“Entre outras coisas cumpre dizer que o trabalhismo é nacionalista, o comunismo é internacional; o comunismo é materialista, o trabalhismo se inspira na doutrina social cristã; o comunismo é a abolição da propriedade, o trabalhismo defende a propriedade dentro de um fim social; o comunismo escraviza o homem ao Estado e prescreve o regime de garantia do trabalho, o trabalhismo é a dignificação do trabalho e não tolera a exploração do homem pelo Estado nem do homem pelo homem”. – Leonel Brizola

Getúlio Vargas não era de esquerda, não seguia a Segunda Teoria Política, nem qualquer coisa do tipo. Seu papel histórico foi, precisamente, o de ser uma síntese hegeliana que transcendia a direita e a esquerda brasileiras, aglutinando sob si os “nacionais” entre direitistas e esquerdistas.

Nesse sentido, Getúlio Vargas constitui, fundamentalmente, e à luz do pensamento filosófico de Dugin, um dos primeiros representantes da Terceira Teoria Política no Brasil. Um “fascista”, se quiserem converter as teorias políticas em “ismos”.

Vargas fundou a “tradição trabalhista”, a principal vertente histórica do nacionalismo brasileiro, e teve como herdeiro político João Goulart, que também não era de esquerda, não era marxista, não comunista, ou qualquer coisa do tipo, não seguia a Segunda Teoria Política.

Mesmo quando falamos em Brizola ou quando Brizola fala em socialismo, ele não está falando em socialismo marxista, e é até mesmo duvidoso em que medida o seu socialismo poderia ser categorizado sob a égide indubitável da Segunda Teoria Política.

Claro, o socialismo nacionalista e trabalhista de Brizola estava “mais à esquerda”, podendo, em um sentido puramente formal, ser até considerado uma espécie de “nacional-bolchevismo” legitimamente tupiniquim.

Nesse sentido, vejam, é muito positivo que haja uma “esquerda nacional” que faça um resgate dessas figuras do nacionalismo brasileiro. Afinal, isso é necessário ao levarmos em consideração a principal contradição de nossa época. Mas essas figuras não “pertencem” a eles.

Vargas, Jango e Brizola não pertencem a esses esquerdistas que são “nacionalistas por conveniência”, a esses “marxistas envergonhados” ou a “comunistas discretos”, que resolveram nos últimos tempos lançar mão de suas figuras em seus esforços de mobilização.

Sim, mesmo o Brizola não pertence a essa gente. Em 1998, Brizola já falava na “necessidade de uma Quarta Via”, que não fosse nem de esquerda, nem de direita, nem de terceira via.

Então, quando esquerdistas ou comunistas que abraçaram o trabalhismo recentemente ficam querendo “cobrar” “comunismo” dos membros da Nova Resistência, caso contrário seríamos neofascistas promovendo uma “infiltração”, cobrar adesão a concepções que foram declaradamente rechaçadas pelos próceres do trabalhismo, isso não passa de uma piada.

Nós não somos comunistas.

Mas Vargas, Jango e Brizola tampouco eram. Vargas governou com integralistas antes da ruptura e da tentativa de golpe integralista. Vargas colaborou com a Alemanha nazista, apoiou o bando nacionalista na Guerra Civil Espanhola, deportou corretamente a criminosa Olga Benário. Leonel Brizola e Plínio Salgado chegaram a ser aliados políticos nos anos 50. Jango era amigo de Perón e parceiro dos peronistas, o mesmo Perón que foi acolhido em exílio por Franco e cujo governo recebeu e acobertou ex-fascistas.

Vargas, Jango e Brizola teriam sido atacados como “fascistas” por essa ralé anarco-trotskista que serve de linha auxiliar do imperialismo apoiando o Curdistão sionista, o Maidan, combatendo o nacionalismo, e fazendo tudo mais que dela demanda a elite cosmopolita dos países ocidentais.

Então quem essa “esquerda libertária” pensa que é para falar em nome do trabalhismo e para se colocar na posição de “guarda” de uma ideologia que ela despreza?

Se a esquerda quer fazer “caça às bruxas”, que façam aí em suas próprias fileiras em seus “importantíssimos” partecos que não emplacam candidato nem a síndice, ou em suas miríades de coletivos irrelevantes, mas querer cobrar os herdeiros de Vargas, Jango e Brizola é piada.

O trabalhismo não é “marxista-leninista”, nunca foi e nunca será. O trabalhismo não é “anarquista”, nunca foi e nunca será.

O trabalhismo pertence ao povo brasileiro, sempre pertenceu e sempre pertencerá. O trabalhismo é nacionalista, de inspiração católica, socialista, anti-materialista. E quem não gostar disso que se retire dos partidos, organizações e movimentos trabalhistas que existem hoje no Brasil.

Os trabalhistas, entre os quais nós estamos (ainda que situados a partir da Quarta Teoria Política), falam por esse legado. Vocês da esquerda “libertária”, “anarquista”, “trotskista”, “autonomista” não falam pelo trabalhismo.

Hoje o Trabalhismo caminha na direção de sua reconstrução para o Século XXI, superando os seus elementos da Segunda e da Terceira Teoria Políticas, para fazer frente ao liberalismo hegemônico em nossa era, e a Nova Resistência, doa a quem doer, contribui e seguirá contribuindo para esse empreendimento ao mesmo tempo nacionalista e revolucionário.

Os legados de Vargas, Jango e Brizola pertencem ao povo, não à esquerda cosmopolita e antipovo.

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