O Cazaquistão tem sido o país da ex-URSS mais publicamente alinhado com o projeto de integração eurasiática da Rússia e de Belarus. Não obstante, o fato do governo cazaque ter tentado jogar com eurasianistas e atlantistas pode explicar a revolução colorida que ocorre agora em Nur-Sultan.
No momento, o Cazaquistão é vítima de sua política multilateral pela qual procurou jogar com o Ocidente, assim como com a Rússia e a China. Qualquer tentativa de hegemonia de um destes polos sobre esta república foi bloqueada pela interferência do outro polo e é por isso que o eurasianismo de Nazarbayev foi sempre incoerente, embora no início parecesse muito promissor… Mas agora começou uma revolução colorida no Cazaquistão que segue à risca as instruções de Gene Sharp, um filósofo bastante apreciado em nossos Institutos de Filosofia. Naturalmente, os EUA e Biden estão tentando abrir uma nova frente contra a Rússia, desta vez na Ásia Central.
Moscou, no entanto, deve deixar de lado suas dúvidas. Todos aqueles que supostamente promoveram a elaboração de um “grande plano” ou “não intervenção” revelaram-se traidores ou imbecis. Agora está claro que perdemos nossa chance em 2014 e estamos pagando as consequências: começamos a colher os frutos de nossos erros.
Mesmo assim, as apostas foram levantadas: se ajudarmos Minsk ou Nur-Sultan a superar as crises pelas quais estão passando, então as elites desses países terão de aceitar nossas ofertas. Iremos salvá-los e protegê-los, mas teremos que impor nossas condições.
Os russos sempre foram um povo que faz gestos claros, simples e diretos. Este sempre foi e continuará sendo o caso no futuro próximo. Quanto mais atrasarmos a integração do espaço pós-soviético, pior será a situação. Chegou a hora de agir e o Cazaquistão terá que tomar uma decisão, o que implica em uma rejeição de sua política multilateral. E embora possa haver algum tipo de equilíbrio entre Moscou e Pequim, todas as relações com o Ocidente devem ser cortadas. As elites cazaques (e também as russas) pró-ocidentais terão que ser eliminadas para dar origem a uma nova ordem eurasiática.
Fonte: Geopolitica.ru