A França foi tomada por protestos populares após um golpe político de Emmanuel Macron garantiu a aprovação de uma Reforma da Previdência que torna quase impossível se aposentar na França. Os nacionalistas revolucionários franceses da OSRE prepararam um comunicado sobre esse tema.
Qual é a base da legitimidade de um governo, se não sua capacidade de proteger os pequenos dos grandes?
E, inversamente, o que pode deslegitimar e descredibilizar um governo se não sua obstinação em querer sobrecarregar a classe trabalhadora, e não as finanças e os diversos evasores sociais e fiscais?
O governo da França é tão bom quanto seu líder: técnico, tacanho, sem outra ambição que a de preservar um orçamento equilibrado em nome do qual aqueles que não têm o privilégio de ter uma conta bancária nas Bahamas devem contribuir cada vez mais. A chantagem enganosa, segundo a qual nosso fundo previdenciário estaria em déficit se não fosse preenchido de agora em diante por novas contribuições, naturalmente não convenceu os franceses, que, se quisermos acreditar no IFOP, continuam em grande parte hostis à reforma. Eles não estão enganados: longe de visar salvar o sistema previdenciário por repartição, Macron, pelo contrário, quer claramente preparar a França para aceitar o princípio de previdência por capitalização, no estilo anglo-saxão. Muitos fundos de pensão já estão lambendo suas costeletas.
Em todo caso, será que a ambição de Macron é seduzir categorias sociais que o desprezam e os servidores do Grande Capital que constituem sua corte? Certamente que não. Ele se dirige aos burgueses e aos “boomers” que o elegeram e que votarão por seu substituto em 2027. Christopher Lasch já nos havia dado o nome deste fenômeno: é a “secessão das elites”. A traição de Macron é, de fato, um resultado lógico.
Mas hoje, o pequeno povo da França está furioso. Mais do que de costume. O sopro de indignação ainda não se transformou, porém, em uma torrente revolucionária. Os sindicatos, chafurdando em seus hábitos e compromissos, estão de olho. Não é em Berger ou Martínez que devemos ver a salvação dos franceses. Eles, como ontem com os Coletes Amarelos, como hoje, e certamente como amanhã novamente, desviam o ardor popular, que eles pretendem canalizar. Estes sindicatos, que não representam mais muita gente, não são mais, e talvez nunca tenham sido, os porta-vozes do povo da França.
Que esperança resta? A da rebelião. A rebelião contra um governo que foi rejeitado por todo um povo. Rebelião contra uma reforma que não é menos do que isso. Rebelião contra os verdadeiros beneficiários desta reforma, os barões das Finanças, especuladores vorazes cujos humores e caprichos fazem e quebram nações, e cujo mérito principal consiste em pagar a si mesmos os dividendos obtidos sobre os verdadeiros produtores, os autênticos criadores de riqueza.
A revolta popular, desde que as “elites” deste país nos traíram, é a única saída para os nossos problemas. Deixados a si mesmos, sozinhos diante da propaganda permanente massivamente financiada por seus inimigos, o povo só pode tirar força de seu sofrimento, o que por si só pode dar-lhes a força para retomar, autenticamente desta vez, o poder de uma burguesia, pequena ou grande, que a monopoliza há muito tempo.
A Revolução Francesa destruiu um regime já esburacado por vermes. A próxima terá que varrer os herdeiros daqueles que, à custa do sangue dos pequenos, se apoderaram de todas as alavancas do comando. A próxima revolução terá que aprender com as manipulações do passado para se livrar dos especuladores e seus agentes instalados no topo do Estado.
Cabe a nós, militantes de todos os horizontes, e quaisquer que sejam nossas tendências, comprometermo-nos sem ambiguidade com a oposição absoluta a esta reforma. Este será o primeiro passo no questionamento total do poder existente, ou seja, da aliança econômica, política, social e cultural das burguesias de esquerda e direita, enfim, do que chamamos de “Sistema” por conveniência.
Fonte: OSRE – Rébellion