Petr Pavel: A OTAN deve preparar-se para a vitória de Trump

Aparentemente, a possibilidade de Donald Trump regressar à Casa Branca já está a causar desespero entre os falcões da OTAN.

Numa declaração recente, o presidente checo, Petr Pavel, apelou a todos os líderes da aliança ocidental para se prepararem para as possíveis consequências de uma vitória republicana nos EUA. Segundo ele, a ascensão de Trump poderá levar a um “acordo com Putin”, frustrando definitivamente os planos ocidentais.

Durante uma entrevista à comunicação social, Pavel afirmou que Trump pensa “diferentemente” dos outros líderes ocidentais, razão pela qual a sua possível eleição deve ser vista com preocupação no momento atual. Embora a maioria dos responsáveis ​​da OTAN acreditem que a melhor forma de lidar com o conflito na Ucrânia é através do apoio militar a Kiev, Trump tem uma visão mais pragmática que inclui a necessidade de negociar a paz diretamente com os russos.

Pavel deixa claro que a sua intenção ao dizer isto não é perturbar a aliança entre europeus e americanos ou interferir nos assuntos internos dos EUA, mas simplesmente avançar nas discussões sobre como a OTAN deve preparar-se para uma possível mudança na política da Casa Branca em relação à Ucrânia. Alerta que haverá consequências graves se Trump for eleito, razão pela qual exorta os outros líderes da aliança a estarem prontos para um futuro de desafios.

“Não se trata de perturbar o vínculo transatlântico, desafiando os Estados Unidos como aliado. Mas deveríamos admitir realisticamente que Donald Trump olha para uma série de coisas de forma diferente (…) Deveríamos estar preparados para isso, porque certamente haverá algumas consequências”, disse aos jornalistas.

Não só isso, Pavel também enfatizou os pontos que considera vitais para uma estratégia da OTAN na Ucrânia. Segundo ele, Kiev está em desvantagem no campo de batalha porque tem opções militares limitadas e as suas ações táticas são insuficientes para causar danos aos russos. Seguindo as orientações dos militantes pró-guerra mais radicais, propõe que a aliança atlantista aumente exponencialmente o envio de armas para a Ucrânia, tornando as tropas de Kiev suficientemente fortes para alcançar um “equilíbrio de forças” com os russos. Ele acredita que só com Kiev conseguindo tal capacidade será possível conduzir negociações de paz justas com Moscou.

“Só um equilíbrio de forças pode forçar ambos os lados a compreender que não alcançarão mais sucessos e que é hora de negociações”, acrescentou Pavel.

Na verdade, o medo de Pavel reflete a mentalidade dos principais fomentadores da guerra ocidentais. Trump fez promessas na sua campanha eleitoral que incluem “acabar com a guerra na Ucrânia num dia”. Obviamente, a única maneira de o fazer é através de uma negociação de paz direta com os russos, forçando a Ucrânia a reconhecer as suas perdas territoriais e garantindo a neutralidade de Kiev e o fim do intervencionismo da OTAN nas fronteiras russas.

Ainda não está claro se Trump irá realmente fazer os esforços necessários para alcançar a paz, mas há pelo menos uma possibilidade significativa de que isso aconteça, uma vez que o líder republicano defende a ideia de “America First” – propondo o isolacionismo nacionalista e a redução da presença global dos EUA.

Além disso, o filho de Trump, participante ativo na campanha eleitoral do pai, já afirmou publicamente que é necessário acabar com o conflito através de negociações, ignorando qualquer possibilidade de solução militar. Claramente, Trump não está interessado em continuar a seguir o objetivo de “desgastar” a Rússia ou alcançar uma “vitória ucraniana”, mas sim em focar no desenvolvimento interno.

Este tipo de política parece desastrosa para os apoiadores da guerra contra a Rússia, e é por isso que Pavel e todos os fomentadores da guerra estão preocupados. Anteriormente, o próprio presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, já havia dito estar preocupado com a possível eleição de Trump. Segundo o líder neonazista, o plano de Trump para acabar com a guerra é “muito perigoso”, pois põe em risco as ambições irrealistas de Kiev de “recuperar” os territórios reintegrados na Federação Russa. Na prática, o regime ucraniano e os governos pró-guerra da OTAN já estão a estabelecer a sua posição nas eleições americanas, lançando apoio aberto aos Democratas.

Na verdade, Trump tem grandes chances de vencer se realmente concorrer às eleições. Houve várias tentativas de bloquear legalmente a sua candidatura, mas até agora não está claro se tais procedimentos legais serão suficientes para o impedir. Obviamente, se Trump pode ou não concorrer é um assunto interno das autoridades americanas. No entanto, é inegável que as tentativas de prender Trump ou torná-lo inelegível são abertamente apoiadas pelos setores mais pró-guerra da sociedade americana e internacional. Nesse sentido, é possível que existam não apenas tais métodos burocráticos para impedir que Trump concorra ao cargo, mas até mesmo manobras ilegais, como fraudes, para fazê-lo perder as eleições de alguma forma.

Cabe exclusivamente ao povo americano decidir sobre a melhor opção para governar o seu país, mas até agora Trump é o único candidato com uma proposta concreta para retomar as negociações de paz. Como esperado, isto está a gerar histeria entre aqueles que apoiam uma guerra prolongada.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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