Se o imperialismo indica a expansão da acumulação capitalista para além das fronteiras nacionais, o globalismo representa a superação capitalista do imperialismo.
Globalismo e Imperialismo não são sinônimos e um conceito não substitui o outro. Na verdade, ambos representam fases distintas no desenvolvimento do liberalismo e de sua expressão econômica, o capitalismo.
O imperialismo, visto de forma política e econômica, é a fase na qual o Estado-nação capitalista-monopolista tenta assumir o controle de entidades políticas menos desenvolvidas com o objetivo de ampliar o mercado para seus bens, facilitar o acesso a matérias-primas e recursos mais baratos e, fundamentalmente, exportar capital excedente.
Quando essa tentativa de apropriação é resistida ou disputada, ocorre uma guerra imperialista, ou o imperialismo promove um golpe de Estado.
Nem toda expansão territorial é “imperialismo”. Não existe imperialismo desatrelado do capitalismo. Imperialismo não é nem mesmo um designativo das ações de Estados Imperiais. Lênin, por exemplo, rechaçou a ideia de que o Império Russo fosse imperialista, já que nele não havia capitalismo desenvolvido no estágio monopolista.
Os termos de definição do imperialismo já apontam os motivos pelos quais o conceito não é plenamente atual, apesar de não poder ser descartado. Porque o imperialismo está atrelado ao Estado-nação, é o capital que cresce até alcançar status monopolista dentro de sua nação e precisa, por isso, se expandir, exportar a si mesmo para países menos desenvolvidos, com suporte militar se necessário.
O globalismo aponta para uma fase na qual os Estados-nações deixam de protagonizar a história mundial. O capital monopolista se torna transnacional, desvinculando-se de seus países de origem. Emergem megacorporações que não monopolizam um único setor, mas ramos inteiros da economia. Megacorporações que possuem seus próprios braços informacionais e de entretenimento, que possuem exércitos privados, com subsidiárias que controlam interesses na energia, na indústria alimentícia e na farmacêutica. Essas megacorporações são, não raro, mais poderosas do que inúmeras nações de pequeno ou médio porte juntas.
O Estado-nação, nesse estágio de acumulação, costuma ser mais um estorvo do que um parceiro. O Capital anônimo, difuso e transnacionalizado ainda lança mão dos aparatos militares, diplomáticos e de inteligência dos Estados-nações, mas vai minando suas forças aos poucos.
Essas megacorporações, em substituição aos Estados-nações, vão se atrelando e fortalecendo instituições globais, como a ONU, OMS, Unesco, Banco Mundial, bem como se vinculando a fóruns como o de Davos, o Bilderberg e outros.
A esse processo, quando o Capital se torna tão poderoso que começa a prescindir do Estado-nação, se dá o nome de globalismo. Globalismo é a superação capitalista do imperialismo.
Uma mentalidade imperialista clássica ainda pode ser vista na maioria dos países do Primeiro Mundo, precisamente naquelas forças políticas defensoras de um nacional-capitalismo clássico, mas essas forças não constituem a vanguarda dos Senhores do Mundo e, portanto, são menos subversivas do que a ala mais radical e vanguardista do capitalismo global.