Mais um ano começou e novamente o trabalhador se depara com passagens mais caras no transporte público que ele usa para ir trabalhar. Os megaempresários da máfia dos transportes, tentando nos convencer de que estão à beira da fome, nos dizem que eles precisam desses aumentos e que eles são justos.
Será verdade? Tomemos como exemplo o caso do Rio de Janeiro:
Em 2004, o valor da passagem de ônibus no Rio de Janeiro era de sessenta centavos.
A inflação acumulada nos últimos catorze anos não ultrapassa 120%. Se o valor da passagem tivesse sido reajustado pela inflação, não estaria acima de R$ 1,40 hoje em dia.
Mas, segundo os principais jornais da cidade, ela seria reajustada nesse início de ano para R$ 4,10. Um aumento de quase 600% em relação a 2004. A prefeitura, percebendo a burrice que seria permitir esse aumento agora, porém, decidiu adiá-lo para junho. Mas o aumento é inevitável.
Em São Paulo, os preços atingiram os R$ 4,25, também muito acima da inflação se levarmos em conta preços de 15 anos atrás.
Boa parte desses aumentos têm sido concedidos sob a promessa de climatização de todos os ônibus e aumento da frota. Mas os ônibus não são climatizados e a frota não aumenta. O cidadão continua tendo que enfrentar horas em pé, diariamente, enquanto sua como um porco.
Tem gente, e do povão, que cai nessa asneira de que a solução pra os nossos problemas é a concessão de serviços pra iniciativa privada ou a privatização. Tem gente do povão que acha mesmo que empresas públicas devem ser geridas pela lógica privada, buscando o maior lucro possível.
Pior ainda: como é o caso de todos os serviços concedidos pelo Estado à iniciativa privada, eles só continuam funcionando com aporte de grana pública. O governo tem de subsidiar parte do valor da passagem, porque senão as empresas privadas dizem que ”não conseguem dar lucro”. É o roubo completo de recursos da sociedade por uma casta empresarial, e com ajuda de políticos associados a essa lógica ”privatista” perversa.
E tem gente que jura de pé junto que o Estado é ineficiente, que pra algo funcionar tem de ser entregue à maravilhosa gestão dos empresários, esses seres iluminados que fazem merda virar ouro. Esse pessoal tem de andar de ônibus no Rio pra cair de vez na realidade.
Empresas estatais não devem ser doadas pra que empresários parasitas enriqueçam com a estrutura construída pelos impostos dos brasileiros. Pela mesma razão, não podem ser administradas como se fossem privadas e não tivessem outro interesse, função ou propósito senão o de gerar lucro pra seus acionistas e gestores.
Se esses serviços são privatizados ou administrados como se fossem coisa privada e voltada para o lucro, ninguém consegue pagar a água, a luz, o transporte público, a saúde de todo dia, a educação socialmente exigida, a gasolina etc. Pra conseguirem sobreviver, as pessoas são obrigadas a roubar [gato de água, gato de luz, transportes alternativos etc.].
É todo um sistema pra engordar o bucho daqueles que mais têm. E quem não consegue acompanhar [90% da população], fica na beira da marginalidade, comendo farelos que caem da mesa da elite.
É contrário à cidadania, é injusto, é espoliação privatizar esses serviços ou geri-los por uma ótica ”privatista”. Esta postagem se aplica ao ônibus de todo dia, mas também aos demais transportes [barca, trem, metrô], e também aos preços geridos pela Petrobrás, pela CEDAE; e também à privatização estapafúrdia da Light, das operadoras de telefonia etc.
Faz-se necessário tirar o transporte público de mãos de empresários e acionistas oportunistas e colocá-lo nas mãos do povo. As empresas de ônibus têm que ser confiscadas e transformadas em cooperativas de trabalhadores. Assim, serão geridas pelo povo, para o povo.