“A Invasão do Capitólio”: o Reichstag americano?

Por Kit Knightly

Em que pese o apelo popular pela permanência de Trump no poder, com a presença de manifestantes abertamente favoráveis ao ex-presidente americano, Kit Knightly nos oferece uma alternativa contundente para os eventos do Capitólio. Afinal, de que lado vem o “ataque à democracia”?

As quatro grandes mentiras que sustentam essa história mostram que trata-se, provavelmente, de um evento armado.

A mídia já vende uma narrativa a respeito dos eventos em Washington, DC. Uma que não possui conexão com a realidade, sem qualquer escrutínio, e que terá consequências massivas e expansivas sobre todos nós.

Eles chamam de “um dos dias mais sombrios na história de nossa nação”, um dia que “viverá na infâmia”. Em pouco tempo teremos memes sobre a data, como em 11 de Setembro e 7 de Julho. Será o dia em que “democracia americana foi atacada e prevaleceu”, o dia em que a nação quase caiu nas mãos de “fascistas”.

Esse dia se tornará apenas mais uma grande ilusão sobre a qual as oscilantes estruturas imperiais do poder americano estão construídas.

A história contada é a seguinte:

À medida que o congresso preparava a confirmação da vitória eleitoral de Biden, milhares de criminosos violentos de extrema direita invadiram o Capitólio.

Agindo conforme os desejos de Trump, e com seu apoio, esses terroristas domésticos subjugaram as barricadas policias numa tentativa de derrubar o senado e preservar a presidência de Trump.

Felizmente a polícia foi capaz de controlar a situação, expulsar os violentos manifestantes e o processo democrático pôde continuar.

Nada nessa história é verdade:

Não houve “invasão”
Não houve “incitação”
Não houve “violência”
O protesto efetivamente acabou com a presidência de Trump
Vamos abordar um item de cada vez.

* * *

1. Não houve “invasão”. Em vez disso, vídeos mostram a polícia abrindo espaço para os “manifestantes” entrarem.

No saguão de entrada, os “criminosos violentos” respeitaram os cordões e mantiveram uma linha ordenada, tiraram selfies com policiais, posaram para a imprensa e – quando o evento principal acabou – saíram lenta e calmamente.

Compare e contraste o tratamento dado às pessoas dentro do Capitólio com o dado aos protestos rompendo o toque de recolher nas ruas.

2. Não houve “incitação”. Todas as mídias sociais de Trump instruíram as pessoas a “ir para casa” “com paz e amor”.

Isso é incitação?

Twitter e Facebook deletaram essas postagens num movimento sem precedentes, e bloquearam suas contas. Eles alegaram prevenir mais violência, mas parece que tentaram esconder as denúncias de Trump.

3. Não houve violência. De fato, tenha Trump incitado algo ou não, não houve violência. Desconsidere as descrições de armas químicas, bombas de cano ou explosivos improvisados – que nunca apareceram. Nenhum manifestante machucou alguém.

A única pessoa machucada ou morta foi uma manifestante alegadamente baleada pela polícia. Compare e contraste a atitude da mídia sobre essa violência e os protestos “inflamados mas pacíficos” do último verão.

4. O protesto encerrou a presidência de Trump. Embora a sessão do congresso fosse descrita como “voto de confirmação” da vitória de Biden, era mais que isso.

O vice-presidente Mike Pence presidia uma sessão conjunta que permitiria ampla manifestação daqueles se opondo à eleição e que mantinham a narrativa de fraude.

A manifestação encerrou a sessão prematuramente, minando os desafios legais e processuais de Trump, matando qualquer possibilidade de contornar o eletrizante voto do colegiado. Assim que o “ataque” acabou, muitos dos republicanos em ambas as casas que planejavam se opor à eleição de Biden recuaram.

Mais que isso, parece que a “incitação” de Trump significa que ele poderá ser retirado do cargo por execução da 25ª emenda, que não apenas encerraria seu mandato, mas o tornaria inelegível no futuro.

Facebook e Twitter baniram suas postagens, a televisão e imprensa o acusam abertamente de traição e sedição.

Então, quem realmente se beneficia do “caos no Capitólio”? Porque Trump não é essa pessoa.

Devemos sempre estar atentos para eventos que “acidentalmente” alcançam o oposto do que aparentam desejar.

* * *

No título, eu faço referência ao incêndio no Reichstag, e não o faço por apelo emocional, os paralelos são bastante claros. Um ataque encenado a um edifício político, deliberadamente atribuído erroneamente a inimigos políticos e usado para consolidar o poder de um líder recém-instalado.

Até mesmo a cobertura midiática é similar, pois o governo nazista aplicou a mesma narrativa do establishment americano ao descrever a mentirosa “tentativa de golpe”. Almejando aterrorizar o povo e fazê-lo acreditar que estão a beira de uma guerra civil.

Leia esta citação e pergunte a si mesmo se não poderia ser do Washington Post ou New York Times de hoje:

O incêndio do Reichstag intencionava ser o sinal de um levante sanguinolento e guerra civil. Pilhagens em massa foram planejadas em Berlim para a 4 da manhã de Terça.Foi determinado que a partir de hoje, em toda a Alemanha, atos de terrorismo deveriam começar contra indivíduos proeminentes, contra a propriedade privada, contra a vida e a segurança do povo, e uma guerra civil seria desencadeada…

24 horas depois do incêndio, o presidente alemão aprovou o decreto de estado de emergência, revertendo todos os direitos civis garantidos pela República de Weimar:

Os artigos 114, 115, 117, 118, 123, 124 e 153 da Constituição estão suspensos até segunda ordem. Portanto, é permissível a restrição de liberdade individual [habeas corpus], liberdade de expressão, incluindo a liberdade de imprensa, a liberdade de aglomeração, e a privacidade de comunicações postais, telegráficas e telefônicas.

Ainda que essas liberdades já tenham sido severamente restringidas pelo Ato Patriótico e seus sucessores nos EUA, os poucos direitos ainda garantidos no país estarão, sem dúvida, sob perigo assim que Trump for removido e Biden (ou Harris) assumir a posição.

Embora ainda não se fale em legislação, certamente existem rumores de expurgos e outras medidas para “garantir a constituição”.

Vozes proeminentes clamam pela expulsão de legisladores que apoiem Trump, o Washington Post afirma que “republicanos sediciosos devem ser responsabilizados”.

A campanha contra redes sociais também já foi iniciada, com o Parler e GAB sendo acusados de permitir “linguagem violenta” em suas plataformas.

Enquanto o Twitter e o Facebook limitam discussões, plataformas alternativas serão eliminadas, reforçando o monopólio corporativo que coopera com o estado… a própria definição de fascismo.

Tudo isso para proteger a nação dos “neonazistas” ou “supremacistas brancos” e outras ameaças fantasma. Em nome da “constituição”, eles a rasgam em pedaços. Para “impedir um golpe”, eles perpetram um diante de nós.

Isso nos faz pensar na famosa citação de Huey Long quando perguntado se o fascismo chegaria à América:

Claro, teremos um fascismo neste país, e o chamaremos de anti-fascismo.

Fonte: The Duran
Tradução: Augusto Fleck

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Nova Resistência
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