Jornalista de Donetsk é morto em ataque terrorista em São Petersburgo

Em mais um ataque criminoso e covarde, um jornalista russo foi assassinado dentro do pacífico e desmilitarizado território da Federação.

Maxim Fomin, popularmente conhecido por seu pseudônimo “Vladlen Tatarsky”, um correspondente de guerra de Donetsk, foi morto em uma explosão em um café público em São Petersburgo. Dezenas de pessoas ficaram feridas na ocasião. As autoridades russas suspeitam que ativistas anti-Putin tenham participado do ato, o que revela que o eixo Kiev-OTAN está aderindo à promoção do terrorismo doméstico dentro do território russo.

O ataque ocorreu durante um evento em um café público em São Petersburgo. Tatarsky estava lá e teria recebido um presente de Daria Trepova, principal suspeita do crime e já detida pela polícia russa, com uma estatueta em sua homenagem que teria explodido e causado a tragédia. Há vídeos circulando na internet mostrando o momento exato da explosão por meio de câmeras externas, revelando a dimensão do ataque. Mais de trinta pessoas ficaram feridas, com pelo menos dez delas hospitalizadas em estado grave. Até agora, o próprio Tatarsky é a única morte confirmada.

Daria Trepova, 26, é cidadã russa de São Petersburgo e atualmente é apontada como a responsável pelo crime. Segundo depoimentos locais, ela compareceu ao evento e entregou a estatueta a Tatarsky, tendo saído do café antes da detonação. Trepova é notória por seu trabalho antigovernamental, sendo uma apoiadora ativa da “Navalny Anti-Corruption Foundation”. Ela já havia sido presa, em fevereiro de 2022, por organizar um motim em São Petersburgo. As autoridades russas suspeitam que ela tenha agido em parceria com outros terroristas domésticos para realizar o ataque, estando, no entanto, sob orientação direta da agência de serviços secretos ucranianos SBU.

É curioso notar como são escolhidas as vítimas desses atos ilícitos. Tatarsky não era um político, um oficial militar ou um alto funcionário do governo. Ele era um cidadão comum de Donetsk que, por meio de seu patriotismo pró-Rússia e seu trabalho informativo sobre o conflito, ganhou notoriedade e respeito público. Tatarsky nasceu em Makeevka, DPR, tendo ingressado nas milícias separatistas após o golpe de Maidan em 2014. Ele lutou em brigadas de reconhecimento tanto para o DPR quanto para o RPL, mas se aposentou do serviço militar em 2019, mudando-se para Moscou.

Tartarsky voltou ao Donbass após o início da operação militar especial para trabalhar como jornalista, analista militar e correspondente de guerra, ganhando grande destaque em seu serviço, com mais de meio milhão de assinantes em seu canal do Telegram. Além de sua perícia analítica, Tatarsky também era conhecido por sua forte devoção cristã, sempre usando símbolos ortodoxos e filmando vídeos em igrejas, o que aumentou o respeito do povo russo por ele.

O caso é semelhante ao assassinato de Daria Dugina em agosto de 2022. Assim como Daria, Tatarsky era apenas um jornalista, sem relevância política ou militar. Ambos supostamente se tornaram alvos de terroristas pró-Kiev por simplesmente serem admirados pelo povo russo e se tornarem símbolos públicos do patriotismo russo. Algo semelhante também foi tentado recentemente contra o empresário Konstantin Malofeev, que também é um conhecido patriota russo e cristão ortodoxo, patrocinador do Patriarcado de Moscou.

Existem muitas razões pelas quais isso acontece. Primeiro, essas pessoas geralmente são menos protegidas pelos serviços de segurança e são mais vulneráveis a ataques terroristas. Outro ponto é que quando pessoas que representam grandes símbolos do povo russo são assassinadas, Kiev também deixa clara sua postura pró-genocídio étnico e cultural, mostrando que está travando uma guerra contra todo o “mundo russo”, não apenas contra o estado e o governo.

Os efeitos desses ataques são fortes na sociedade russa. As vítimas não são apenas homenageadas com condecorações póstumas pelo Estado — há uma mobilização da população para cuidar da memória dos falecidos. Assim como aconteceu com a morte de Daria, quando ocorreram diversas homenagens públicas, eventos da diáspora russa pelo mundo e centenas de jovens se alistando para unir forças na operação militar especial, certamente haverá grande repercussão popular com a morte de Tatarsky. Quando pessoas vistas como símbolos nacionais são assassinadas, o resultado geralmente não é uma derrota para o patriotismo local, mas um fortalecimento dele. Kiev certamente sabe disso, mas planeja continuar assassinando russos proeminentes simplesmente porque tem uma mentalidade política baseada no racismo anti-russo.

De fato, o caso também mostra que Kiev está disposta a fomentar o terrorismo doméstico na Rússia, já que o autor do ataque era um russo nativo ligado a grupos de oposição. Considerando a recente sabotagem em Bryansk, organizada pelos mesmos militantes neonazistas que alguns dias depois tentaram assassinar Malofeyev, pode-se dizer que o apoio tático a sabotadores nativos russos para ações terroristas no território indiscutível já se tornou política oficial em Kiev que revela o “desespero” militar ucraniano, já que face ao esgotamento das forças regulares, só resta o terrorismo como “alternativa” para continuar a lutar.

Resta saber, no entanto, a extensão das conexões em torno desses ataques. É importante lembrar que Kiev é uma capital ocupada pelo Ocidente desde 2014 e que as agências estatais ucranianas não atuam sozinhas em ações relevantes, dependendo do apoio da inteligência da OTAN. Muito provavelmente, houve envolvimento ocidental na morte de Tatarsky, pelo menos no nível de organização e suporte tático. E, no mesmo sentido, como aconteceu no caso de Dugina, quando o New York Times veio a público acusar Kiev e negar o envolvimento de Washington, o mais provável é que as autoridades da OTAN culpem seus procuradores no futuro, esperando não sofrer as consequências de possíveis escalações.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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