Vanguarda, Estética, Revolução

Por Alex Kurtagic

Eu em várias ocasiões critiquei a tendência entre um subgrupo de nacionalistas raciais em se permitirem fantasias revolucionárias improváveis, nas quais o sistema liberal entra em colapso, as massas brancas se erguem, e os mal-feitores são pendurados de postes de lâmpadas em um grande Dia da Corda.

Os “normais”, por sua vez, tem criticado a tendência entre outro subgrupo de serem revolucionários ratos-de-biblioteca, eremitas, excêntricos, e absorvidos demais em suas divagações intelectuais confusas para serem portadores eficazes da transformação no mundo real. Ambos subgrupos são emblemáticos do recuo da realidade que resulta da impotência percebida. Ambos representam tendências vanguardistas. Significa isso que o vanguardismo é uma estratégia falha, e que somente os comuns oferecem uma abordagem viável?

Longe disso.

O vanguardismo desempenha um papel fundamental em qualquer movimento que busque uma transformação fundamental de um sistema que não pode mais ser reformado, que tem que ruir para abrir caminho para um novo, construído sobre fundações distintas. O que é mais, ele precisa não ficar em uma relação exclusivista com a corrente comum: é possível – de fato é preferível – integrar ambas abordagens em uma estratégia coerente.

Antes de começar, eu definirei as categorias políticas “Direita” e “Esquerda” como pretendo fazer uso delas nesse artigo. Por Esquerda eu quero dizer aqueles que creem na ideologia da igualdade e do progresso; eles estão associados a liberalismo e modernidade. Por Direita eu quero dizer aqueles cuja perspectiva é elitista (anti-igualitária) e cíclica; eles estão associados a Tradicionalismo (no sentido evoliano). Por Direita eu não quero dizer conservadores, os quais eu considero como liberais clássicos, tão somente com atitudes socialmente conservadoras.

Da Distopia à Utopia

Comentaristas da Direita estão predispostos a desperdiçarem a maior parte de sua energia analisando e criticando a distopia moderna. Mas enquanto isso é necessário, isso não é suficiente: dizer que nós chegamos ao destino errado e que precisamos estar em outro lugar sem ao mesmo tempo indicar onde é esse outro lugar não implica movimento, somente o reconhecimento da necessidade de movimento; portanto, não é um movimento. Para que um movimento ocorra, para que uma ideia ganhe adeptos que então seguem uns aos outros em um ato coletivo de moção, o destino deve ser conhecido, a priori, o que implica que ele deve ser comunicável de alguma maneira. Esse destino é a utopia do movimento: a realização perfeita de seus objetivos.

Utopias existem somente na imaginação. A maior parte do tempo elas são comunicadas através da arte e literatura fantásticas. Na melhor das hipóteses, elas são somente parcialmente e/ou imperfeitamente implementadas. Na pior das hipóteses, elas são extremamente irrealistas e impráticas – a maioria são em alguma medida. Porém, isso não significa que elas não são úteis: elas são, na verdade, necessárias, e uma pré-condição para o movimento. Seu ingrediente ativo não é ser cientificamente precisa, mas sua capacidade de exercer uma enorme força sentimental em um coletivo suficientemente grande de indivíduos. E sua concepção é a responsabilidade do vanguardista, do forasteiro intelectual, do pioneiro, do sonhador, do criador – o indivíduo, ou grupo de indivíduos, cuja tarefa é nos arrancar das prisões cognitivas construídas pelo sistema atual; para fora da ilusão sistêmica na qual tudo que lhe é anátema parece impensável.

Aqueles que adotam abordagens populares usualmente se desesperam com esses sonhadores porque eles parecem – obviamente – impráticos, excêntricos e carentes de bom senso. O problema é que inovadores criativos e iconoclastas normalmente são: tipos criativos compreendem um tipo peculiar, e dentro desses, aqueles que são verdadeiramente inovadores, verdadeiramente de vanguarda, usualmente chocam, preocupam, e causam desconforto a seus pares menos criativos porque eles são menos agrilhoados pela convenção. Há lados indubitavelmente bons e ruins nisso, mas isso não reduz o valor do processo criativo, mesmo que nem todos os seus produtos sejam eventualmente adotados. A tarefa daquele que navega na corrente principal, que é limítrofe à vanguarda e ao comum, é tomar de modo calculista tudo que possa ser usado pela vanguarda para ampliar os limites da corrente principal, com o objetivo de transformar esta fundamentalmente a longo prazo.

