Leonid Savin, analista russo e cientista política, concordou em responder algumas perguntas ao jornalista italiano Costantino Ceoldo. Suas respostas nos ajudarão a entender melhor o ponto de vista russo do que ouvimos da mídia Ocidental.
Entrevista por Costantino Ceoldo
A ação militar russa na Ucrânia é algo que as elites Ocidentais tem cobiçado por muito tempo, olhando para uma derrota russa como antecâmara para sua subjugação e dissolução, antecipando o destino chinês.
O Ocidente, um mundo perdido na decadência LGBT, no gênero, políticas de identidade absurdas, ganharia muito com uma derrota definitiva da Rússia num novo “momento unipolar” sem data de validade, em que a perversão, escravidão e dúvida florescem: no fim, toda a humanidade sucumbiria, sujeita à terrível Nova Ordem Mundial de Davos e seu sacerdote, Klaus Schwab.
Em essência, estamos assistindo um enfrentamento em que a propaganda oficial do Ocidente apresenta as decisões russas como um grande salto no vazio, porque Vladimir Putin seria um louco criminoso e assim fadado ao fracasso.
Sanções econômicas de intensidade sem precedentes, uma barragem midiática contínua e total com a apatia da opinião pública Ocidental já esgotada por dois anos de histeria pandêmica; tudo isso permitiu elevar ao modelo de líder um comediante, Zelensky, um medíocre, utilizado principalmente em papéis de pouco valor. O governo de Kiev, continuamente instigado por Washington, foi assim capaz de esconder suas enormes responsabilidades na crise atual, responsabilidades que não são recentes e datam de antes do golpe de Estado de 2014. Até mesmo os nazistas do batalhão Azov se beneficiaram desta situação e, de fato, a opinião pública Ocidental deveria olhar para eles com a compreensão afetuosa que é reservada a homens rudes, mas sinceros, um pouco grosseiros, mas sólidos e confiáveis.
A Rússia claramente tem outra visão da questão e evidentemente aceitou o desafio com a determinação daqueles que se preparam longamente para o inevitável.
Costantino Ceoldo: Por que a Rússia invadiu a Ucrânia? O que ela quer e o que pretende atingir com esta ação militar?
Leonid Savin: Grosso modo, a causa é uma crescente ameaça existencial para a própria Rússia — da retórica agressiva aos fatos. Laboratórios de armas biológicas do Pentágono já estavam na Ucrânia, assim como paramilitares neonazistas que bombardeavam o Donbass pelos últimos 8 anos. A Rússia tentou chamar atenção para esse problema por muitos anos (incluindo os Acordos de Minsk), com uma última tentativa em dezembro de 2021 quando Moscou disse que se a linha vermelha fosse cruzada haveria uma resposta técnica e militar. EUA e a OTAN não concordaram com as propostas russas e planejavam um grande ataque ucraniano sobre o Donbass, ao que a Rússia respondeu preventivamente.
CC: Os nazistas existem, ainda e infelizmente, em todas as partes do mundo. Por que os da Ucrânia são tão importantes?
LS: O caso ucraniano é bastante específico, porque durante a SGM muitos habitantes da Ucrânia soviética foram mortos, torturados e perseguidos por tropas nazistas. Havia um grande número de colaboradores que apoiavam os nazistas alemães e serviam como polizei — descendentes deles afirmavam que apoiavam a independência da Ucrânia, não da Alemanha nazista. Este mito foi mais amplamente distribuído na Ucrânia desde 1991 e após a primeira revolução colorida em 2005, quando o candidato presidencial pró-ocidente Victor Yushenko entrou no processo de glorificação dos colaboradores nazistas de origem ucraniana, em nível estatal. Isso foi apoiado e promovido por organizações e fundos ocidentais, principalmente dos EUA e do Canadá. É preciso mencionar que alguns políticos contemporâneos nos EUA e no Canadá (por exemplo Paula Jon Dobriansky, são filhos de nacionalistas ucranianos e colaboradores nazistas).
CC: Na sua opinião, o governo russo acredita existir uma ligação entre os laboratórios ianques na Ucrânia e a epidemia de Covid-19? Se sim, por quê?
LS: Há documentos vazados e revelados destes laboratórios onde experiências interessantes declararam — morcegos e aves consideradas como portadores de doenças perigosas e rotas de migração indicavam — que a Rússia era usada como alvo. A propósito, alguns morcegos com rótulos de tais laboratórios já foram encontrados em cidades russas próximas à fronteira com a Ucrânia. Pessoalmente, acho que houve uma tentativa de desenvolver algo mais perigoso e sério do que a Covid.
CC: O Ocidente respondeu à Rússia com a imposição de um surpreendente número de sanções. Qual a situação social e econômica na Rússia?
LS: Não é surpresa. Desde 2014 a Rússia está sob sanções ocidentais. Nosso primeiro-ministro Mikhail Mishistin já disse que a Rússia está preparada para a pressão. Vemos alguma volatilidade monetária, mas parece que o rublo vai se estabilizar. Além disso, temos algumas limitações como viagens ao exterior porque nossas companhias aéreas tiveram voos cancelados, assim como a falta de alguns suprimentos. Mas em geral, a situação é normal. Não temos fome, há comida nas lojas e o preço dos combustíveis não estão subindo.
CC: Quais são os aliados mais confiáveis da Rússia, hoje em dia?
LS: Bielorússia, China, Nicarágua, Cuba, Venezuela, Irã, Paquistão, EAU e Arábia Saudita estão entre os que não apoiaram as sanções ocidentais e buscam cooperação. É claro, também, Cazaquistão, Quirguistão e Armênia (membros da União Econômica Eurasiática junto da Bielorússia e Rússia). Mas também, muitos países africanos, o bloco ASEAN (menos Singapura) e países latino-americanos estão neutros. A Turquia (da OTAN) também.
Fonte: Geopolitica.ru
Tradução: Augusto Fleck