8 teses para o Brasil no Mundo Multipolar

Brasil em primeiro lugar. Mas na prática, o Brasil não pode e não deve avançar sozinho.

1) Somos parte de um Grande Espaço (Grossraum) mais amplo (ibero-americano) e estamos ligados ao Heartland sul-americano. Neste sentido: é o Brasil liderando nossos vizinhos sul-americanos, mas também em sintonia e parceria com nossos irmãos mais ao norte, os mexicanos, cujo destino é conduzir a América Central e o Caribe.

2) Mas ainda assim o Brasil possui outras conexões que não podem ser ignoradas. O Brasil precisa fortalecer um vínculo especial, em todos os níveis, com Portugal. Afinal, não somos portugueses, mas somos fruto de um impulso heroico e desbravador do povo português (os Descobrimentos), de modo que Portugal constitui a nossa Europeidade.

3) Porém, somos uma Civilização que também possui outras raízes ultramarinas. O Brasil deve desenvolver relações africanas privilegiadas e de apoio mútuo com Angola, Moçambique e Cabo Verde, bem como com toda a Lusofonia não-europeia.

4) Novamente, o Brasil não se esgota aí. Somos parte dos BRICS, órgão que reúne, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O Brasil deve construir parceiras profundas com esses países com base em relações Ganha-Ganha, desenvolvendo também um intercâmbio intelectual, cultural, etc. Deveríamos conhecer e apreciar mais destas nações e povos, que são e serão nossos principais parceiros e aliados no futuro próximo.

5) Mais uma vez: os BRICS não bastam. No espírito do Meridionalismo do professor André Martin, o Brasil deve incrementar sua projeção ao longo das regiões meridionais do planeta. Do nosso próprio continente à Austrália, passando pela África como um todo. Podemos trabalhar tecnologia, infraestrutura e assim por diante. O Brasil deveria se projetar como mediador de conflitos na África e deveríamos ter o nosso próprio “Grupo Wagner” para apoiar aliados africanos contra grupos terroristas.

6) E se retornarmos à questões de identidade, devemos recordar que nossa Civilização conta com amplas comunidades espanholas, germânicas, italianas, nipônicas, russo-ucranianas, polonesas, entre outras. Assim, devemos fortalecer um diálogo mais incrementado com essas nações também.

8) Contudo, não basta. Porque o Brasil não deve se projetar apenas com base em identidade e interesse, mas também com base em um Ideal de um Mundo Multipolar, pluriversal, como fim em si mesmo. O Brasil deve ter como Ideal ser um espaço planetário no qual todos os povos (mesmo e especialmente os sem Estado) poderão florescer e cultivar sua própria identidade étnica, seu próprio Ser Coletivo, sendo absorvidos e assimilados em nossa Civilização, cujos contornos são imperiais (e, portanto, universais). Devemos apoiar os palestinos, os leste-ucranianos, os patriotas líbios e por aí vai.

Nessa linha, o Brasil deve apoiar todos os países, movimentos e forças (não hostis ao Brasil) que lutam pela multipolaridade e contra o globalismo, porque trata-se aqui de uma defesa de tudo que é belo, moral, bom, justo e verdadeiro. Um bem comum internacional, por assim dizer.

Brasil em primeiro lugar, mas com uma visão ampla, ousada, multipolar, verdadeiramente dissidente.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

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