Escrito por Kemi Seba
Faleceu nessa semana, em combate contra insurgências terroristas, Idriss Déby, Presidente do Chade há 30 anos. Uma figura complexa e controversa, alternando entre críticas ao franco CFA e subserviência pós-colonial à França, ainda assim Idriss Déby era um baluarte de estabilidade contra grupos terroristas africanos e morreu heroicamente em campo de batalha, raro para um Chefe de Estado contemporâneo. Kemi Seba, principal voz do pan-africanismo dissidente, faz sua análise desse personagem controverso.
O falecido Idriss Déby foi, entre outras coisas:
- Um militar excepcional
- Um ditador radical e assassino
- Um aliado da cancerígena Françáfrica
- Mas um baluarte definitivo contra os terroristas no Sahel
- Ele morreu na linha de frente (se as informações relatadas pelos militares forem verdadeiras)
Será, para homens e mulheres, dotados de razão e experiência, impossível resumir Idriss Déby em apenas uma faceta quando se conhece a complexidade do Homem.
Aliado da criminosa Françáfrica, mas cofinanciador da rede de TV antifrancesa Afrique Media, amigo íntimo do neocolonialista Jean-Yves Le Drian, mas costumeiramente bastante crítico do franco CFA, Idriss Déby representa esta geração de nossos pais, com potencial extraordinário, mas que terá muitas vezes, apesar de seus muitos dons de Deus, feito prova de esquizofrenia política.
Embora eu tenha me oposto a suas escolhas em demasiadas ocasiões, é difícil para mim regozijar-me com a morte de um homem que foi o baluarte militar supremo contra os terroristas no Sahel.
No que diz respeito ao neocolonialismo francês, ele era um inimigo fundamental aos meus olhos (mesmo que ele levantasse sua voz contra a França de vez em quando), mas diante dos grupos terroristas, eu gostaria de ter visto mais líderes africanos com sua estatura militar para enfrentar com muito mais energia as tendências desestabilizadoras do Sahel.
Um pensamento para todas as famílias chadianas, que de uma forma ou de outra, foram atingidas por seu regime sangrento. E, por outro lado, um pensamento para todos aqueles que têm um senso de análise política, lúcido e frio, sabem que através de sua morte, o Sahel corre o risco de ser ainda mais desestabilizado.
A África do mundo real é complexa. Déby foi um exemplo materializado disso.