É possível também aplicar a análise noológica duginiana – que busca distinguir tendências, padrões e linhas de força, categorizadas como apolíneas, dionisíacas e cibelinas – às formas de manifestação dos nacionalismos e dos patriotismos.
Um nacionalismo apolíneo é aquele que está sempre remetido e direcionado diretamente ao Alto, à dimensão transcendente, à Ideia. Sua forma política é o Império, que é sempre universal e que bem poderia ser chamada de ideocracia. Ele atua como força de atração, aglutinação e coesão, reunindo sob si e para si diferentes grupos étnicos, culturas, etc. Apesar de geralmente militarizado, ele fundamentalmente busca instituir um reinado filosófico-espiritual, inclusive com uma pedagogia que busca eticizar o povo.
Um nacionalismo dionisíaco é aquele voltado para a linha intermediária, para o reino dos fenômenos. Em geral, ele assume a forma de algum tipo de etnonacionalismo, estruturando-se como Estado-nação que persegue interesses de médio prazo de uma cultura e povo, esporadicamente em aliança com outras nações por interesses pragmáticos, mas sem grandes compromissos. Em geral, o povo é mobilizado de forma produtiva e criativa, mas sem objetivos de longo prazo ou preocupações elevadas.
Um nacionalismo cibelino é aquele voltado para baixo, para a pura imanência. Em geral, é um nacionalismo de multidões dissolvidas, geralmente reativo (ele é construído como “anti”). Sem conexão universal, aqui estão as tendências ao separatismo, ao chauvinismo e ao isolacionismo. A Pátria é vista meramente como onde se põe os pés, em um sentido puramente material, e a cultura se resume a estímulos sensoriais. O povo só existe como massa para procriar, consumir, trabalhar e ser anestesiada para permanecer dócil.
De um modo geral, o Brasil deve buscar uma boa sintonia entre elementos apolíneos e dionisíacos na construção de um patriotismo sadio, que saiba ser ao mesmo tempo pragmático, mas não perca de vista o projeto de construção de uma nova civilização – manifesta sob o símbolo da Nova Roma.