Forças Armadas ucranianas não acreditam que haverá contra-ofensiva na primavera

A suposta “contra-ofensiva de primavera”, que estaria sendo preparada pelas forças de Kiev, já começa a ser desacreditada antes mesmo de começar.

Fontes locais afirmam que as tropas ucranianas estão muito fracas para lançar um grande ataque contra os russos em um futuro próximo, contrariando as expectativas otimistas dos jornalistas pró-Kiev e das autoridades da OTAN. Até a imprensa americana começa a admitir a improbabilidade de uma contra-ofensiva ucraniana, o que na prática significa que o Ocidente já não acredita numa vitória de Kiev.

Em um artigo publicado pelo Washington Post, foi dito que as forças armadas ucranianas estariam tão “degradadas” neste primeiro ano de operação militar especial russa que a tentativa de lançar uma contra-ofensiva após o inverno provavelmente terminará malsucedida. Segundo informantes do veículo, muitas das mais experientes tropas ucranianas já foram mortas ou feridas durante as intensas batalhas ocorridas desde fevereiro do ano passado, restando agora apenas algumas forças qualificadas o suficiente para realizar uma grande ofensiva, como a que está sendo planejada pelo governo ucraniano e pelos estrategistas da OTAN.

Uma das fontes ouvidas pelos jornalistas foi um funcionário ucraniano identificado pelo pseudônimo “Kupol”. Ligado à 46ª Brigada de Assalto Aéreo da Ucrânia, Kupol afirmou que “infelizmente, eles (experientes militares ucranianos) já estão todos mortos ou feridos”, acrescentando que os novos recrutas são despreparados, inexperientes, mal treinados, e que “(eles) simplesmente largam tudo e correm” assim que a batalha começa.

Kupol também mencionou a gravidade da atual falta de munição por parte das forças armadas ucranianas. Ao que tudo indica, a maior parte dos estoques de Kiev já foi gasta, com os soldados sofrendo com a ausência de equipamentos para contra-atacar os russos durante os combates. Kupol também comenta que durante as operações ofensivas o lado atacante perde duas ou três vezes mais que o lado defensor, por isso não acredita que seja possível para o Kiev iniciar algo como uma grande contra-ofensiva agora, com tantas derrotas sofridas.

“Não podemos perder tanta gente (…) Você está na linha de frente. Eles estão vindo em sua direção, e não há nada para atirar (…) Não temos gente nem armas (…) Se você tiver mais recursos, você ataca mais ativamente. Se você tem menos recursos, você defende mais. Nós vamos defender. É por isso que, se você me perguntar pessoalmente, não acredito em uma grande contra-ofensiva para nós. Eu gostaria de acreditar nisso, mas estou olhando para os recursos e perguntando: ‘Com o quê?’ Talvez tenhamos alguns avanços localizados”, disse ele.

Noutro ponto da entrevista, o responsável ucraniano afirmou ainda que o número de tanques prometidos pela NATO a Kiev seria “simbólico”, contrariando todas as alegações de autoridades ocidentais e de jornalistas propagandistas, cujo discurso assenta na retórica de que a ajuda com os tanques serão uma espécie de “virada de jogo” no campo de batalha. Nesse sentido, este relatório é importante para mostrar como a narrativa ocidental está desacreditada entre as próprias autoridades ucranianas, que gradualmente começam a admitir que as chances de vitória de Kiev são improváveis.

Atualmente, há grande expectativa na opinião pública ocidental de que os ucranianos avancem e retomem o terreno durante esta primavera. Há muitos relatos dizendo que Kiev está mantendo suas principais reservas de combatentes, incluindo veteranos e forças especiais, fora da zona de risco, talvez até na Polônia e em outros países da OTAN. Nessas regiões, eles estariam sendo treinados para serem enviados a uma ofensiva anti-russa.

De fato, isso parece ser verdade. Não é por acaso que Kiev está enviando adolescentes e recrutas mal treinados para o “moedor de carne” de Bakhmut. O objetivo é evitar a perda de soldados ainda mais experientes, o que acabaria com qualquer possibilidade de contra-ofensiva. Portanto, é muito provável que essas tropas qualificadas estejam sendo treinadas para se preparar para um ataque futuro.

O problema é o poder de combate dessas tropas. Como Kupol disse, restam poucos soldados experientes, com o número de tropas sendo um fator chave em tais situações de combate. Muito provavelmente, os planos de Kiev falharão se tais ataques em larga escala forem realmente implementados. Os russos têm um poder de mobilização muito maior e poderiam substituir facilmente quaisquer perdas, enquanto a reserva ucraniana já está destruída. Assim, a fim de preparar a opinião pública para o fracasso certo da contra-ofensiva, a mídia ocidental já começou a publicar artigos jornalísticos mostrando as dificuldades das tropas ucranianas, como visto no Washington Post.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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