Em uma nova demonstração de arbitrariedade, censura e perseguição ideológica, os EUA derrubaram mais de 30 sites ligados ao governo iraniano, sob a justificativa audaciosa de servirem como ferramentas de desestabilização, desinformação e subversão da democracia americana.
Nessa terça-feira, dia 22 de junho, porta-vozes oficiais do governo iraniano anunciaram que 33 sites de agências e órgãos seus e 3 sites da milícia iraquiana xiita Kata’ib Hizballah, hospedados em domínios estadunidenses, foram invadidos, derrubados e tomados pelo FBI. A ação se deu menos de 1 semana após a eleição presidencial iraniana, que consagrou a vitória de Ebrahim Raisi, revolucionário bastante próximo ao Aiatolá Khamenei e à linha majoritária da República Islãmica do Irã.
Entre os sites derrubados está o famoso PressTV, uma das principais fontes de informação sobre o Oriente Médio para os que preferem consumir mídia alternativa e contra-hegemônica. Outros sites relevantes derrubados foram o da Al-Masirah, principal canal de TV dos houthis iemenitas (que, recordamos, é um povo que sofre uma brutal campanha militar genocida perpetrada pelos sauditas), o PalestineToday, que veicula a perspectiva do Hamas em relação à Questão Palestina e o LuaLuaTV, o canal dos opositores à tirania do Bahrein, cuja minoria xiita também tem sido vítima de limpezas étnicas e repressão ao longo dos últimos anos. Os sites invadidos passaram a exibir a seguinte mensagem:
Para tentar justificar a ação, o Departamento de Justiça dos EUA afirmou que os alvos eram ferramentas do governo iraniano, disfarçadas de canais de notícias e veículos de mídia, cujo objetivo era atacar os EUA com campanhas de desinformação e operações de influência para subverter os processos democráticos estadunidenses. São acusações razoavelmente irônicas, vindas de quem vêm. O governo dos EUA acrescentou ainda que estava “apenas” garantindo o cumprimento de sanções que já estavam postas, já que servidores americanos não deveriam estar hospedando sites ligados à Guarda Revolucionária do Irã, órgão governamental iraniano categorizado como “grupo terrorista” pela Casa Branca.
Apesar das tentativas de explicar a ação com jargões legalistas e democráticos, trata-se de uma óbvia ação de represália que equivale a piratismo ciberespacial, que como já dito vem no esteio da ascensão de um novo governo iraniano, mais harmônico e alinhado com o Espírito da Revolução de de 1979, e que já demonstrou não possuir o interesse de se dobrar ao Ocidente para limitar o desenvolvimento tecnológico iraniano no setor balístico e energético.
As mídias atingidas não foram inutilizadas, porém, já que possuíam domínios em outros países, e as que não possuíam já os adquiriram. Não obstante, podemos dizer que a ação de censura e perseguição empreendida pelo governo dos EUA contra veículos de notícia alternativos e contra-hegemônicos demonstra a importância de os países não alinhados ou pertencentes ao Eixo de Resistência construírem e controlarem suas próprias internets, sem depender de empresas sediadas nos EUA, na Grã-Bretanha ou em outros países atlantistas.