Hoje, dia 26 de julho de 2025, repousou no Rio de Janeiro um dos maiores doutos da língua portuguesa, o professor, poeta, cientista e tradutor Sérgio de Carvalho Pachá.
Doutor pela Universidade da Califórnia e fluente em cinco idiomas, Pachá foi lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras de 2002 a 2009. No período, tornou-se referência internacional enquanto consultor do idioma, sempre insistindo nos padrões dos mestres e na soberania da comunidade de falantes enquanto parâmetros para a dedução do português adequado. No mesmo período, encontrou tempo para coordenar a quarta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e fazer avançar os projetos de um dicionário próprio da instituição.
Após ter suas opiniões pessoais sobre o Acordo Ortográfico de 1990 expostas, a ABL desonrou-se expulsando Pachá. Seu prestígio, entretanto, seguiu sendo cultivado por uma comunidade de alunos e associações com a sorte de beber um pouco daquela vasta fonte de sabedoria e conhecimento. Mesmo perseguido e adoecido, o professor seguiu, até seus últimos anos, cativando muitos com seu humor e gentileza.
EPITÁFIO IRÔNICO E LIGEIRAMENTE SENTIMENTAL
Não era mau sujeito
O sucumbido enfim Sergio Pachá.
Verdade é que tinha um humor acídico
E pouca paciência com pedantes.
Mas gostava de gatos, de Camões,
Dos pés molhados
De caminhar na areia à beira-mar.
Prometeu, não cumpriu
E partiu sem saber que trem tomava.Rio, maio de 2023
– Sérgio de Carvalho Pachá