Imagine se um terceiro pudesse perdoar as dívidas das quais você é credor, e ainda fizesse isso quando você está em momento de dificuldade financeira?
É isso que representa o REFIS, que o governo Temer está impondo, como parte das negociatas espúrias por meio das quais ele se livrou da última tentativa de impeachment manejada contra ele.
O governo está agora perdoando bilhões em dívidas (por meio do corte de multas e juros) de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Entre os empresários perdoados, estão vários deputados e senadores.
Esse dinheiro não é do governo. É nosso. É dinheiro que seria utilizado para investimentos públicos, para fortalecer o orçamento, para suprir dificuldades causadas pela crise e pelos baixos preços do petróleo.
O REFIS representa abrir mão de receita. Em alguns meses, o governo dirá que a receita caiu. Consequentemente, o governo aumentará impostos. Nós pagaremos duas vezes por causa de uma típica manobra de “corrupção legal” do governo Temer.
A aplicação do REFIS a micro e pequenos empresários foi vetada pessoalmente pelo presidente Temer, sob a justificativa de que isso causaria impacto na arrecadação. Mas aplicar o REFIS às grandes empresas? Aparentemente, a mesma lógica não se aplica. São dois pesos e duas medidas.
Uma lei e um direito para os donos do capital. Se você é dono do capital, se você é um grande empresário, um banqueiro, um latifundiário, o governo neoliberal perdoará todas as suas dívidas.
Se você é micro ou pequeno empresário ou trabalhador assalariado, arque com as suas dívidas, pague-as ou arrisque perder tudo, falir, ir parar na rua.
Se isso não é luta de classes, então o que seria?
E se não destruirmos os inimigos do povo, então até quando teremos o que comer?