O Sonhador como Pragmatista

Apesar de ter a ciência, os dados, e os argumentos lógicos ao seu lado, a Direita tem estado em recuo por muitas décadas. Isso por si só já deveria ser indicação suficiente de que os humanos precisam de mais do que dados, argumentos e verdade para serem persuadidos a uma mudança de lealdade. Porém, muitos que se identificam com a Direita continuam operando sob a ilusão de que as coisas não são assim: se as pessoas acreditam em igualdade é porque elas não conhecem as diferenças raciais em QI; se as pessoas acreditam em multiculturalismo é porque elas não conhecem as estatísticas de crimes de negros contra brancos; se as pessoas acreditam em liberalismo é porque elas não leram Gibbon, ou Spengler, ou Schmitt; e daí em diante.

A ironia é que o melhor exemplo do porque essa abordagem é falha existe ao nosso redor: a sociedade de consumo. Enquanto criança eu me irritava com os cenários irrealistas, os jingles pegajosos, e os slogans constantes da propaganda televisiva, e eu ressentia a superficialidade irracional implicada nesse método de vender produtos. Eu achava que seria bem mais lógico ter um homem de terno sentado na mesa, encarando a câmera, como em um telejornal, e listando as especificações do produto para a audiência de modo monótono e não-emocional, para que a audiência seja capaz de fazer uma escolha racional, baseada em dados sólidos. Qualquer adulto razoável sabe, mesmo que ele não seja capaz de explicar exatamente o motivo, do porque isso jamais funcionaria no mundo real. A razão é simples: a sociedade de consumo não é fundada na lógica utilitária ou na razão, mas em romantismo, em sonho, em demonstração de status e em utopias. E ela é fundada nesses princípios porque é o que se demonstrou funcionar – vastas somas de dinheiro foram gastas pesquisando a psicologia humana no esforço de maximizar a mobilização dos consumidores. Colin Campbell e Geoffrey Miller fornecem explicações teóricas e evolucionárias para os aspectos motivacionais humanos do consumismo, em A Ética Romântica e o Espírito do Consumismo Moderno e Gasto, respectivamente.

Portanto é justo dizer que aquele que sonha acordado e induz outros de propósito a sonharem é, na verdade, mais pragmático do que o racionalista pragmaticamente orientado que busca persuadir pela razão. O primeiro pelo menos compreende a irracionalidade da natureza humana, e joga com ela, enquanto o segundo fantasia sobre humanos abstratos que agem com base em um auto-interesse racional.

Verdade como Escolha de Estilo-de-Vida

Longe de uma vantagem, uma crença no poder da “verdade” é um dos principais obstáculos para nacionalistas brancos que buscam conversos a sua causa. Se eles ficam frustrados pela falha de indivíduos em lhes dar apoio apesar da enormidade de dados científicos e estatísticos demonstrando diferenças raciais hereditárias em QI e propensões hereditárias a crime violento, é porque eles deixaram de perceber que os humanos escolhem a verdade que lhes agrada mais, segundo o que faz eles se sentirem bem consigo e com o mundo, e se ela faz aqueles cuja opinião eles valorizam se sentirem bem com eles, em qualquer ponto no tempo ou espaço. Os humanos são mais fortemente motivados por uma necessidade inata de auto-estima e pertencimento do que pela razão abstrata. Assim, diante de dados e argumentos volumosos, conflitantes, e virtualmente não-digeríveis emanando de múltiplas facções, cada uma reivindicando o monopólio da verdade, é fácil escolher as mais emocionalmente e socialmente convenientes das opções disponíveis. Para a maioria das pessoas isso significa a verdade defendida pelo status quo cultural, porque isso significa uma integração social mais fácil e recompensas maiores. Aqueles que escolhem uma verdade anatematizada pelo status quo cultural se tornam dependentes de redes alternativas e até mesmo métodos não-convencionais para sobreviverem em um sistema que busca expurgá-los. Finalmente, e talvez especialmente em uma sociedade materialista, a verdade se torna uma escolha de estilo-de-vida.

Substância e Estilo

Pelas razões acima, uma estratégia puramente baseada no que tendemos a considerar como substância (ou seja, dados empíricos, argumentos lógicos, conclusões razoáveis) está fadada a falhar. E no caso do nacionalismo branco, tudo isso já se provou inútil. Também pelas razões acima, uma estratégia eficaz precisa empregar uma metodologia que toque, como o consumismo, os impulsos pré-racionais do comportamento humano. A lição do consumismo faz isso através do uso calculado de estilo e estética, que na sociedade de consumo são constantemente empregados para induzir o comportamento desejado (consumo).

