Os EUA já começam a expor claramente os motivos concretos de sua preferência pela chapa Lula-Alckmin.
Lula nem assumiu e a ONU já começou a cobrar alterações em políticas públicas no Brasil. O alvo primário são os homens e os fetos neste momento.
A ONU exige de Lula que ele facilite o acesso legal ao aborto, bem como que amplie e garanta os “direitos sexuais e reprodutivos” das mulheres, o que na prática também é um eufemismo para a defesa do abortismo irrestrito. Como sempre temos dito, o aborto é uma pauta prioritária da elite global, basicamente porque nesse projeto de aceleração da concentração capitalista, com robotização e quarta revolução industrial, vai ter muita “boca extra” sem trabalhar e que pode representar um risco revolucionário para essas elites. A “renda básica universal” pode servir para anestesiar as massas, mas é sempre melhor garantir que essas massas precarizadas e dependentes sejam um pouco menores para facilitar o seu gerenciamento e fiscalização. Basta recordarmos, quanto a isso, da Conferência de Bucareste, realizada em 1974, pelas Nações Unidas, onde Kissinger discursou em defesa da universalização do direito ao aborto como solução para os “problemas populacionais globais”. O embaixador argentino, instruído por Perón (que morreu 1 mês antes da conferência), realizou uma brilhante defesa dos nascituros, que foi aplaudida pelos representantes da maioria dos países, especialmente os do Terceiro Mundo. E a pauta foi, pelo menos publicamente, adiada pela ONU. Hoje essa pauta retorna com tudo embutida nos critérios ESG e na Agenda 2030, e assume uma roupagem menos pragmática na linha do descrito pelo Clube de Roma, sendo vendida como parte de uma cruzada ideológica moralista em defesa dos “direitos das mulheres”.
Mas outra coisa que a ONU quer que Lula revogue é a legislação sobre alienação parental, uma das maiores conquistas da última década em matéria de defesa da família. As normas em questão tratam de criar mecanismos para que caso um genitor (usualmente o pai) perceba que o outro genitor (usualmente a mãe) está influenciando a criança no sentido de afastá-la do genitor que não possui a guarda, dissuadindo-a de sair para visita ou atrapalhando sua convivência, o genitor prejudicado pode tentar reverter a guarda porque a alienação parental seria prejudicial à formação da criança. Segundo a ONU, não existe “alienação parental”. Esse seria um conceito “sem comprovação científica”. Ademais, ainda segundo a ONU, não existe evidência de que afastar uma criança de seu pai e dificultar a convivência gere qualquer tipo de prejuízo ou dano a sua formação. Para a ONU, essas “crenças” de que “pais são importantes” não passam de pseudo-ciência e devem ser combatidas pelo novo governo brasileiro.
Esperamos que o novo governo não se dobre às exigências da ONU, mas considerando a visão multilateralista favorecida pelos intelectuais de “vanguarda” da Frente Ampla, focada em aprimoramento da governança global, devemos nos preparar para o pior.
Em tempo (via Redação): há ainda a expectativa de que Lula será uma ponte entre a antiga e a nova esquerda na América Latina, segundo o ex-embaixador dos EUA no Brasil durante os governos do PT e ex-subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado.
Para Thomas Shannon, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi recebida com alívio e expectativa em Washington, onde a especulação sobre um possível retorno do trumpismo ao poder é motivo de grande preocupação. Na opinião de Shannon, o governo Biden, como muitos outros, quer “o Brasil de volta e mais engajado com a comunidade internacional”. Acredita que a relação entre Biden e Lula será diferente daquela que o presidente eleito tinha com o ex-presidente Barack Obama, “por causa das circunstâncias”. “Vejo uma nova esquerda na América Latina, que não é antiamericana. Lula será uma ponte entre a velha e a nova esquerda”, diz ele. Neste contexto, aponta que “é hora de os líderes latino-americanos assumirem a questão da Venezuela sem os EUA”.