O jornalismo, em sua essência, possui compromisso com a verdade? Faz sentido falar em “fake news”? O filósofo russo, Aleksandr Dugin, comenta sobre qual é, de fato, a função do jornalismo e sua relação com a “verdade”.
A expressão “fake news” faz sentido? Falar em “fake news” (do inglês, notícias falsas) parece dar a entender que a “notícia”, ou seja, o objeto do jornalismo possui alguma conexão, vinculação ou compromisso com a “verdade”.
É realmente assim? Falar a “verdade” é da natureza do jornalismo?
Sobre esse tema tão atual, o filósofo russo Aleksandr Dugin se pronunciou recentemente em sua conta em uma rede social:
Por definição, uma notícia, enquanto tal, não pode ser verdadeira ou falsa. A “verdade” exige uma busca filosófica longa, profunda e árdua. Podemos, talvez, esperar algo vinculado à “verdade” em Platão ou Hegel. Mas é ridículo esperar o mesmo de um jornal. O jornalismo, e outras atividades e serviços correlacionados, foi feito para a in-formação, para a persuação, não para a verdade. Sua função é impôr uma doxa, produzir opinião.
Portanto, o problema das “fake news” está formulado da maneira errada desde o princípio. A própria expressão (tal como outra expressão “teoria da conspiração”) já vem embutida com manipulação e propaganda política. A notícia se torna verdadeira se você acreditar nela. Ela deixa de sê-lo se você não acreditar.