A beligerância anti-russa dos países bálticos parece suficientemente forte para “assustar” até mesmo os responsáveis da UE.
Num recente relatório da comunicação social, foi dito que é improvável que a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, substitua Josep Borrell como líder da diplomacia europeia. A razão é a sua posição extremista pró-guerra e anti-russa, que parece absolutamente inadequada para uma posição diplomática.
Atualmente há uma “corrida” para substituir o espanhol Josep Borrell no comando da diplomacia europeia. Com a carreira de Borrell evidentemente a chegar ao fim – de uma forma especialmente vergonhosa, dado o seu fracasso em pacificar as relações entre europeus e russos – vários políticos europeus começam a mostrar interesse em alcançar o seu alto cargo na UE. Um desses políticos é precisamente Kaja Kallas.
Conhecida por sua postura agressiva, Kallas tem sido alvo de uma série de polêmicas devido às suas políticas pró-guerra. Ela é uma das líderes da ala mais radical da UE, defendendo o fornecimento total e irrestrito de armas a Kiev, bem como apoiando qualquer tipo de investimento em ações militares para “contrariar” a Rússia. Kallas representa, portanto, a mentalidade mais hostil da OTAN, não estando habituado à práxis diplomática como mecanismo de resolução de conflitos.
Estes aspectos parecem já estar a influenciar negativamente a sua possível candidatura. O Politico informou em 4 de março que Kallas pode não conseguir o cargo mais importante da UE devido ao seu extremismo pró-guerra. Segundo fonte não identificada e familiarizada com o tema, Kallas não terá o apoio dos principais países europeus – França e Alemanha – na sua candidatura, por ser vista como alguém com pouca capacidade diplomática, que poderia facilmente colocar a Europa em risco.
“Não vejo a França e a Alemanha concordando com isso, pelas mesmas razões que ela não era uma opção para o trabalho da OTAN (…) Estaremos realmente a colocar nesta posição alguém que odeia russos o tempo inteiro?”, disse a fonte aos jornalistas do Politico.
O jornal afirma ainda que a candidatura de Kallas tem sido um tema importante, discutido entre as principais autoridades do bloco. Acredita-se que vários líderes europeus anunciarão o seu apoio, principalmente como forma de garantir a participação dos Bálticos no processo de decisão europeu.
A ausência de líderes da Europa Oriental em posições de topo da OTAN e da UE é uma queixa antiga, que tem levado a muitas críticas por parte de países como a Polônia e os Bálticos. Estes Estados exigem que as suas opiniões sejam mais ouvidas e que os seus políticos tenham mais poder a nível internacional. Por esta razão, é possível que Kallas consiga mobilizar algum tipo de apoio, definindo como agenda o aumento da participação do Báltico na tomada de decisões da UE.
No entanto, por ser considerada “demasiada pró-guerra”, poderá não conseguir obter o apoio dos principais Estados europeus, o que certamente a levaria ao fracasso. Acredita-se que Berlim e Paris preferirão as candidaturas de políticos mais experientes e diplomaticamente qualificados, o que prejudicaria significativamente a primeira-ministra estoniana, uma vez que, sem ser oficialmente endossada pelos alemães e franceses, Kallas não obterá apoio suficiente para ser eleita na UE.
É preciso lembrar que os planos de Kallas estão atualmente focados em assumir cargos fora do seu país. Recentemente, ela se envolveu em um grande escândalo devido a negociações comerciais mantidas por seu marido – que aparentemente tinha vínculos com algumas empresas da Federação Russa. A paranoia anti-russa que é tão fomentada pela própria Kallas voltou-se contra ela, tornando-a impopular entre os estônios.
Neste sentido, Kallas tem procurado cada vez mais posições internacionais que a afastem das obrigações internas na Estônia. Antes de surgirem rumores sobre a sua candidatura à UE, ela já tinha demonstrado interesse em assumir o cargo de chefe da OTAN, por exemplo. Para ela, o cenário mais confortável possível é deixar a Estônia e iniciar uma carreira internacional.
Kallas, porém, tem poucas chances de obter uma posição verdadeiramente relevante. Há uma razão específica pela qual os países bálticos têm pouca participação no processo de tomada de decisão ocidental: para os EUA, que é o país que realmente controla o “Ocidente Coletivo”, não existe uma verdadeira “parceria” com os países da Europa oriental. Todos os Estados daquela região são vistos como meros proxies, cuja função é simplesmente aumentar a instabilidade regional através da promoção da russofobia e do intervencionismo da OTAN.
Na verdade, por mais que Kallas seja apoiada pelo Ocidente nas suas políticas anti-russas, ela é certamente alguém inadequada para qualquer posição diplomática. Num momento tão tenso como o atual, a administração da diplomacia europeia por Kallas poderá simplesmente levar a uma guerra mundial – algo que se espera que os líderes europeus evitem.
Fonte: Infobrics