A Tirania das Minorias e a Subversão dos Valores

Escrito por Cristian Taborda
Se democracia é o império da maioria, porque os governos que se reivindicam democracias no Ocidente se converteram em ditaduras das minorias? Esse é uma das questões centrais dos nossos tempos.

“É a própria essência dos governos democráticos que o império da maioria seja neles absoluto, já que fora da maioria nas democracias não há nada que resista”. Com esta frase o jurista francês Alexis de Tocqueville em sua obra “Democracia na América” descreveu o império moral que a maioria tinha, um imenso poder de fato e opinião que como paradoxo trazia uma nova forma de tirania, de acordo com o pensamento liberal da época.

A descrição de Tocqueville é dada no contexto da emergência das novas democracias, como a estadunidense, onde a participação dos cidadãos através da livre associação, liberdade de expressão e trabalho criavam laços comunitários e de comunicação formando uma opinião pública da maioria que impunha sua vontade através da participação política. A destruição de empregos causada pela globalização como conseqüência dissolveu os laços comunitários, afastando os cidadãos da participação política, deixando-os sem voz, e criou uma opinião pública em torno dos interesses das minorias plutocráticas que de fato participam, impondo sua vontade.

Longe da idéia do império das maiorias nos governos democráticos, hoje estas se converteram em democracias de minorias e o império destas de forma absoluta, contendo uma nova forma de tirania. Se a essência da democracia, segundo Tocqueville, está no império da maioria, e isso não acontece, então não há democracia, e o exercício do poder pelas minorias está escondido sob a partidocracia.

Sobre esta questão, outro jurista, neste caso alemão, Carl Schmitt, já deu conta deste império moral, no qual a validade dos valores se baseia em posições de valor, postulando que “a posição de valores é, portanto, nula se eles não forem impostos”.

Hoje é a “tirania das minorias” que impõe seus não-valores (anti-valores) através da opinião pública, ou seja, a opinião de seu monopólio midiático. Mas para alcançar esta posição superior onde seus anti-valores são válidos, eles devem alcançar uma mudança de pensamento, uma nova moral, uma nova ordem ética, uma modificação nos costumes, através da subversão de valores ou da transvalorização de valores. Através da ideologia.

Convertendo o bem em mal e o mal em bem, chamando o bom de ruim e o ruim de bom, a esquerda progressista abandonou o materialismo de Marx e assumiu o relativismo e niilismo de Nietzsche, mantendo o anticristianismo, substituiu a luta de classes pela subversão de valores, como proposto pelo expoente máximo do movimento feminista e LGTB Judith Butler. Os valores da pátria foram subvertidos pelos valores do dinheiro. Não mais Deus, Justiça ou Liberdade, mas “eu”, “inclusão” e “diversidade”. O bem comum é substituído pela ideologia igualitarista, a tradição de cada povo e as diferenças pela homologação cultural e o inferno do igual.

Tocqueville declarou que no passado a tirania usava correntes e carrascos, os príncipes materializavam a violência sobre os corpos, mas ele também descreveu que a civilização se aperfeiçoou ao ponto de despotismo e em nossos dias “deixa o corpo e vai direto para a alma”.

Tempos de luta, uma luta pela alma. Uma batalha cultural, também uma batalha pela voz, pela palavra. Onde vamos falar porque, como disse Leonardo Castellani, “continuamos a falar para que a pátria continue a respirar. Enquanto uma nação fala, ela não está morta”.

Fonte: Diario Panorama

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Nova Resistência
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