‘Não vivemos para o passado, vivemos para ganhar o futuro’, entrevista com o coordenador geral da Nova Resistência no Brasil

Entrevista realizada com o coordenador geral da Nova Resistência no Brasil, Raphael Machado, concedida ao site oficial do movimento Trzecia Droga, organização etno-nacionalista polonesa.

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Saudações! Antes de entrarmos propriamente em nossa entrevista, por gentileza, nos fale um pouco sobre você: qual é o seu nome? De onde você é? Quando e como você se tornou um nacionalista/tradicionalista? Por que escolheu a Nova Resistência?

Meu nome é Raphael Machado, sou do Rio de Janeiro, Brasil. Venho estudando tradicionalismo e autores nacionalistas há 12 anos, começando por Evola e pelos movimentos terceiro-posicionistas clássicos. Mais tarde, em 2008, comecei a trabalhar com propaganda e formação ideológica com alguns grupos nacionalistas, iniciando a tradução de autores da Nouvelle Droite, conservadores revolucionários, tradicionalistas e de Terceira Posição (posteriormente, de Quarta Posição também). Auxiliei na organização de uma editora, na elaboração da propaganda anti-imperialista sobre a Síria e o Donbass e, finalmente, em 2014, fui convidado para a Nova Resistência por seu líder. Eu não escolhi a Nova Resistência, a Nova Resistência me escolheu.

Como você descreveria a ideologia da Nova Resistência? Qual é o seu principal alicerce e quais são seus elemento mais importantes? Quais figuras mais os inspiram e porquê?

 A ideologia da Nova Resistência poderia ser descrita como uma espécie de comunitarismo radical, baseada no projeto de uma Quarta Teoria Política de Dugin. É fundamentada na questão identitária ou, em outras palavras, na busca do verdadeiro modo de ser autêntico de cada povo – no nosso caso, do nosso povo. Esse também é o aspecto mais importante da nossa ideologia: a proteção, o cultivo e o galgar do verdadeiro modo de ser dos povos do Brasil. É nisso que se baseia toda a nossa prática.

O Brasil possui algumas figuras patrióticas e revolucionárias interessantes, que nos inspiram, como Brizola, Enéas, Gustavo Barroso, entre outros. Internacionalmente, nos inspiramos principalmente em Muammar Gaddafi, Juan Perón, Ramiro Ledesma e muitos outros. Em geral, todos que lutaram pela libertação de suas pátrias e pela justiça social para os seus povos nos inspiram. Assim, admiramos algumas figuras da esquerda, algumas da direita e alguns terceiro-posicionistas. Mas seguimos o nosso próprio rumo.

Qual é a essência do movimento Nova Resistência em sua opinião? O que é mais importante para sua organização? O que a distingue de outros grupos e associações?

A essência do nosso movimento é a união de pessoas de diferentes origens e formações ideológicas em uma luta comum contra a hegemonia liberal global, que se esconde por detrás das máscaras da esquerda e da direita. Para nós, o mais importante é preservar essa unidade em nossas fileiras, através da educação ideológica continuada, da camaradagem autêntica e de muitos debates abertos, para que possamos sempre trabalhar como uma arma unificada contra os nossos inimigos. Isso é necessário para que possamos libertar nosso país. O que nos distingue de outras organizações é o fato de termos uma mentalidade muito clara sobre o que deve ser deixado de lado e o que é inútil ou que não funcionou no passado, de modo a tomar de organizações e ideologias passadas tudo o que pode ser útil. Não vivemos para o passado, vivemos para ganhar o futuro. E, na maioria das organizações políticas, as coisas não são assim. Elas estão sempre à procura de algum passado perfeito, utópico e precioso, que deve ser simplesmente resgatado e repetido.

Com quantos membros sua organização conta? Qual é a atitude dela em relação a questões relacionadas ao recrutamento de pessoas? A Nova Resistência é uma espécie de movimento de massa ou um grupo de elite?

No Brasil, a Nova Resistência conta com mais de 150 membros, na maioria dos estados. Temos algumas restrições em aceitar certos tipos de pessoas. Geralmente, nós não aceitamos pessoas com perspectivas pessoais, ideológicas ou religiosas incompatíveis com o nosso projeto político coletivo ou pessoas degeneradas. Queremos construir a maior base popular possível, mas uma vez que existimos há apenas 2 anos, temos um longo caminho diante de nós.

Qual é a sua opinião sobre a formação ideológica/física/espiritual dos seus ativistas? Esse tipo de formação é importante para Nova Resistência? Se sim, conte-nos mais sobre como isso se dá.

