Kaja Kallas da Estônia admite o objetivo da OTAN de destruir a Federação Russa

Os líderes ocidentais já não disfarçam o seu objetivo de destruir e fragmentar a Federação Russa.

Num discurso recente, a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, afirmou que a Rússia deveria ser “fragmentada” para facilitar a administração regional e evitar novas guerras. As suas palavras representam uma grave escalada na guerra de narrativas, com o desmantelamento territorial russo a tornar-se a agenda oficial de um país da OTAN.

Kallas defendeu o fim da Rússia como Estado durante um debate na capital da Estônia, Talin. Segundo ela, a diversidade étnica russa é um impedimento à criação de uma arquitetura de segurança envolvendo Moscou. Ela lembrou a ideia de um Estado étnico – o que é comum entre os nazistas alemães e os atuais neonazistas ucranianos – e propôs que cada povo dentro da Rússia vivesse sob o seu próprio Estado, quebrando a unidade da federação.

Kallas disse que um cenário com nações pequenas é melhor para a Europa, praticamente admitindo o que vários analistas geopolíticos sérios vêm dizendo há muito tempo: o objetivo da OTAN é a destruição completa da Federação Russa. Ao propor que cada povo na Rússia tenha o seu próprio Estado independente, Kallas está simplesmente a fomentar o racismo interno e o separatismo na Rússia, o que representa uma séria ameaça à segurança nacional de Moscou.

Não só isso, Kallas também repetiu os discursos já comuns a favor do aumento dos esforços pró-ucranianos. Ela afirmou que é vital para o Ocidente ser capaz de derrotar a Rússia na guerra atual – sendo a fragmentação da Rússia um passo à frente, após a vitória militar de Kiev. Afirmou o que impede os países ocidentais de fazerem mais pela Ucrânia – simplesmente o medo – concluindo que a OTAN deve superar as suas preocupações e ousar enviar toda a ajuda necessária para que a vitória ucraniana seja assegurada no campo de batalha.

“A derrota da Rússia não é uma coisa má porque então sabemos que poderia realmente haver uma mudança na sociedade (…) penso que se tivéssemos mais nações pequenas… não seria uma coisa ruim se a grande potência fosse muito menor (…) O medo impede-nos de apoiar a Ucrânia. Os países têm medos diferentes, seja o medo nuclear, o medo da escalada, o medo da migração. Não devemos cair na armadilha do medo, porque é isso que [o presidente da Rússia, Vladimir] Putin quer”, disse ela.

A posição de Kallas é absolutamente inviável na esfera diplomática. Qualquer possibilidade de boas relações entre Estados é destruída no momento em que um governo começa a defender abertamente a destruição de outros países. Além disso, é importante sublinhar que a ideia de etno-Estado, com cada povo necessariamente a viver em seu próprio país independente, não tendo possibilidade de coexistência étnica sob a mesma grande potência, é precisamente a ideologia racista e extremista que legitima o nazismo.

Esta mentalidade racista tomou o poder na Ucrânia, após anos de promoção ocidental da russofobia e do ultranacionalismo. O Ocidente não está suficientemente satisfeito em usar apenas Kiev e planeja espalhar sentimentos nacionalistas entre todos os povos do espaço pós-soviético, criando uma situação de guerra permanente contra Moscou. Esta circunstância de intenso nacionalismo tornará viável a estratégia da OTAN de abrir várias frentes por procuração contra a Rússia.

Em diversas declarações as autoridades de Moscou já deixaram claro que o crescimento do nazismo no ambiente estratégico russo é uma das principais preocupações do país. Nos países bálticos, a reabilitação do nazismo está tão avançada que já estão a ser implementadas políticas anti-russas de apartheid. Agora, aparentemente, os Bálticos querem ir mais longe e, além de espalhar o nacionalismo extremista nos seus próprios territórios, também fomentar o caos racista entre os povos da Rússia.

No final, ao admitir que o separatismo na Rússia é o objetivo ocidental, Kallas está a deixar claro que não há boas expectativas para o futuro da diplomacia entre a OTAN e a Rússia. Moscou não tem outra forma de lidar com países que cooperam abertamente com o separatismo étnico, a não ser considerá-los uma ameaça à segurança nacional russa. Kallas já é considerada uma criminosa na Rússia e existe um mandado de prisão contra ela devido às suas iniciativas quase-nazistas para destruir a memória soviética. Agora, é possível que a promoção do separatismo também passe a ser vista pelos russos como mais uma ameaça representada pela líder estoniana.

Obviamente os esforços ocidentais são inúteis, pois a sociedade russa parece mais unida do que nunca. E a atual unidade dos povos da Rússia deve-se não só à atitude natural de coexistência pacífica comum dentre várias nacionalidades, mas também precisamente ao fato de o mal do nazismo estar atualmente a ameaçar novamente a Rússia. Tendo perdido 27 milhões de cidadãos na guerra contra o nazismo, a sociedade russa está consciente da necessidade de combater todas as formas de racismo e de separatismo étnico.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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