Eu estou familiarizado com o uso calculado de estilo e estética pelo meu papel na cultura de consumo, que eu desempenhei através da minha gravadora. Antes do advento do MySpace e dos downloads ilegais, sempre que eu desenhava uma capa de álbum, um logotipo, uma propaganda, um informativo, ou um site; sempre que eu escrevia uma descrição de álbum; mesmo quando eu descrevia um álbum verbalmente, eu estava agudamente consciente da necessidade de apelar e estimular interesse na minha audiência alvo. Eu não esperava que eles fizessem escolhas racionais (especialmente já que para ouvir a música eles tinham primeiro que comprar o CD), senão por eu ter ativado com sucesso uma resposta emocional forte o suficiente para fomentar a resposta desejada: uma compra imediata. (É claro, nem sempre eu acertava, e de tempos em tempos eu ficava com estoque encalhado, algo pelo que eu culpava tanto uma arte ruim, nomes e títulos mal-escolhidos, e logotipos pouco inspiradores quanto a qualidade da música). Agências de propaganda prosperam na exploração de estilo e estética para o propósito de mobilizar o público para consumir produtos, apoiar uma campanha, ou votar em um candidato.

Nós todos sabemos que no que concerne o eleitorado branco, Obama foi eleito puramente com base na estética: ele soava bem, era telegênico, e sua “negrura” reconfortava milhões de brancos ansiosos para provar (principalmente para si mesmos) que eles não eram racistas. Slogans como “Esperança” e “Mudança” não continuam nada de substância; era tudo questão de Obamicons; e ainda assim eles excitaram o sentimento correto entre eleitores que se sentiam desprovidos de esperanças e queriam mudanças. Debates televisivos sobre políticas enfatizavam apresentação visual e trilhas sonoras pegajosas; eles eram mais sobre como os candidatos pareciam e soava enquanto debatiam – mas não realmente – um tópico ostensivamente sério do que sobre realmente discutir um tópico sério. Incômodo? Certamente. Mas não faz sentido lutar contra isso. Funciona.

Tendo dito isso, substância ainda é importante. Nós todos sabemos que uma estratégia baseada puramente em luzes estilísticas sem ser amparada por pelo menos alguma substância eventualmente implode. (Nos Estados Unidos, muitos eleitores iludidos desde então perceberam que Obama é um terno vazio; no Reino Unido, muitos eleitores iludidos eventualmente perceberam que Blair era um mentiroso). Enfatize estilo acima de substância de uma maneira excessivamente óbvia e sua estratégia ira, na verdade, se voltar contra você. (Esse foi um grande problema para o governo Blair durante o final da década de 90; uma pesada manipulação de opinião conseguiu eleger Blair, mas com o tempo todos estavam reclamando).

É óbvio, portanto, que a estratégia vitoriosa é uma que tenha tanto estilo como substância – substância que ampare o estilo e estilo que ampare a substância – que, em outras palavras, projete a substância tão bem quanto a natureza da substância.

Nada disso é novidade, é claro, mas é incrível quantos falham em perceber a importância de estilo e estética. Será porque nós vivemos em uma era que é tão obviamente sobre estilo acima de substância que há um instinto em se rebelar contra isso?

Instrumentalizando a Estética

Em um contexto metapolítico, nós podemos falar então de instrumentalizar a estética: traduzindo ideologia em arte, alta e baixa, e usando-a para impulsionar a cultura e a sociedade em uma direção pré-determinada, para fazer com que cultura e sociedade passem por uma transformação fundamental.

Em minha experiência com várias formas de música underground e suas subculturas associadas, uma transformação de consciência individual passa por fases identificáveis.

Primeiro, indivíduos são expostos a um certo gênero de música através de seus pares; a resposta, positiva ou negativa, é normalmente imediata, instintiva, o resultado de uma combinação de predisposição biológica inata, história pessoal, e fatores sociológicos.

Depois, se a resposta individual é positiva, lá começa um processo de busca e coleção de álbuns por bandas que tocam esse gênero. E se a resposta individual é extremamente positiva, o processo é intensivo, e se torna gradualmente cada vez mais, fazendo com que ele eventualmente submerja completamente na subcultura associada.

