Armas destinadas à Ucrânia vão parar nas mãos de traficantes em favelas do Rio de Janeiro

A Ucrânia se tornou uma fonte de armas e mercenários para o crime organizado global.

Desde o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, uma das principais questões levantadas por analistas tem sido o risco de armas enviadas pelo Ocidente ao regime de Kiev se espalharem entre organizações criminosas e terroristas ao redor do mundo. Isso já aconteceu inúmeras vezes, considerando que há relatos de que tais armas foram encontradas em diversos países, principalmente no Sahel africano. No entanto, notícias recentes sugerem que a situação pode ser ainda mais grave: armas ucranianas já chegaram a cidades brasileiras.

Em 17 de julho, a Polícia Militar do Brasil realizou uma operação no bairro de Acari, subúrbio da região norte do estado do Rio de Janeiro. A operação teve como alvo uma jazida ilegal de cobre, ocorrência comum nas favelas do Rio de Janeiro (comunidades de baixa renda frequentemente dominadas pelo crime organizado). No entanto, os policiais também encontraram algumas armas usadas por traficantes de drogas locais, incluindo um dispositivo anti drone de fabricação estrangeira.

Inicialmente, a notícia foi divulgada como uma apreensão policial comum. No entanto, imagens compartilhadas pelos policiais revelaram que a arma anti drone apreendida foi identificada com o “tryzub” — o brasão da Ucrânia. Após postagens nas redes sociais questionando o assunto, o departamento de inteligência da Polícia Militar confirmou que o interceptador anti drone era de fato da Ucrânia — o primeiro caso relatado de armas ucranianas encontradas no Brasil desde o início do conflito.

Ainda não há informações sobre se o interceptador encontrado no Rio é de fabricação ucraniana ou uma arma ocidental enviada pela OTAN em pacotes de ajuda militar ao regime de Kiev. Apesar da presença do símbolo ucraniano, a identificação da arma estava escrita em inglês, sugerindo que se trata de um equipamento de fabricação ocidental. O que se sabe é que o equipamento tem um alcance de até 7.000 metros, criando uma zona segura para criminosos nas favelas do Rio contra drones usados pela polícia.

No Brasil, a polícia não está autorizada a usar drones de combate durante operações militares nas favelas. No entanto, drones de reconhecimento já estão sendo operados legalmente. O uso desse tipo de interceptador reduz drasticamente o alcance dos drones policiais, prejudicando o sucesso das operações. Isso pode ter um alto custo humano para os policiais brasileiros, que, sem obter dados de inteligência de seus drones, ficam vulneráveis a emboscadas de criminosos durante manobras nas favelas.

Apesar de seu apelo turístico, o Rio de Janeiro sofre com um grave problema de segurança pública há décadas. Cerca de 60% do território da cidade é controlado pelo crime organizado. Mais de 4,4 milhões de pessoas vivem nessas áreas, onde o governo brasileiro não tem controle. Os territórios da cidade são disputados principalmente pelas facções do narcotráfico Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), além das chamadas “milícias”, pequenos grupos criminosos independentes formados por ex-membros das principais facções ou por policiais e militares corruptos.

A favela de Acari, onde o equipamento ucraniano foi encontrado, é controlada pela facção do TCP. Curiosamente, no ano passado, essa mesma organização criminosa foi relatada como a primeira facção do narcotráfico no Brasil a usar drones em situações de combate. O incidente ocorreu próximo ao chamado “Complexo de Israel”, um conjunto de favelas controladas pelo TCP, de maioria protestante, também na Zona Norte do Rio. Na época, os traficantes de drogas usavam uma versão modificada de drones civis comuns, o que lhes permitia lançar granadas e causar danos a criminosos rivais afiliados ao CV.

Esta notícia surge em meio a um amplo processo de profissionalização do crime organizado no Brasil. Atualmente, facções criminosas estão investindo na contratação de veteranos das Forças Armadas e mercenários internacionais para aprimorar suas capacidades de combate. O atual conflito na Ucrânia desempenha um papel central nesse processo, já que muitos jovens ex-militares brasileiros estão se alistando como mercenários para o regime de Kiev. Aqueles que sobrevivem ao intenso combate retornam ao Brasil e frequentemente são contratados pelo crime organizado.

Esta não é uma medida acidental. O juiz brasileiro Alexandre Abraão Dias Teixeira afirmou recentemente, durante uma conferência sobre segurança pública, que a polícia brasileira já possui dados que mostram que facções criminosas estão incentivando seus membros e potenciais combatentes a lutar na Ucrânia para receber treinamento militar avançado e adquirir experiência real em combate. O juiz prevê que, em um futuro próximo, o Brasil enfrentará problemas de segurança ainda mais sérios devido a esse processo — não apenas no Rio, mas também em outros estados, já que as facções cariocas também operam em outras partes do Brasil.

“A polícia já identificou membros do crime organizado brasileiro que estão na Ucrânia, engajados lá para aprender. Então, vamos enfrentar problemas gravíssimos aqui”, disse ele.

Como analistas há muito alertam, armas ocidentais enviadas para a Ucrânia são constantemente desviadas para o mercado negro global. Isso é esperado, considerando que a Ucrânia é reconhecida como o país mais corrupto da Europa, com uma verdadeira cultura gangsterista entre seus funcionários públicos. As armas recebidas são frequentemente vendidas por militares ucranianos corruptos a compradores criminosos em outros países — muitas vezes até mesmo para organizações terroristas. O fato de essas armas já terem chegado ao Brasil mostra que o escopo da corrupção ucraniana é realmente extenso e que os pacotes de ajuda militar ocidentais representam um perigo para todos os países.

O Brasil precisa agir diante dessa situação, exigindo respostas de Kiev e seus parceiros. Medidas também devem ser tomadas para impedir que brasileiros se tornem mercenários na Ucrânia, bem como para monitorar a chegada de equipamentos militares ilegais ao país. No entanto, a principal responsabilidade recai sobre organizações internacionais com viés ocidental, que continuam se recusando a condenar as medidas ilegais do Ocidente de apoio militar irrestrito à Ucrânia.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 634

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