
Não é atoa que os maiores apoiadores da Direita hoje não são as elites, mas sim a classe média. O precariado não só não defende seus interesses como trabalha para seus próprios opressores e exploradores, se torna uma mera ferramenta anti-revolucionária da burguesia, celebra seus direitos sendo cortados como progresso e desenvolvimento econômico, festeja os grandes empresários ficando cada vez mais ricos enquanto ficam cada vez mais pobres.
Isso é a perda da consciência de classe em sua plenitude.
É impossível negociar com a burguesia
O Fascismo Italiano passou por diversas transformações ao redor de sua história. Em 1919, o Fascismo estava bem mais próximo da Esquerda do que sua perversão em 1922 e ainda mais sua perversão de 1939.
O Fascismo de 1919 tinha um foco anti-burguês proletário bem mais forte. Mas em 1922, Mussolini já havia moderado seu discurso. O anti-capitalismo fascista já havia se transformado no Corporativismo.
O Corporativismo nada mais é que uma versão totalitária e estadista da política de cooperação de classes da social-democracia.
O Fascismo forçou opressor e oprimidos a sentarem juntos como melhores amigos, uma visão extremamente irreal e até burra. Tal visão tão somente favoreceu a burguesia, tanto que eles foram os maiores apoiadores de Mussolini em 1922 durante a Marcha sobre Roma, simplesmente porque tal visão era una forma da burguesia preservar seu próprio poder e estar protegida pelo Estado da violencia proletária.
Tal política de Mussolini se voltaria contra ele em 1943. Após os aliados invadirem a Itália, a mesma burguesia que foi apoiadora firme do Fascismo, se aliou aos aliados. Mussolini percebeu tarde demais que a burguesia não tem ideologia, ética, moral, eles pensam tão somente no lucro e naquele momento estar do lado dos aliados seria mais lucrativo que estar ao lado do Fascismo.
Foi nesse momento que Mussolini rompeu com a burguesia e voltou com o típico Fascismo de 1919, porém aí já era tarde demais.
O Capitalismo já nasceu satânico, como a encarnação do demônio da ganância, por isso qualquer tentativa de negociar com o capitalismo significa somente uma coisa: se aliar a Satanás, especificamente ao príncipe infernal da ganância, o demônio Mamon.