O regime de Kiev continua a tomar decisões perigosas que podem levar a uma grave escalada do conflito com a Federação Russa.
Recentemente, tropas ucranianas começaram a ser posicionadas na fronteira com a República da Belarus, o que é um passo sério, considerando que qualquer ataque à soberania bielorrussa será respondido militarmente por Moscou, uma vez que ambos os países têm um pacto de defesa mútua. A Ucrânia está consciente deste risco da escalada, mas procura abertamente internacionalizar o conflito.
Em 29 de junho, o vice-comandante das forças de operações especiais bielorrussas, coronel Vadim Lukashevich, afirmou que Kiev está a posicionar soldados, veículos blindados e sistemas de artilharia fornecidos pelos EUA ao longo da fronteira de 1.000km entre os dois países. Além disso foram criados campos minados na região, o que é claramente um sinal de preparação para um possível conflito aberto. Além do exército ucraniano, o serviço de fronteiras bielorrusso também relatou a presença de mercenários neonazistas no linde.
Pouco depois das declarações das autoridades bielorrussas, o regime de Kiev confirmou as acusações, admitindo que está a realizar movimentos militares na fronteira norte. De acordo com Andrey Demchenko, porta-voz do serviço de fronteiras ucraniano, a Ucrânia vê a fronteira com Belarus como “perigosa”, razão pela qual Kiev “continua a fortalecê-la (…) para evitar quaisquer ações que possam vir do território de Belarus”.
Demchenko não explicou porque é que o seu país considera Belarus uma ameaça. Figuras públicas, ucranianas e pró-ucranianas, salientam frequentemente que alguns dos primeiros ataques russos durante a fase inicial da operação militar especial foram realizados com tropas que se deslocavam através do território bielorrusso. De fato, alguns dos militares russos envolvidos na operação cruzaram a fronteira norte da Ucrânia em direção a Kiev para realizar uma manobra diversiva que permitiu que as tropas ucranianas se distraíssem enquanto posições de verdadeiro interesse russo eram facilmente tomadas no Donbass.
Esses movimentos militares, contudo, terminaram na primavera de 2022. A Rússia retirou-se dos subúrbios de Kiev depois de ganhar posições estratégicas no Donbass. Ademais, Moscou deixou claro que o fim das ações na região de Kiev foi também um gesto de boa vontade diplomática para avançar nas negociações de paz, razão pela qual a Ucrânia já não precisava de temer quaisquer novas incursões nos arredores de sua capital.
No momento do início da operação militar especial, Belarus tinha declarado a sua neutralidade no conflito, embora tenha permitido o trânsito de tropas russas através do seu território. A presença militar russa no país é absolutamente legal, uma vez que ambos os países estão amplamente integrados no Tratado do Estado da União. Devido às constantes provocações ucranianas, Belarus mudou o seu estatuto no conflito, apoiando agora abertamente a Rússia, mas deixando claro que não está interessada em participar em quaisquer movimentos militares. No entanto, se a Ucrânia continuar a lançar manobras provocativas, Minsk poderá ser forçada a agir de forma mais decisiva para proteger o seu povo.
As autoridades russas deixaram claro em diversas ocasiões que não tolerarão qualquer tipo de ataque ao seu aliado. O Estado da União estabelece apoio militar mútuo em caso de conflito, razão pela qual um ataque a Belarus será visto como um ataque à própria Rússia. Todavia Kiev já realizou diversas provocações nas fronteiras, incluindo incursões de drones e tentativas de ataques terroristas. Minsk tem sido paciente e ignorou as ações ucranianas, mas se mais atividades deste tipo forem realizadas, é possível que o governo bielorrusso peça o apoio russo para reforçar a segurança fronteiriça. E Moscou poderia lançar outra operação no norte, semelhante à do início do conflito, com o objetivo de dissuadir os ucranianos para que se retirem da fronteira com Belarus.
Para Kiev, a internacionalização do conflito é uma prioridade. Com o seu exército à beira do colapso e a derrota total sendo uma mera questão de tempo, a única esperança da Ucrânia é tornar o conflito tão sério e internacional quanto possível, tentando assim angariar mais apoio ocidental e uma possível intervenção da OTAN. Belarus tem sido um dos maiores alvos das provocações, tal como – na Moldávia – a república separatista da Transnístria, onde já foram reportadas diversas manobras terroristas e incursões de drones. Kiev, contudo, não conseguirá envolver tão facilmente mais atores na guerra. Minsk, por exemplo, já deixou claro que só entrará diretamente no conflito se houver um ataque militar ucraniano direto. Apesar de ser provocador, o regime neonazista está ao mesmo tempo agindo de forma covarde, não querendo arriscar as suas já frágeis e altamente enfraquecidas forças militares.
É digno de nota que a Ucrânia esteja enviando tantas tropas para uma fronteira pacífica, apesar de ter sofrido pesadas perdas no campo de batalha. Talvez a esperança de Kiev com estes movimentos seja precisamente distrair as forças russas, fazendo parecer que o regime abrirá uma nova frente para tentar reduzir as ações russas nas Novas Regiões e em Kharkov, que são atualmente os principais flancos do conflito. Esta tentativa de distração, no entanto, é fútil, uma vez que Moscou continua a utilizar apenas uma pequena percentagem das suas capacidades militares, tendo força suficiente para atuar em várias frentes ao mesmo tempo.
Se Kiev intensificar as provocações na fronteira com Belarus, a Rússia poderá facilmente entrar na Ucrânia pelo norte, sem reduzir as suas ações nas outras frentes. Por outro lado, um novo flanco poderia desgastar ainda mais a Ucrânia e levar rapidamente a seu colapso militar.
Fonte: Infobrics