Recentemente, o presidente russo, Vladimir Putin, observou em uma entrevista com o programa “Moscou. Kremlin. Putin”, em “Rússia-1”, que “a Rússia é uma civilização separada”.
“A Rússia não é apenas um país, é realmente uma civilização separada: é um país multinacional com um grande número de tradições, culturas, religiões”, observou Putin. “Para preservar essa civilização, é necessário se concentrar em alta tecnologia e desenvolvimento”, acrescentou o chefe de Estado.
Na sua opinião, esta civilização russa deve basear-se na experiência de outros países e nas realizações das gerações passadas. Ele chamou a atenção para as realizações russas no campo de armas e de alta tecnologia, enfatizando os grandes feitos civilizacionais da Rússia no campo da técnica.
O mais interessante e curioso nesse pronunciamento é a mudança brusca de mentalidade que pode ser percebida no presidente russo. Uma das maiores críticas feitas a Putin desde um ponto de vista quarto-teórico havia sido, até então, a lentidão do presidente em aderir ao discurso da Rússia como civilização. Putin sempre reconhecera a Rússia como um país europeu – membro da civilização europeia -, tendo, porém, interesses próprios e soberanos, podendo discordar do restante da Europa.
Putin representou um grande salto para a Rússia em relação a Yeltsin, que a enxergava como um país europeu completamente alinhado com os interesses ocidentais, porém, sempre se manteve preso à errônea ideia da Rússia enquanto parte da Europa. Agora, com este pronunciamento, o presidente russo parece estar subindo mais um degrau na escada do correto entendimento da Rússia – uma Civilização separada, Eurasiática e Ortodoxa.
Teria, enfim, Putin dado o salto definitivo e triunfal rumo à Cosmovisão Eurasiana e à percepção da Rússia como uma Civilização independente?