O BRICS+ e o avanço do mundo multipolar

Um novo passo está sendo dado para a expansão dos BRICS. Irã e Argentina pediram nesta última semana de junho para se juntarem ao grupo de países emergentes atualmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Pequim e Moscou, extremamente afetadas pelas sanções internacionais, investiram recentemente na promoção do grupo como alternativa econômica ao Ocidente, o que despertou significativamente o interesse de outras nações em desenvolvimento por esse mercado crescente. De fato, essa expansão é um passo notável em direção à multipolaridade econômica.

Em 27 de junho, o Irã anunciou formalmente seu pedido de adesão ao BRICS. A medida ocorre após o país ter sido convidado a participar da 14ª cúpula do BRICS, que aconteceu em formato virtual na China, no dia 24. Além do Irã, participaram da cúpula vários países emergentes em condições semelhantes às do BRICS e que podem ter interesse em pedir adesão no futuro, como Argélia, Egito, Indonésia, Cazaquistão, Senegal, Uzbequistão, Camboja, Etiópia, Fiji, Malásia e Tailândia.

“A posição geográfica única do Irã e suas capacidades nas áreas de energia, trânsito e comércio fizeram com que os membros do BRICS dessem atenção especial ao Irã, como uma rota de ouro para conectar o Oriente ao Ocidente (…) Se o Irã e outros países poderosos se juntarem ao agrupamento, pode ser ainda mais forte e desafiar as políticas ocidentais”, afirmou a mídia estatal iraniana Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA) em uma publicação.

Em 2021, Teerã já havia sido aceito para participar da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), um dos mais importantes blocos de cooperação política e comercial do continente asiático e que inclui três dos cinco membros do BRICS, compartilhando com o grupo seus principais objetivos de integração entre as nações emergentes. Além disso, o país também está participando de alguns projetos da Iniciativa Cinturão e Rota da China, consolidando-se como parceiro da plataforma. Agora, com o pedido de adesão ao BRICS, é possível perceber o interesse do Irã em aprofundar uma estratégia de cooperação global entre nações em desenvolvimento.

Alguns dias antes, a Argentina também havia solicitado a adesão ao BRICS. O presidente argentino, Alberto Fernandez, afirmou que, ao ingressar no BRICS, seu país poderá contribuir ativamente para o progresso do grupo com seu potencial em setores como exportação de alimentos, biotecnologia, logística e inovação.

“Aspiramos ser um membro pleno deste grupo de nações que já representa 42% da população mundial e 24% do produto bruto global”, disse o líder durante a cúpula.

De fato, a Argentina está atualmente muito interessada no mercado dos BRICS. Por exemplo, Buenos Aires é um dos maiores parceiros da China no setor agroindustrial. O país sul-americano não apenas exporta grandes quantidades de soja para a produção de ração animal na China, mas também recebe empresas chinesas que produzem carne suína em território argentino, o que tem sido fundamental para o desenvolvimento da estratégia chinesa de avanço tecnológico e internacionalização de seu setor agroalimentar. Nesse sentido, a adesão ao BRICS seria uma consequência natural dos interesses econômicos da Argentina e um grande passo na internacionalização do país que possui a segunda maior economia da América do Sul.

Obviamente, as solicitações ainda precisam ser totalmente analisadas, discutidas, votadas e decididas, mas até o momento não houve nenhum sinal explícito de reprovação das convocações dos países membros do BRICS, o que indica que as propostas são realmente bem-vindas e tem grande potencial de aceitação. De fato, é de grande interesse para os países membros promover a expansão dos BRICS neste momento delicado do cenário internacional, quando o Ocidente intensifica suas medidas coercitivas contra a Rússia e a China, levando-os a buscar mercados alternativos no mundo em desenvolvimento.

Não apenas o Irã e a Argentina seriam parceiros interessantes, mas sua adesão poderia servir como um pano de fundo positivo para que mais países em desenvolvimento e potências regionais se candidatassem à entrada em um futuro próximo. A expansão dos BRICS em um momento de coerção por parte do Ocidente mostra que o projeto de um mundo multipolar avança. O grupo está cada vez mais deixando de ser um mero instrumento de multilateralismo econômico para representar uma força multipolar de cooperação. Assim, a tendência é que o grupo agregue cada vez mais países, mesmo que alguns deles tenham rivalidade ou atrito, pois está na agenda do BRICS estabelecer uma plataforma de cooperação entre nações centrada no não-intervencionismo político.

Acima de tudo, o interesse de países com economias emergentes em aderir ao BRICS serve como uma mensagem ao Ocidente dizendo que as tentativas de coagir e “cancelar” outras nações são táticas obsoletas e condenadas ao fracasso. Os estados emergentes deixam claro que estamos na era da cooperação internacional não ideológica.

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Nova Resistência

Organização nacional-revolucionária que, com base na Quarta Teoria Política, busca restaurar a dignidade imperial do povo brasileiro.

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