Por Novas
As narrativas políticas contemporâneas parecem convergir para o tema do desenvolvimento tecnológico e do virtualismo, enquanto os mais poderosos parecem estar preocupados com questões como a pandemia e colapsos civilizacionais… Que lições podemos tirar desse fenômeno? Quem ganha com o colapso do povo e da civilização? Mais importante, de que lado ficaremos?
Muita atenção é dada ao “Grande Reset”, que parece ser uma nova marca da NOM, ou tecnocracia totalitária baseada em um aprofundamento digital da vida humana, culminando no transumanismo, pelo menos para uma minoria privilegiada.
As medidas extremas contra o corona fazem sentido em um plano assim, pelo menos no Ocidente – embora mesmo sem um plano central, grandes atores estatais e corporativos podem ter percebido que tais medidas os beneficiam e merecem seu apoio.
No entanto, o que está delineado pode não ser a parte mais importante da estrutura necessária para compreender nosso dilema atual. Dmitry Orlov, um especialista brilhante em colapsos, recentemente nos mostrou duas grandes tendências ignoradas pela maioria.
A primeira tendência é a morte da financeirização, a ideia de que é possível deslocar o reino financeiro da economia física.
Junto com a financeirização morre o conceito da economia pós-industrial onde nações podem permanecer ricas sob algum tipo de acordo mútuo, sem produção tangível e apenas com troca de serviços.
De acordo com Orlov, o “virtual” e “digital” só está ali para nos distrair enquanto o mundo real colapsa ao nosso redor.
A única economia que importa é a economia real da mineração, produção energética, pesquisa e desenvolvimento científico, manufatura e projetos infraestruturais de larga escala, com gasto social suficiente par apoiar tudo.
Nações que possuem essas capacidades e as manejam como prioridade nacional estão passando a frente. Nações que investiram pesado na globalização, financeirização, pós-industrialismo e virtualização estão, na melhor das hipóteses, na água; a maioria deles está se afogando em dívidas.
A segunda tendência é que as últimas brasas do imperialismo ocidental finalmente foram apagadas. Tendo negligenciado a economia real e baseado seu poder na impressão de dólares, enquanto não mais possuindo um poder militar capaz de projetar poder, o império americano se encontra num impasse.
Em situações como essa, os imperialistas do capital geralmente iniciam guerras. Mas um ataque contra a China levaria a um conflito demorado que não poderia ser sustentado sem peças sobressalentes chinesas, e um ataque na Rússia levaria à aniquilação nuclear.
Enquanto falta aos EUA o poder para atacar Rússia ou China, Orlov acredita que os ricos pretendem, para continuar ricos, encolher a população por outros meios, e que a crise de Covid manufaturada e o “Grande Reset” devem ser interpretados como uma guerra contra o povo.
Eu acredito que a análise de Orlov faz muito sentido, e ver Bill Gates e Jeff Bezos investindo pesadamente em propriedades de terra é indicativo de que eles se preparam para um novo jogo com retorno tangível, enquanto os perdedores estão distraídos com sonhos virtuais.
Eu acredito que um colapso se aproxima dos EUA, e eventos recentes também apontam pesadamente para a guerra civil. Com o colapso americano, o colapso também ameaça o resto, o planeta conectado, onde o pico do petróleo demarca um limite para a atual direção de nossa sede por energia.
A Rússia é a civilização na melhor posição, como nação autossuficiente, menos dependente de importação, com todos os ingredientes para uma economia real, de recursos naturais a cientistas habilidosos, além da força espiritual e liderança competente.
A China é dependente de exportação e importação, o que a faz parecer muito mais frágil numa situação de desordem global e imprevisibilidade. A Europa está numa posição inicialmente ruim. Será necessário se desvencilhar do império anglófilo e restaurar as relações de amizade com a Rússia.
Conforme a complexidade tecnológica de nossas civilizações atuais são dependentes de combustível fóssil, parece que a tendência a longo prazo, embora o progresso ainda seja possível em certos setores, é de menor complexidade tecnológica, e não uma quarta revolução industrial.
Se sobrevivermos às transformações, um retorno de distâncias geográficas e multipolares é provável. O futuro dependerá de visão e vontade ativa. É a hora da decisão. Quais ideais merecem maior apoio? Quais líderes e redes atuais são mais próximos destas ideias?
Ainda sim, existe uma janela de oportunidade para criação de redes, que tem encolhido no último ano. Os sociopatas que lideram o desenvolvimento atual parecem ter uma habilidade para se encontrar e coordenar esforços. Eles agem, enquanto a maioria dos homens de bem meramente reagem.
Temporalmente, os meios tecnológicos dos ricos são grandes, e mesmo que seu plano não seja, eles têm um plano, o que supera não ter um.
Aqueles que analisam e se preparam para um colapso geralmente pensam em soluções de pequena escala, como produzir suas próprias batatas em comunidades orgânicas enquanto o resto do mundo rui. Eu penso que, nas circunstâncias atuais, visões políticas de larga escala e coordenação são necessários.
Chegou ao fim o tempo da vaidade, do marketing pessoal e originalidade forçada dos intelectuais individualistas e sedentos por atenção na economia capitalista. Se você pode liderar com uma visão, tome a frente, ou encontre um meio de contribuir com a visão dos mais dignos de seu apoio.
Fonte: Twitter
Tradução: Augusto Fleck