O Sacrifício de Darya Dugina: O Cordão Dourado que une nossa “Cavalaria”

Há 2 anos era assassinada em um atentado terrorista Darya Dugina. Seu sacrifício é, hoje, um dos símbolos maiores da luta pela multipolaridade.

Há 2 anos Darya Dugina era assassinada, sua vida sendo tirada pelas chamas em um atentado terrorista organizado pela Ucrânia junto às agências de inteligência do Ocidente.

Ela, naquela época, desempenhava um papel importante no jornalismo investigativo russo, se debruçando sobre temas perigosos que envolviam os vínculos entre as elites ocidentais e certos interesses obscuros. Mas, além disso, ela era uma filósofa neoplatônica e uma militante do eurasianismo, do tradicionalismo e do patriotismo russo.

Ela não era, precisamente, uma “civil”. E seria desonroso tratá-la como se ela não tivesse tido “nada a ver com isso”. Ao contrário, ela era uma combatente espiritual e intelectual na guerra que os povos do mundo travam contra as elites globalistas do Ocidente e seus exércitos de zumbis.

Ela era, portanto, uma camarada.

Alguns difamadores nos questionam do “porquê” de sempre recordarmos e exaltarmos a memória de Darya Dugina. Para eles parece “ridículo” que “brasileiros” fiquem recordando uma “russa” que morreu “do outro lado do mundo”. São zumbis e golens cínicos, são homens-animais, e sobre essa gente Yukio Mishima já disse o que se precisava dizer: “O cinismo que considera cômico o culto a heróis é sempre acompanhado por um senso de inferioridade física”. Quem está na lama, no pântano, sempre tentará arrastar tudo para o próprio nível.

A “camaradagem” não é uma “amizade”, porque ela não é um sentimento. Tampouco é uma mera “concordância política” porque ela não é racional. A camaradagem é um vínculo de sincronia espiritual que une, em um cordão dourado, todos que lutam na mesma guerra eterna e planetária das forças da Tradição contra as forças parasitárias da Modernidade.

Nesse sentido, ela é o fundamento de uma “Pátria Espiritual” cujos “cidadãos” são como uma “ordem de cavalaria” invisível, travando uma guerra desesperada contra o avanço das hostes subterrâneas.

A ética dessa “Pátria” e dessa “ordem” é loucura e delírio para os homens-animais. Ela é uma ética de sacrifício, dedicação e fanatismo, onde ameaças de morte, chantagens econômicas, promessas de recompensa, repressão jurídico-policial, não significam absolutamente nada. Onde cada golpe sofrido é uma honra, porque indica que estamos no caminho certo; onde cada incômodo causado pelo inimigo fortalece o fanatismo; onde a morte no cumprimento do dever revolucionário é sempre gloriosa e serve para coroar com uma auréola dourada e augusta o camarada tornado herói.

É nesse sentido que não recordamos Darya com um “lamento por uma vítima da violência”, mas, ao contrário, celebramos sua memória e vemos sua morte como a apoteose de uma camarada. Nós pertencemos a um “mundo”, diferente do mundo burguês, em que o “Valhalla” é esperança e anseio, e não medo, e em que cada camarada ascendido recordamos com um brinde.

Naturalmente, ela não é a primeira camarada a morrer. Tanto no Brasil como em outros lugares em que estamos presentes temos os nossos “memoriais” de camaradas caídos. Mas, ainda assim, a morte de Darya Dugina é significativa e é um divisor de águas.

Ela é especialmente significativa porque se dá no marco de uma guerra aberta em que a dualidade Tradição/Modernidade finalmente voltou a se encarnar de forma absoluta na geopolítica, com o enfrentamento entre o Eixo contra-hegemônico, liderado pela Rússia, e a OTAN, liderada pelos EUA. Essa não é uma guerra qualquer, não é uma guerra por interesses econômicos, ações em bolsas de valores, ou qualquer bagatela do tipo, é a guerra fundamental, aquela que vai inaugurar um novo período ou, simplesmente, nos afundar na escravidão.

Ela é significativa, também, pelo profundo simbolismo da morte: uma donzela guerreira-filósofa dotada de uma profunda consciência espiritual e de um patriotismo inabalável, engolida pelas chamas (e, ainda assim, seu corpo ficou quase intacto como vimos no rito funeral!). Ela traz imediatamente à mente Joana d’Arc, por exemplo.

No tipo de luta que travamos, as mártires são muito mais raras que os mártires. E, por isso mesmo, infinitamente mais preciosas. Elas são tão raras que quase nos fazem crer de que se tratava mais de um anjo ou uma emissária dos Deuses do que de uma pessoa comum. Recordemos aqui do papel da projeção exterior da “donzela interior” nos mitos e ritos da cavalaria medieval, ou as valquírias escandinavas e as fravashis persas, todas elas “espíritos femininos” ligadas às “ordens” de heróis guerreiros.

Há, portanto, no sacrifício de Darya Dugina um mistério que se vincula a esses símbolos antigos e que consagra, com seu sangue, essa luta travada internacionalmente contra os inimigos dos povos.

Naturalmente, para o professor Aleksandr Dugin, tudo isso é ainda mais profundo e visceral. Porque ela era sua carne e seu sangue também. O sangue dela, que foi derramado, era dele também e foi, também, uma parte dele que morreu com Darya Dugina.

E, ainda assim, o que vemos de Dugin nos últimos 2 anos é uma dedicação ainda maior e mais fanática à causa pela qual ele tem lutado e sacrificado há décadas. Nesse sentido, é uma honra compartilhar trincheira com tão nobre homem.

Não apenas na Rússia, mas do Brasil ao Japão, da Itália ao Peru, da Argentina à Turquia, da França ao Irã, da Venezuela à China, hoje recordamos Darya Dugina e mantemos viva a sua memória, para que ela siga inspirando e nos dando coragem em nossa luta conservadora-revolucionária global.

Darya Dugina,
PRESENTE!

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 39

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