Subculturas jovens centradas na música são facilmente identificáveis porque elas são altamente estilizadas e estilisticamente distintivas. Elas também possuem sua própria ideologia, que tanto emana quanto reforça os valores codificados no estilo de música do qual ela cresceu. Às vezes a ideologia é derivativa, uma extrapolação, ou um exagero de certos valores populares. Às vezes a ideologia é fundamentalmente antagonística à corrente popular cultural. Também, às vezes a ideologia é superficial, às vezes não é. Mas em todos os casos, os fãs de música que submergiram na subcultura associada chegam a adotar e internalizar sua ideologia em alguma medida.

Dependendo da natureza dessa ideologia, os membros de uma subcultura podem passar uma transformação radical de consciência – até ao ponto de se tornarem párias orgulhosos – que resiste mesmo após eles terem transcendido sua pertença. Eles podem eventualmente descartar a roupagem e adotar um emprego assalariado convencional, mas sua lealdade à música irá perdurar, às vezes como um segredo culpado, e traços de seu passado fanático permanecerão em suas estruturas cognitivas, estilos de vida, decoração do lar, vocabulário, e escolha de associações. E mais, mesmo décadas depois, antigos membros reconhecerão uns aos outros e terão um elo comum.

E tudo isso é alcançado esteticamente, pela arte. Vale a pena reiterar: na medida em que valores são absorvidos, eles o são não porque eles foram apresentados logicamente ou cientificamente, mas porque eles foram apresentados de uma maneira atrativa e artística ou esteticamente agradável – de uma maneira que exerce uma poderosa força sentimental sobre seus consumidores. E qualquer um com uma consciência da ra popular saberá que seu poder de excitar emoção extrema, unir psicologicamente, e mobilizar as massas – fazer com que elas ajam irracionalmente, violentamente, mesmo contra seus próprios interesses racionais – não pode ser subestimada. Quando o último volume da série Harry Potter foi publicado, as pessoas esperaram em filas por horas, no frio, na chuva, nas horas da manhã, para serem as primeiras a por as mãos na primeira edição de capa dura. E esse é um exemplo bem suave. Nós temos evidência da década de 60 mostrando mulheres jovens absolutamente histéricas em shows dos Beatles, e há pouca dúvida de que suas vidas pessoas eram parcialmente consumidas por pensamentos e fantasias envolvendo membros da banda. Teria sua gravadora apresentado um argumento especialmente lógico?

É claro, a mobilização de massas é possível dentro da cultura popular quando o produto ou evento em questão codifica valores culturalmente vigentes. Quanto menos vigentes os valores, menor a capacidade de mobilização. Ao mesmo tempo, na era da reprodução mecânica nós temos visto que quando um sistema ideológico e estético sinérgico é implantado usando métodos da cultura popular, mesmo proposições anti-sistema radicais são capazes, nas condições adequadas, de mobilizar grupos de pessoas suficientemente grandes e cada vez maiores até se estabelecer como nova ordem hegemônica.

Os nacional-socialistas, começando na Alemanha de Weimar, oferecem talvez o exemplo mais icônico no Ocidente. Como todos os movimentos políticos, porém, o nacional-socialismo teve origens metapolíticas, e supostamente origens ocultas nos sonhos de civilizações atlantes e hiperbóreas, que a SS depois tentou substanciar. Era mais um certo conjunto de ideias e sonhos, um certo sentimento, um certo romantismo político, um certo estilo, antes de ser política efetiva com um rótulo efetivo.

O mesmo é verdadeiro de nossa sociedade moderna: entre René Descartes, Adam Smith, John Locke, Karl Marx e Sigmund Freud por um lado, e o politicamente correto, a imigração, a transferência de empregos para o exterior, e o treinamento de diversidade por outro, se encontra uma massa de romances populares, filmes, e álbuns que conscientemente ou semiconscientemente codifica, estetizam e promovem as ideias e narrativas do capitalismo global e do escolasticismo freudo-marxista, sobre as quais a tradição metapolítica da ordem moderna é fundada.
A instrumentalização da estética é a criação de uma interface que facilita a tradução do metapolítico no político, da vanguarda no popular.