Como dissemos, trabalhamos com educação ideológica continuada com os nossos membros, produzindo novas traduções de autores importantes, coletivizando livros de interesse geral dos membros e promovendo debates frequentes sobre quase tudo. Nós também sempre motivamos os membros a praticarem exercícios físicos, seja na forma de halterofilismo, artes marciais ou qualquer outra coisa. Isso é fundamental para que fiquem preparados para lutar por aquilo em que acreditam. Sobre a formação espiritual, nós também incentivamos os nossos quadros a procurarem o melhor caminho espiritual para eles. Embora aceitemos ateus, motivamos nossos camaradas a procurarem alguma religião tradicional decente.

Como vocês encaram o ativismo? Com base em que vocês conduzem suas ações e campanhas? Qual é o objetivo principal que vocês querem alcançar cor o ativismo?

Como ativismo, praticamos panfletagem, filantropia, participamos de protestos e greves, treinamento físico coletivo, como também outras formas de propaganda. A base do nosso ativismo é pavimentada por certos princípios. Ele serve para manter os nossos camaradas motivados e próximos uns dos outros. Ele também serve para divulgar o nosso movimento, para mostrar às outras pessoas que ele existe no mundo real e, também, para entrar em contato com pessoas reais e mostrar para elas aquilo em que acreditamos e como podemos ajudá-las.

Qual é a atitude do movimento em relação às formas moderna de propaganda (quero dizer: redes sociais, música, grafites, contra-cultura, etc.) A Nova Resistência está ativa em tais campos? Ou vocês preferem não levar isso em consideração?

Somos completamente a favor das formas modernas de propaganda. Tudo o que pode ser útil para fazer com que nossas ideias alcancem um número maior de pessoas deve ser usado. Temos sido muitos ativos nas redes sociais e também em círculos contra-culturais. Mas pretendemos também captar alguns camaradas para formar uma banda e coisas do tipo.

A inesperada eleição de Donald Trump para presidente dos EUA foi, com certeza, um grande choque para a opinião pública internacional. Qual é a opinião de vocês acerca de Donald Trump? Vocês acham que sua eleição pode ser encarada como benéfica ou a atitude em relação a ele é rigorosa e crítica?

A única coisa que esperamos é que Trump possa trazer o colapso do sistema norte-americano atual. Ele, querendo ou não, é um agente de caos, que vai acentuar as contradições internas da sociedade americana. Isso já está acontecendo, com os ataques contra meios de comunicação, as incertezas na política externa, e os protestos em massa nas ruas. Tudo isso é positivo porque, mesmo admitindo que o elite globalista seja internacional, o complexo militar-industrial americano ainda é seu principal instrumento de repressão contra governos contra-hegemônicos.

O novo presidente nos EUA; a crise estrutural da União Europeia; a falência do Ocidente no Oriente Médio; a China em um patamar global cada vez maior: todas essas coisas criarão algum tipo de avanço nas relações políticas internacionais. Na opinião de vocês, como essa “Nova Ordem” deve ser encarada? Onde seu país e países circunvizinhos se situam nela?

Esse novo mundo será um mundo multipolar. E mesmo que ele emerja envolto de conflitos, será mais aberto para projetos políticos alternativos. O Brasil tem muito a ganhar com isso. Com o pseudo-império americano enfraquecendo, devemos tentar mobilizar nossos vizinhos para formar uma grande aliança continental em defesa dos nossas próprias interesses contra as corporações predatórias e potências estrangeiras imperialistas.

Como de costume por aqui, as últimas palavras pertencem a você:

O nosso trabalho está apenas começando. Vivemos tempos muito interessantes. Tudo está mudando rápido, nada é mais garantido. Tudo que foi dito sobre um “Fim da História” não passou de uma mentira e de uma fraude: o mundo não está destinado a ser algum tipo de democracia liberal perpétua, guiado para o infinito progresso material. As posições dos nossos inimigos são incertas nesse novo mundo. Portanto, é o momento de agir, com os olhos fixos no futuro, para que possamos, finalmente, dar-lhes o que eles merecem. Um belo cadafalso.
É isso, camarada. Grato pela atenção.

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Raphael Machado
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Um comentário

  1. Quando vocês falam sobre uma religião decente e em outro momento sobre algumas religiões incompatíveis com os ideais do movimento, estariam se referindo ao protestantismo(de forma geral), por conta de seu caráter individualista?

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