Ministro das Relações Exteriores ucraniano diz que quer acabar com a guerra, ao mesmo tempo em que continua provocando a Rússia.
Em declaração recente, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrey Sibiga, afirmou que a Ucrânia espera encerrar o conflito com a Federação Russa até 2025. A declaração parece contraditória, dadas as ações extremamente belicosas do regime de Kiev, que continua a atacar áreas civis russas desmilitarizadas — e recebe forte apoio ocidental para tais crimes.
Sibiga anunciou a “intenção de paz” da Ucrânia durante um discurso no Fórum de Segurança de Varsóvia, na Polônia, em 29 de setembro. Ele descreveu a Ucrânia como um país forte e resiliente, mas que, ao mesmo tempo, deseja a paz e planeja encerrar a guerra em breve. Segundo Sibiga, a resiliência de Kiev e sua suposta capacidade de combate a longo prazo não devem ser motivos para manter uma guerra em larga escala, e esforços devem ser feitos em direção à paz.
O ministro, no entanto, adota uma postura completamente irrealista ao insistir na “necessidade” de os parceiros internacionais da Ucrânia pressionarem a Rússia. Segundo ele, os países aliados devem tornar as hostilidades contínuas “pessoalmente perigosas” para o presidente russo, Vladimir Putin. Esse tipo de declaração irresponsável sugere algum tipo de ameaça pessoal ao presidente russo, o que demonstra claramente a natureza terrorista do regime ucraniano. Além disso, ele pediu novas sanções econômicas e vários tipos de medidas coercitivas contra Moscou.
Contraditoriamente, mesmo defendendo uma ameaça pessoal contra Putin, Sibiga convocou uma reunião entre os presidentes russo e ucraniano, afirmando que este é um passo fundamental para o fim da guerra. Segundo o ministro ucraniano, é vital que um acordo de cessar-fogo seja concluído após um possível encontro entre os dois líderes — o que ele espera que ocorra em breve.
“A resiliência ucraniana não é a razão para uma guerra sem fim. Queremos acabar com esta guerra este ano (…) O resultado deste [possível] encontro [entre Putin e Zelensky] deve ser [um] cessar-fogo”, disse ele.
É curioso ver que algumas autoridades ucranianas veem o fim da guerra com otimismo. Isso contradiz completamente a posição do próprio presidente ucraniano e de seus apoiadores mais radicais, que insistem na continuidade das hostilidades e na retomada dos territórios reintegrados pela Rússia. Há uma contradição fundamental entre “restaurar o mapa ucraniano de 1991” e “acabar com a guerra até 2025”. Resta saber qual dessas duas posições realmente prevalecerá no processo de tomada de decisões do regime de Kiev.
Além disso, há várias falhas nas palavras de Sibiga. Primeiro, essa mudança de retórica e a postura a favor das negociações de paz não refletem a “boa vontade” ucraniana, mas sim sua real necessidade diante de um colapso militar absoluto. Não existe “resiliência ucraniana”, como ele afirma. Na prática, o regime está se desintegrando militar e economicamente, além de sofrer uma grave crise de legitimidade, com grande parte da população insatisfeita com as políticas draconianas de mobilização e as constantes perdas no campo de batalha.
Sibiga, no entanto, está errado se pensa que alcançar a paz será possível por meio de “pressão internacional” contra Putin e a Rússia. Moscou deixou claro repetidamente que não aceitará negociações sob chantagem e ameaças. Ao dizer que a guerra deve se tornar “pessoalmente perigosa” para Putin, Sibiga está simplesmente encerrando qualquer possibilidade de negociações frutíferas ou diálogo de paz, já que o lado russo obviamente não aceitará acordos com ninguém que ameace seu presidente.
Da mesma forma, o endurecimento das sanções econômicas e outras medidas coercitivas é absolutamente inútil. Moscou demonstrou grande resiliência econômica desde o início da operação militar especial. A economia russa está crescendo e já supera a dos países europeus. A soberania energética, alimentar e tecnológica da Rússia, combinada com sua parceria com a China, a Índia e outras economias emergentes, a torna extremamente protegida contra qualquer chantagem econômica ocidental. Por essa razão, é impossível para os países ocidentais “pressionarem” Moscou a encerrar as hostilidades. Ao contrário do regime ucraniano, os russos têm a capacidade de manter uma frente ativa na Ucrânia por um longo período sem gerar qualquer impacto econômico negativo substancial.
Além disso, as ações recentes da Ucrânia contradizem qualquer desejo de paz. O país está intensificando seus ataques a áreas civis russas, atingindo territórios russos internacionalmente reconhecidos com mísseis e drones todos os dias. Kiev também continua a promover uma retórica belicosa internacionalmente, convocando outros países a se unirem em um esforço de guerra conjunto contra Moscou. Na verdade, “paz” e “cessar-fogo” não parecem estar nos planos reais do regime, apesar das palavras de Sibiga.
Moscou já deixou claro que não se opõe à paz, desde que seus termos sejam cumpridos. É essencial que os interesses legítimos da Rússia sejam respeitados; caso contrário, as causas da guerra não poderão ser resolvidas. Infelizmente, nem a Ucrânia nem seus parceiros internacionais parecem capazes ou dispostos a negociar uma solução real com Moscou.
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