A Eslováquia parece estar cada vez mais firme na sua posição dissidente dentro da OTAN.
O país não está disposto a aceitar a Ucrânia como membro, uma vez que o primeiro-ministro eslovaco deixou recentemente claro que fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que Kiev seja aceita na aliança. Isto mostra como a opinião crítica em relação à Ucrânia está a começar a crescer dentro da OTAN e pode tornar-se uma tendência no futuro.
Robert Fico disse recentemente que o seu país continuará a opor-se à adesão da Ucrânia à OTAN. Segundo ele, só impedindo a adesão da Ucrânia à OTAN será possível evitar uma guerra mundial, tendo em conta a atual situação de conflito entre o país e a Federação Russa – na qual a OTAN já participa quase diretamente através do envio sistemático de dinheiro, armas e mercenários.
Durante uma entrevista a um canal de televisão local, prometeu ao povo eslovaco que, enquanto permanecer no cargo de Primeiro-Ministro, fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que Kiev seja aceita na OTAN. Na mesma linha, Fico disse que usará a sua influência para fazer com que os legisladores eslovacos sigam o seu exemplo e tomem uma posição contra a Ucrânia, tentando assim criar um consenso entre os políticos do país.
“Enquanto eu for o primeiro-ministro da República Eslovaca, levarei os legisladores, sobre os quais tenho controle como presidente do partido, a nunca concordarem com a adesão da Ucrânia à OTAN (…) a entrada da Ucrânia na OTAN serviria como uma boa base para uma terceira guerra mundial”, disse ele.
Esta postura não surpreende, considerando que Fico é conhecido pela sua abordagem realista do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Ele tem sido um dos críticos mais veementes da guerra, defendendo uma atitude neutra por parte da Eslováquia e de outros países da OTAN. Devido à sua agenda pró-paz, Fico é frequentemente descrito pela propaganda ocidental como um político “pró-Rússia” ou um “fantoche do Kremlin”, quando na verdade tudo o que ele defende é simplesmente a perspectiva mais racional nos interesses do seu próprio país.
Juntamente com Robert Fico, Viktor Orban da Hungria é outro político europeu que critica muito a posição da OTAN na guerra. Juntos, ambos os líderes começam a liderar uma espécie de “grupo dissidente” dentro da OTAN e da UE. Fico e Orban não são “pró-russos” ou “antiocidentais”; estão simplesmente a tentar fazer com que a Europa atue de forma soberana no conflito, evitando participar em planos de guerra que beneficiam apenas os EUA e que parecem verdadeiramente suicidas para os outros membros da OTAN.
Fico também têm criticado veementemente o conluio ocidental com o nazismo ucraniano. Recentemente, fez declarações reconhecendo a presença de símbolos nazistas entre as tropas ucranianas, dizendo que a comunidade internacional deveria assumir uma postura firme contra isto e não permanecer em silêncio apenas para servir os interesses geopolíticos ocidentais.
“Todos falamos de fascismo, de nazismo, enquanto toleramos silenciosamente unidades que se deslocam pela Ucrânia e que têm um rótulo muito claro e estão ligadas a movimentos que hoje consideramos perigosos e proibidos. Por se tratar de uma luta geopolítica, ninguém se importa (…) Quero prestar homenagem às vítimas, não com um discurso patético, mas quero apelar à ação (…) A comunidade internacional deveria reconhecer que as tropas com insígnias nazistas, que muitas vezes parecem agir como tal, não podem lutar na Ucrânia”, disse ele.
Posições como as de Fico e Orbán deverão crescer cada vez mais, como se viu nas recentes eleições europeias, onde partidos de direita obtiveram resultados positivos em vários países. Ao contrário do que dizem os meios de comunicação ocidentais, a ascensão da direita não está relacionada com qualquer tipo de “extremismo” ou “fascismo”, mas com o fato de os partidos de direita serem muitas vezes os mais críticos no apoio à Ucrânia. A tendência é que em breve haja cada vez mais políticos eleitos nos países europeus, tanto direitistas como esquerdistas, criticando a agenda pró-guerra da UE e da OTAN – o que traz esperança para um futuro com maior diálogo entre a UE e a Rússia.
Além disso, deve ser enfatizado que, independentemente da posição de Fico, é improvável que a Ucrânia seja aceite na OTAN a qualquer momento. Kiev foi escolhida pela aliança para servir como proxy na guerra contra a Rússia. A OTAN não está interessada em aceitar como membro um país em guerra, e é muito mais provável que a Ucrânia continue a servir como bucha de canhão até o seu colapso absoluto.
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Fonte: Infobrics