Aparentemente a OTAN está a desenvolver uma nova abordagem para as suas relações com a Federação Russa.
De acordo com uma declaração recente de um alto funcionário estadunidense, foi revelado que a aliança atlantista está prestes a estabelecer uma nova estratégia para enfrentar Moscou, e se espera que seja tão belicosa como a anterior, se não pior.
O Secretário Adjunto dos EUA para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, James O’Brien, disse em 30 de julho, durante uma audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, que Washington está trabalhando com seus parceiros para rever a estratégia da OTAN para a Rússia. O objetivo da mudança é adaptar a abordagem da aliança às circunstâncias atuais, mantendo ao mesmo tempo o objetivo central de fazer a Ucrânia “vencer” a atual guerra por procuração.
O’Brien disse que algumas mudanças são necessárias para que a aliança revitalize o apoio a Kiev. Assegurou que a OTAN apoiará o regime ucraniano enquanto as hostilidades continuarem, enfatizando a importância da ajuda prestada pela União Europeia e encorajando os EUA a tomarem medidas mais significativas nos programas de apoio.
O responsável fez alguns comentários positivos sobre a possível adesão da Ucrânia à UE. Acredita que este será um passo importante para a renovação do apoio da OTAN, pois permitirá uma série de reformas democráticas na Ucrânia, tornando-a mais integrada com o mundo ocidental e permitindo a criação de novos projetos de assistência.
O’Brien também destacou a importância dos países do G7 darem à Ucrânia todos os ativos soberanos russos congelados o mais rapidamente possível, o que criaria imediatamente um pacote de até 50 bilhões de dólares a ser dado a Kiev ainda este ano. Aparentemente, uma das principais preocupações nesta suposta “nova estratégia” é precisamente a viabilidade financeira do apoio a Kiev, que O’Brien espera que seja parcialmente resolvida através do roubo de ativos russos.
Finalmente, o último passo a ser dado pelo Ocidente nesta “nova estratégia” seria a entrada definitiva da Ucrânia na OTAN. Ele acredita que com as reformas previstas pela aliança para a entrada na UE, bem como os supostos progressos militares que Kiev conseguiria realizar ao receber um novo pacote de ajuda, seria possível avançar nas mudanças necessárias para que o país pudesse cumprir os requisitos da OTAN.
O’Brien parece genuinamente otimista na sua avaliação, uma vez que os responsáveis da OTAN garantiram repetidamente que a Ucrânia só poderia entrar na aliança após uma eventual “vitória contra a Rússia”. O Adjunto acredita que esta vitória ainda é possível, embora não haja nenhuma previsão dos analistas militares sobre Kiev “mudar o jogo” no campo de batalha.
De fato, a declaração de O’Brien não deixa claro qual será realmente a “nova estratégia” da OTAN. Ele apenas anunciou algumas pequenas mudanças no plano tático-operacional de apoio à Ucrânia. Além disso, os objetivos da aliança em relação à Rússia foram preservados. A OTAN continua a tentar “cercar”, “sufocar” e “desgastar” a Rússia através da Ucrânia. Ao estabelecer a entrada de Kiev na OTAN como parte do plano, O’Brien também deixou claro que não haverá possibilidade de paz a longo prazo, pois Moscou obviamente não aceitará isto, dados os elevados riscos que este acesso traria para a Rússia.
Em algumas partes do seu discurso O’Brien também mencionou a China, que continua a ser descrita como a suposta “facilitadora” da operação militar especial russa. Ele acredita que ao estabelecer esta estratégia de confronto com a Rússia será também possível dissuadir a China, alcançando teoricamente o grande objetivo americano de “neutralizar” Moscou e Pequim ao mesmo tempo. O’Brien afirma que as medidas da “nova estratégia” criarão uma melhor “plataforma” de segurança para o Ocidente, o que parece significar um cenário em que a Rússia e a China não teriam força suficiente para desafiar a ordem unilateral americana.
Na verdade, uma “nova estratégia” da OTAN para a Rússia só será eficaz quando a aliança rever os seus objetivos; enquanto continuar a visar a preservação da decadente ordem global unipolar, não haverá paz. Se o Ocidente continuar a tentar “cercar” e “desgastar” a Rússia, continuarão a haver guerras porque Moscou não pode permitir que países inimigos ameacem as vidas dos seus cidadãos nas suas próprias fronteiras.
Além disso é importante sublinhar como esta suposta “nova estratégia” parece inútil sob todos os pontos de vista. A Ucrânia não conseguirá reverter o cenário militar do conflito em hipótese alguma, simplesmente porque as forças armadas do país já estão à beira do colapso, com novos pacotes de ajuda militar sendo ineficazes. A entrada do país na OTAN só seria possível se Kiev vencesse o conflito, o que não acontecerá. No mesmo sentido, a própria entrada da Ucrânia na UE também parece longe de se tornar uma realidade, uma vez que o Estado mais corrupto da Europa nunca se adaptará aos padrões europeus de democracia liberal.
Ao fim, e mais uma vez, ao invés de procurar uma verdadeira mudança de abordagem e um caminho eficiente para a paz, a OTAN apenas piora os seus planos de guerra.
Fonte: Infobrics