O coronavírus expôs de vez a fragilidade do liberalismo não apenas no seu aspecto econômico, mas também em sua política de fronteiras abertas.
Em relação ao dogma da imigração irrestrita, os liberais também podem aprender com Getúlio. Os supostos trabalhistas que caem no engodo de um mundo sem fronteiras têm de se estudar a política de imigração da Era Vargas. Vão descobrir que ela era completamente contrária àquilo que defendem.
Mais ainda: é balela elogiar a política trabalhista getulista tentando varrer para debaixo do tapete que ela se associou à valorização do trabalhador nacional e, consequentemente, ao fim da ideologia que prevalecia no Brasil durante a Primeira República — que, seguindo a dominância do liberalismo no Ocidente, advogava a facilitação da livre circulação dos fatores de produção, incluindo aí a livro circulação de pessoas.
As cotas rigorosas para imigrantes são uma das facetas do nacionalismo varguista, indissoluvelmente ligado à sua valorização da cultura popular, da industrialização brasileira, da proteção ao mercado interno, e à construção de um Estado soberano.
Se a elite política europeia, evidentemente traidora de seus povos, não fosse partidária do multiculturalismo e do rentismo neoliberal, os países do Velho Continente não estariam quase que de joelhos nesse momento.