Por Chuck Chalberg
Francis Fukuyama não só estava errado sobre a China, mas está começando a parecer que ele estava errado sobre nós também. O fato óbvio de que a China não está se tornando mais Madisoniana é só metade da história. A outra metade é que os Estados Unidos estão ameaçando se tornar menos Madisonianos e muito mais semelhantes à China.
Nós talvez estejamos nos aproximando de um momento histórico de grande ironia e igualmente grandes problemas, problemas que em si mesmos não deixarão de ter sua própria ironia. Já se faz agora cerca de trinta anos desde que nós fomos informados que o “fim da história” havia chegado. Essa foi a lição que o filósofo politico Francis Fukuyama buscou nos ensinar depois que a Guerra Fria terminou e os valores Ocidentais pareciam reinar supremos.
A União Soviética caiu sem um tiro sequer ser disparado; a China comunista abriu-se ao Ocidente e ao capitalismo; e o mundo parecia estar na beira desse acordo geral: alguma versão de democracia capitalista e liberal não era somente a melhor forma de organizar países, mas representava a onda de um novo futuro, que anunciava paz e prosperidade permanentes.
O consenso parecia ser que o modelo americano, ou alguma aproximação razoavelmente próxima disso, era a resposta para os problemas do mundo. Aparentemente, a América realmente era a “cidade sob a colina” de John Winthrop. Melhor ainda, desse ponto em diante a América como uma nação redentora significava redenção através do exemplo americano e não da espada americana. Mais que isso, ao passo que velhos inimigos passavam pelo processo gradual de se tornarem semelhantes a nós esses mesmos velhos inimigos podiam até mesmo se tornar novos amigos— ou, ao menos, competidores pacíficos.
Em meio a todo esse otimismo certamente já não deveria mais haver necessidade alguma de propagar a democracia na ponta de uma arma. As duas Guerras Mundiais estavam permanentemente no espelho retrovisor. Chamados Wilsonianos para “tornar o mundo seguro para a democracia” não mais teriam que ser centrais a qualquer declaração presidencial de Guerra.
De fato, era um justo argumento dizer que o fim da história havia chegado. E para adicionar à “Americanidade” desse momento histórico, a sua chegada coincidira aproximadamente com o aniversário de 200 anos da formação dos Estados Unidos. Portanto, alguns agradecimentos poderiam ser dados aos legisladores americanos cujos documentos fundadores presumiam que liberdade política e liberdade econômica eram melhor garantidas se unidas. Mais que isso, os legisladores acreditavam que você realmente não poderia ter por muito tempo uma sem ter a outra.
Os Estados Unidos se beneficiaram desse entendimento por mais de dois séculos. Com o início dos anos 1990 e o “fim da história”, os rivais da América foram preparados de repente para beneficiarem-se também. E se eles tivessem mesmo, o que viria depois? O mundo inteiro se beneficiaria, também. O “fim da história” viraria conversa fiada em breve; o céu na terra estava próximo.
E por que não? No fim das contas, repúblicas comerciais, ou pelo menos alguma versão disso, não lutam uma contra a outra; elas negociam umas com as outras.
Agora vamos avançar três décadas. Nem a Rússia nem a China estão sequer perto de se tornarem, muito menos serem, nem uma república comercial e nem alguma versão disso. A história não está mais perto de seu fim em 2021 do que ela estava em 1992. A Rússia de Putin acomodou-se a um governo de um homem, menos talvez o pior da Gulag. E a China de Xi Jinping está se agarrando a um modelo alternativo baseado em uma “abertura” econômica altamente controlada, menos qualquer sinal de liberdade política.
A China parece estar dizendo ao mundo que James Madison e Francis Fukuyam estavam ambos equivocados. Liberdade econômica e política não são requisitos para nações poderosas e bem-sucedidas. De fato, tais nações podem ter elementos da primeira e nada da segunda.
OK, você diz, o Sr. Fukuyama estava errado. A história não terminou exatamente. Mas onde é que está a ironia nisso tudo?
Bem, o Sr. Fukuyama não só estava equivocado sobre a China, mas está começando a parecer que ele estava errado sobre nós também. O fato óbvio de que a China não está se tornando mais Madisoniana é apenas metade da história. A outra metade é que os Estados Unidos estão ameaçando se tornarem muito menos Madisonianos e muito mais semelhantes à china.
De fato, essa ameaça já começou a maturar há um bom tempo. Mas neste momento histórico os Estados Unidos parecem prontos para fazer, diríamos nós, seu próprio grande salto adiante. Isso seria um salto em direção ao governo centralizado em estilo chinês e ao modelo unipartidário.
Ao menos é isso que parece ser o que o Partido Democrático unificado estaria pronto para tentar. A margem de poder está próxima, mas a vontade de agir está aí. E muitas outras peças estão colocadas.
Donald Trump pode ter saído, mas isso não será o suficiente. Muito será feito para garantir que jamais haverá outro mandato do Trump ou outro mandato com políticas semelhantes às de Trump.
A mais importante dessas peças é a Big Tech, cujo poder ofusca aquele dos barões corruptos do século XIX tardio — e cujas intenções são muito mais malevolentes. Você já pode esperar o que foi chamado capitalismo de vigilância e a “cultura do cancelamento” se intensificarem como que estando sob uso de esteroides.
A indústria do entretenimento e o establishment da educação marcham juntos com a Big Tech. O mesmo vale para a mídia mainstream, que agora funciona essencialmente como um braço do partido Democrático.
Em resumo, o fim da história que supunha-se ter ocorrido com o fim da Guerra Fria e a abertura da China chegou a um imprevisto. Pior que isso, graças à influência da esquerda no Partido Democrático e seus capangas auxiliares, esse “imprevisto” inclui um poderoso esforço para fechar os Estados Unidos.
Tudo isso pressagia a chegada de um tempo de dificuldades e qualquer coisa menos o fim da história. Afinal das contas, um esforço combinado para acabar com o experimento Americano em um governo limitado, junto ao estrangulamento da Primeira Emenda, vai provocar uma nova história cheia de desavenças. Ao menos deveria. Se não, Caso contrário, pode muito bem haver uma nova enxurrada de livros semelhantes a Fukuyama prevendo um “fim da história” muito diferente.
Agora para a última nota de ironia. As tropas de choque para esse esforço também estão posicionadas. Pense no movimento BLM e Antifa (“antifascistas”). Nos anos 1930 com o fascismo em alta na Europa, o Louisiana “Kingfish” Huey Long foi perguntado se o fascismo algum dia viria à América. “Com certeza”, disse ele, “mas eles o chamarão de antifascismo.”
Fonte: https://theimaginativeconservative.org/2021/02/end-of-history-chuck-chalberg.html