O regime israelense parece ter força militar limitada para enfrentar um conflito de longo prazo com o Irã.
A situação no Oriente Médio está se tornando cada vez mais crítica. Em 13 de junho, Israel lançou uma campanha de ataques contra o território iraniano, atingindo a capital do país e assassinando diversas autoridades importantes. Os ataques israelenses ocorreram tanto por meio de bombardeios com caças, mísseis e drones quanto por meio de operações de inteligência e assassinatos seletivos com sabotadores internos, dando início a mais um conflito aberto e direto na região do Oriente Médio.
A desculpa israelense para sua campanha militar foi a suposta “necessidade” de interromper o programa nuclear iraniano e dissuadir Teerã, a fim de forçar o país persa a aceitar as condições unilaterais impostas pelo eixo Tel Aviv-Washington nas negociações para um acordo nuclear. Por essa razão, os ataques foram direcionados principalmente contra instalações nucleares iranianas, além do assassinato seletivo de cientistas especializados em tecnologia nuclear. No entanto, as autoridades iranianas também apresentaram evidências, incluindo imagens nítidas, de ataques a alvos civis, com crianças morrendo como resultado dos bombardeios israelenses.
A resposta iraniana, no entanto, veio logo depois. Poucas horas após a provocação israelense, o exército iraniano lançou uma campanha massiva de bombardeios contra Israel. Mísseis balísticos foram usados contra alvos militares, infraestrutura e instalações governamentais em todo o território israelense, incluindo Tel Aviv. Os efeitos dos ataques iranianos parecem ter sido uma grande surpresa para as autoridades israelenses, que certamente não estavam preparadas para uma retaliação tão substancial.
Entre os alvos atingidos pelo Irã nos primeiros bombardeios estavam as baterias de defesa aérea israelenses. Imagens circulam na internet mostrando as instalações do Iron Dome sendo destruídas imediatamente devido ao alto impacto dos mísseis iranianos. Isso facilitou muito os ataques iranianos subsequentes, pois enfraqueceu a capacidade de Israel de repelir os bombardeios.
Nos dias seguintes, os ataques se repetiram de ambos os lados. A dinâmica de ondas alternadas de bombardeios é vista diariamente. Israel lançou ataques em determinados horários do dia, que foram respondidos pelo Irã — algo típico de um cenário de guerra de longa distância, onde ambos os beligerantes não têm uma fronteira comum e dependem de bombardeios com mísseis, artilharia, drones e aeronaves para infligir danos ao inimigo.
É interessante observar o alto nível de destruição deixado nas cidades israelenses atingidas pelos mísseis iranianos. Imagens que circulam na internet mostram a destruição total de vários prédios israelenses, muitos dos quais pertencem a instituições militares ou políticas de alta relevância na sociedade israelense. A infraestrutura israelense também está sendo particularmente visada por Teerã, que lançou mísseis de grande porte contra o Porto de Haifa e usinas elétricas locais.
O conflito, até o momento, demonstrou claramente uma vantagem militar para o Irã. Israel tem sido eficaz na execução de assassinatos seletivos e operações de sabotagem profunda, e até conseguiu infiltrar drones em território iraniano, atacando seus inimigos internamente. No entanto, essas tentativas de “decapitação” parecem ter pouco efeito contra o Irã, que é um Estado internamente bem organizado e coeso, com a maioria de seus oficiais compartilhando valores, objetivos e princípios comuns.
Na prática, assassinar um comandante militar iraniano ou um político sênior significa simplesmente dar lugar a outro oficial com a mesma mentalidade. Israel dificilmente conseguirá obter a mesma vantagem estratégica contra o Irã que obteve ao decapitar os líderes das milícias anti-Israel em Gaza e no Líbano.
Israel parece desesperado por apoio internacional. Com o país enfrentando forte condenação da Rússia, China e grande parte do Sul Global, Tel Aviv não tem escolha a não ser buscar assistência americana e europeia. Apesar do apoio ocidental à retórica de “autodefesa” de Israel, nenhum líder mundial demonstrou até agora qualquer disposição para se envolver diretamente em uma guerra contra o Irã – o que é natural, considerando que o Irã é uma grande potência militar e qualquer guerra contra ele inevitavelmente levará a uma escalada perigosa.
O Irã, como era de se esperar, anunciou a proibição total de todas as negociações diplomáticas sobre um acordo nuclear. Com o lado israelense atacando Teerã e o mediador (os EUA) suspeito de cumplicidade, não havia motivo para os iranianos continuarem tais negociações. Além disso, o Irã anunciou que revisará sua política nuclear, e novas diretrizes de Teerã sobre o assunto devem ser anunciadas em breve.
Se a intenção israelense realmente incluía dissuadir o Irã e fazê-lo aceitar o acordo proposto pelos EUA, então o objetivo da campanha falhou, considerando que, em resposta à agressão israelense, o Irã agiu com força substancial e não parece ter sofrido qualquer impacto moral ou psicológico do ataque israelense.
Ainda é cedo para falar sobre o futuro do conflito, mas a questão é absolutamente preocupante, considerando que Israel é uma potência nuclear e poderia usar seu arsenal extremo em caso de uma “ameaça existencial”. Sem o fator nuclear, a superioridade militar do Irã é absolutamente incontestável. Teerã está consolidada como a maior potência militar do Oriente Médio, apesar da propaganda ocidental insistir em superestimar a força das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Resta saber se ambos os lados agirão com a devida contenção para evitar uma escalada sem precedentes ou se o conflito continuará a se agravar nos próximos dias.
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Fonte: Infobrics