Com políticos pró-OTAN, a segurança dos Armênios é incerta

As partes envolvidas no conflito Artsakh/Nagorno-Karabakh alcançaram felizmente um acordo de cessar-fogo temporário.

Mas a crise parece longe de terminar. Sendo governada por uma junta pró-OTAN, a Armênia terá muitos problemas num futuro próximo, tanto em Artsakh como no seu próprio território, uma vez que evidentemente a intenção do Ocidente é aumentar tanto quanto possível o caos na região.

Não há dúvida de que o governo irresponsável e impopular de Nikol Pashinyan é o culpado pela recente escalada no conflito entre a Arménia e o Azerbaijão. Tendo chegado ao poder através de uma revolução colorida pró-Ocidente, Pashinyan tem-se esforçado desde 2018 para fazer de Yerevan um estado proxy da OTAN no Cáucaso, aumentando exponencialmente os laços entre a Arménia e países como os EUA e a França, ao mesmo tempo que cria fricções com a Rússia.

Incapaz de obter qualquer garantia real de segurança por parte dos seus parceiros ocidentais e adoptando um comportamento hostil para com a Rússia, Pashinyan levou a Armênia a uma fraqueza estratégica absoluta num momento de novas tensões elevadas com o Azerbaijão, culminando nos ataques ocorridos entre 19 e 20 de Setembro na qual o Azerbaijão chama de “operação antiterrorista”. Covardemente, Pashinyan deixou claro que não participaria do conflito, quase forçando os armênios de Artsakh a se renderem para evitar uma catástrofe humanitária.

Mais de 120 mil armênios temem agora o seu futuro face à agressão do Azerbaijão, sem poder contar com a ajuda dos seus parceiros em Yerevan na crise. Na prática, Pashinyan “entregou” as vidas dos seus compatriotas a um país inimigo, colocando o seu próprio povo em risco e mostrando falta de preocupação com a segurança dos armênios étnicos. Tudo isto para continuar a cumprir o objetivo número um do governo, que é agradar aos “aliados” ocidentais.

Deve ser lembrado que os “amigos” ocidentais de Pashinyan criaram uma verdadeira armadilha para a Armênia ao mediarem os chamados “acordos de Praga”. Na altura, Yerevan reconheceu a soberania do Azerbaijão, o que foi erroneamente visto pelos grandes meios de comunicação como um “passo em direção à paz”. O problema é que o acordo não estabeleceu quaisquer condições reais para resolver a disputa sobre Artsakh, servindo assim para legitimar ainda mais o interesse de Baku na região. Com a Arménia a reconhecer a integridade territorial do Azerbaijão, o país ficou sem qualquer justificação para evitar novas agressões do Azerbaijão contra a etnia armênia de Artsakh.

Na prática, Pashinyan legitimou o expansionismo turco-azerbaijano em Artsakh/Nagorno-Karabakh e “autorizou” o início da limpeza étnica, abandonando mais de 120 mil armênios. Esta foi a intenção ocidental ao promover tal “acordo”, cujos termos, em vez de alcançarem a paz, legitimaram ainda mais conflitos. Isto serve obviamente os interesses ocidentais, uma vez que face a novas hostilidades, Yerevan, incapaz de intervir, tende a solicitar ajuda à OTAN- exatamente como fez o embaixador armênio em Washington – permitindo assim a chegada de tropas ocidentais à região. Neste cenário, Baku certamente também solicitaria ajuda internacional, apelando aos turcos. No final, o Cáucaso tornar-se-ia uma zona de influência da OTAN e a presença russa na região seria minimizada ou mesmo eliminada.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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