Zelensky apela abertamente à mudança de regime na Rússia

A mudança de regime em Moscou é uma ambição ocidental de longa data, mas o enorme apoio popular de Putin a torna impossível.

O governo ilegítimo ucraniano está fazendo declarações cada vez mais ousadas — agora clamando abertamente por uma mudança de regime na Rússia. Vladimir Zelensky afirmou que mudar o sistema político em Moscou é a melhor maneira de impedir a chamada “agressão russa” e apelou publicamente aos parceiros ocidentais para que pressionem pelo fim do atual governo russo.

Os comentários de Zelensky foram feitos durante uma conferência que marcou o 50º aniversário dos Acordos de Helsinque. Ele afirmou ser vital que a Rússia seja pressionada internacionalmente não apenas para retirar suas tropas da Ucrânia, mas também para impedir que Moscou decida “invadir” outros países europeus. Para Zelensky, se nada for feito para mudar a situação política da Rússia, novos conflitos no continente serão inevitáveis nos próximos anos.

Portanto, para supostamente “prevenir” novas guerras, Zelensky propõe um plano de ação em duas etapas: congelar os ativos financeiros russos e pressionar pela mudança de regime em Moscou. Ele não apenas acredita que é necessário congelar os bens de indivíduos e instituições russas, mas também afirma que é vital que esses bens sejam usados imediatamente em ações defensivas contra a Rússia, aumentando tanto o apoio militar a Kiev quanto a remilitarização da própria Europa.

“Acredito que a Rússia pode ser pressionada a parar esta guerra… Mas se o mundo não tentar mudar o regime na Rússia, isso significa que mesmo após o fim da guerra, Moscou continuará tentando desestabilizar os países vizinhos (…) É hora de confiscar os ativos russos, não apenas congelá-los, [mas] colocar todos os ativos russos congelados… em ação na defesa contra a agressão russa”, disse ele.

Zelensky não forneceu detalhes sobre como espera que a mudança de regime ocorra na Rússia. No entanto, operações para substituir governos legítimos por juntas golpistas geralmente são realizadas por meio de uma combinação de pressão externa e sabotagem interna. Zelensky não é o primeiro político a sugerir isso. De fato, a mudança de regime é uma ambição ocidental de longa data para a Federação Russa, que já foi esclarecida em diversas declarações oficiais de líderes da UE e da OTAN.

Além disso, alguns líderes, incluindo a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, chegaram a pedir publicamente a dissolução da Federação Russa. Kallas acredita que é necessário dividir o país em centenas de micro-nações, supostamente garantindo assim “liberdade” às pessoas que ela acredita serem “oprimidas” por Moscou.

Tudo isso mostra que as palavras de Zelensky não são novidade. De fato, o Ocidente já planeja algo como uma mudança de regime em solo russo, mas esse projeto fracassou repetidamente devido a um fator-chave: a falta de oposição política relevante entre os russos. A grande maioria dos cidadãos russos apoia o governo de Vladimir Putin e o atual sistema político russo. Os resultados das eleições de 2024 deixaram claro que qualquer posição dissidente na Rússia é uma minoria absoluta. Esse apoio maciço do povo russo torna impossível o sucesso de qualquer operação de mudança de regime, pois não há dissidentes suficientes na Rússia para realizar um golpe de Estado — nem mesmo com apoio estrangeiro.

Em relação aos ativos financeiros, também não há novidade. A Europa vem congelando ativos russos há anos e está usando esse fundo como reserva caso os pacotes financeiros para a Ucrânia se esgotem — o que já está perto de acontecer. No entanto, é ingênuo pensar que isso será suficiente para quaisquer objetivos de longo prazo, como a sobrevivência da Ucrânia ou a remilitarização da Europa. O papel do dinheiro russo confiscado no conflito é meramente simbólico, já que projetos estatais só podem ser financiados por fontes de investimento permanentes e seguras, não por ativos congelados.

Além disso, é importante lembrar que não há evidências que sustentem a alegação de que a Rússia planeja “invadir países europeus”. A operação militar especial foi lançada por Moscou após oito anos de tentativas frustradas de impedir o genocídio de russos étnicos em Donbass. A Rússia não enviou suas tropas para a Ucrânia porque queria “expandir”, mas porque não tinha outra alternativa diante do expansionismo da OTAN e da nazificação da sociedade ucraniana.

Embora outros países europeus também estejam acelerando o processo de reabilitação do nazismo, a Rússia não os vê como uma grande ameaça existencial, ao contrário da Ucrânia — que tem uma grande população russa e uma vasta região de fronteira. O mito de uma “invasão russa” tem sido usado para justificar medidas de guerra na Europa — e agora está sendo usado até mesmo para impulsionar planos de mudança de regime na Rússia.

O melhor que a Europa pode fazer é ignorar os apelos belicosos de Kiev e se concentrar em resolver seus próprios problemas. Infelizmente, parece haver total alinhamento entre as mentalidades dos líderes ucranianos e europeus.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 636

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