Por que todos os influenciadores estão pressionando por uma migração para o Bluesky?
Desde a suspensão do X no Brasil a rede social Bluesky recebeu perto de 3 milhões de inscrições. De fato, nos dias que antecederam a suspensão, alguns dos principais influenciadores liberal-progressistas do X fizeram propaganda para uma debandada para o Bluesky.
Não é como se não existissem outras alternativas de redes sociais que operam pelo modelo de “microblogging”. Mas se em outras ocasiões se fez menção ao uso de alguns outros serviços, não dessa vez. Nada de Mastodon, Twister ou Koo (alguém lembra desse?), só havia propaganda para o Bluesky (e, em menor medida, o Threads).
Essa não é uma escolha inocente e as raízes do Bluesky demonstram claramente os interesses por trás dessa migração.
Para se chegar às conclusões mais razoáveis é necessário recordar como era o X pré-Musk.
O Twitter de Jack Dorsey ficou notório pelo seu colaboracionismo com as agências de inteligência dos EUA, com o Departamento de Estado dos EUA, com o Partido Democrata e com todos os setores comumente conhecidos como pertencentes ao “Deep State”.
É notória a história de como o Twitter dos anos anteriores a Musk atuou ativamente para censurar notícias envolvendo o laptop de Hunter Biden e também sobre o Twitter censurava duramente os questionamentos à narrativa hegemônica em relação à pandemia.
Nos TwitterFiles também ficou demonstrado como os funcionários do Twitter tinham uma relação excessivamente íntima com burocratas do governo dos EUA, que solicitavam diretamente, sem passar por qualquer trâmite jurídico, o bloqueio de perfis acusados de promover “fake news”.
Menos conhecida é a história de quando o Departamento de Estado, através da USAID, contatou Jack Dorsey para financiar o ZunZuneo, um Twitter cubano cuja finalidade seria desestabilizar Cuba através do fomento de narrativas e da engenharia algorítmica.
Além disso tudo, o Twitter também era um espaço no qual a verificação de perfil se dava por meio de negociatas entre funcionários da rede social e os influenciadores. Influenciadores “do sistema”, mesmo que fossem totalmente desconhecidos ou fossem insignificantes, não raro conseguiam verificar seus perfis e, com isso, se alavancarem. Muitos fizeram isso pagando milhares de dólares.
Nessa época é que foi criado o projeto Bluesky pelo próprio Jack Dorsey e pela equipe do velho Twitter.
A intenção do projeto era criar uma plataforma de redes sociais federadas (protocolo AT), em que o conteúdo de um perfil em uma rede social pudesse ser transferido para outras redes sociais que estivessem federadas.
Apesar de ter sido criado por Dorsey e a partir do Twitter, o Bluesky não manteve qualquer dependência em relação ao Twitter, de modo que não foi afetado pela aquisição de Musk. A empresa, que opera ainda pela lógica de start-up, foi financiada por uma seleção de personagens do Vale do Silício, incluindo gente que já trabalhou pra Oracle (empresa do bilionário Larry Ellison que fornece o software para muitos processos eleitorais eletrônicos, e que foi fundada pela CIA), além do próprio Jack Dorsey.
Na prática, se as intenções originais eram outras, a partir do momento em que Musk adquiriu o Twitter e modificou as relações que a rede social em questão tinha com o Deep State dos EUA (não houve ruptura, mas uma desestruturação das relações construídas anteriormente) o Bluesky passou a representar a possibilidade de reconstruir um Twitter controlado de forma plena pelas mesmas forças.
Nesse sentido, o Bluesky é uma bolha, um “espaço seguro” para a engenharia social liberal-progressista, onde qualquer dissenso, qualquer opinião que destoe do pensamento hegemônico politicamente correto é censurado, tal como ocorre nas redes do Meta.
A convocação para migrar para o Bluesky feita por influenciadores indignados com a perda da hegemonia que eles tinham no Twitter, era um chamado para que todo mundo voltasse a ficar em um “cercadinho” gerenciado por seus amigos.