Credibilidade

Outra razão pela qual eu coloco tanta ênfase em estética em discussões metapolíticas é que um sistema estético bem formulado e perfeitamente executado é o jeito mais rápido de projetar credibilidade, e assim fazer com que um conjunto de valores e ideais pareçam ter credibilidade para observadores apolíticos. (Para observadores políticos pode inspirar orgulho ou medo, dependendo de sua afiliação). Nós não julgamos os livro por suas capas? Nós não julgamos uma pessoa por sua aparência?

Eu defendo que se nossos valores e ideais carecem de credibilidade fora de nosso meio imediato, é parcialmente porque nós temos ainda que encontrar uma maneira de traduzir nossa metapolítica em um sistema estético profissionalmente executado que seja tanto aceitável e quanto apelativo a uma audiência ampla – que reformule nossas ideias arcaicas de uma maneira que seja vibrante, relevante e voltada para o futuro (porque as pessoas precisam de esperança e mudança). Desnecessário dizer que há outros fatores muito significativos envolvidos (tal como a realidade de sanções econômicas), mas este é certamente um deles: sem um sistema estético óptimo, a política efetiva se torna muito difícil. Não se pode vender uma ideia sem marketing. E não se pode apelar a uma audiência seleta sem o tipo correto de marketing.

É por isso que nós nos beneficiaremos quando artistas talentosos, músicos, designers e estilistas literários que partilham de nossas sensibilidades encontrarem válvulas de escape favoráveis e começarem a fazer um nome para si mesmos. É, portanto, necessário que nós forneçamos tais válvulas de escape e ofereçamos oportunidades profissionais e econômicas viáveis para tipos criativos, senão continuaremos a perdê-los para as alternativas (censuradoras, mas remuneradas) oferecidas pelo sistema. Somente então nós seremos capazes de gerar uma contra-cultura poderosa.

Pensamentos Finais

A era do caos oferece oportunidades para aqueles capazes de “vender” um novo sonho. Apesar do sistema atual liberal, igualitário, progressivo parecer superficialmente invencível, eles não representam uma ordem unificada, coesa, monolítica, totalitária: eles são, na verdade, uma coalizão arco-íris de facções competitivas e às vezes contraditórias que calham de partilhar de um conjunto de crenças centrais. Eles também são degenerativos e desintegrativos, e a conclusão lógica de seu projeto é o colapso completo da sociedade. Isso tem se tornado cada vez mais aparente desde a adoção do multiculturalismo como política de governo oficial, e da adoção do globalismo como o paradigma capitalista moderno. Pior ainda, eles são contrários à natureza, assim sua continuidade resulta em estresse constante e um esforço árduo. Divisão, degeneração, desintegração, estresse e exaustão crescem de um modo cada vez mais aparente. E o fim da era de prosperidade no Ocidente tornará as reviravoltas sociais e culturais mais difíceis de conter ou dissipar. Assim, na confusão crescente, mesmo o cidadão apolítico e convencionalmente pensante irá em tempo se tornar receptivo a ideias novas, exóticas e mesmo quixotescas. Uma vez que a confusão se torne severa o suficiente, eles estarão procurando por uma ideologia radical, uma religião rígida, um homem forte autoritário, um César. Eles estarão procurando por simbolismo significativo, por sonhos utópicos, por um novo romantismo, por algo que projete ordem e força, seja distintivo em meio ao caso, e os faça se sentir poderosos e parte de algo poderoso.

Isso pode parecer grandioso, mas o início está mais próximo do que se pensa: ele, na verdade, começa com caneta e papel, com pincel e tela, com guitarra e pedal; ele é fundado na fantasia e nos sonhos que animam esses utensílios.

Se a revolução começa com rascunhos, os rascunhos começam com sonhos. E ainda que isso possa soar fofo e nebuloso para o pragmatista político, vale lembrar que tais verdades sempre parecem assim após um longo período de prosperidade material e estabilidade política, enquanto o sistema parece forte e crível para uma maioria. Mas, como no passado, após reviravoltas cataclísmicas, quando suas origens e causas foram catalogadas por sociólogos em seus relatórios post-mortem, tais verdades provavelmente parecerão um pouco menos nebulosas após a onda da cultura virar e aqueles sonhos outrora aparentemente improváveis comecem a tomar forma. Quanto tempo até lá? Quem sabe? Mas a não ser que nós lancemos as bases metapolíticas para nossa nova ordem, a não ser que tenhamos uma viril contra-cultura sobre a qual construir, nós podemos descobrir que quando a maré virar, outros chegaram na nossa frente, enquanto nós esperamos para ver se ela realmente viraria.

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Nova Resistência
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